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Grávida pode tomar vitamina C? Veja perigos e benefícios

Alimentos ricos em vitamina C: veja se grávidas podem tomar - iStock
Alimentos ricos em vitamina C: veja se grávidas podem tomar Imagem: iStock

Carol Firmino

Colaboração para VivaBem

01/05/2023 04h00

Necessária para combater infecções, atuar na absorção do ferro e fortalecer o sistema imunológico, a vitamina C é uma grande aliada para o bom funcionamento do organismo.

Os seres humanos são incapazes de produzir a vitamina C por conta própria, por isso é importante consumir alimentos que a contenham em sua composição. Mas isso é válido em qualquer condição? Ou seja, grávida pode tomar vitamina C?

Grávida pode tomar vitamina C?

Durante a gravidez, a ingestão recomendada de vitamina C é de 85 mg diárias para mulheres com 18 anos ou mais. No caso de gestantes que fumam ou têm outras condições de saúde que possam prejudicar a absorção de vitamina C, podem ser indicadas doses mais elevadas.

É muito importante que a grávida converse com o médico que faz o acompanhamento pré-natal para obter orientações específicas sobre a quantidade ideal de consumo da vitamina C nesse período.

Benefícios para gestante que toma vitamina C

Um estudo publicado na Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil demonstrou que a suplementação de vitamina C em mulheres grávidas é importante, pois sua deficiência afeta a estrutura da placenta e facilita a infecção placentária. Com isso, é maior o risco de ruptura dessa membrana e partos prematuros.

Além disso, a suplementação pode ajudar a prevenir o desenvolvimento de complicações da gravidez como hipertensão gestacional, crescimento intrauterino e diabetes gestacional, problemas associados a altos níveis de estresse oxidativo.

Esse estresse oxidativo é resultado do desequilíbrio entre a geração de compostos oxidantes e a atuação dos sistemas de defesa antioxidante —situação na qual a vitamina C pode ser muito eficiente, justamente por sua função antioxidante.

Há riscos para grávidas ao consumirem vitamina C?

O consumo de vitamina C, quando feito por meio de suplementos, em doses moderadas, é seguro para mulheres grávidas, mas é indispensável ter orientação médica antes de iniciá-lo.

A ingestão excessiva pode causar diarreia, náusea, dor de cabeça, dor abdominal e outros efeitos colaterais. Doses muito elevadas podem aumentar ainda o risco de pedras nos rins e interferir na absorção de outros nutrientes, como ferro e zinco.

A melhor maneira de obter os nutrientes necessários para o organismo é realizando uma dieta saudável e equilibrada. No entanto, em alguns casos, a suplementação pode ser recomendada, a exemplo das grávidas fumantes, que têm deficiência de vitamina C ou ainda outras condições médicas que prejudicam a absorção de nutrientes.

Vitamina C em excesso pode prejudicar o bebê?

Não há evidências específicas sobre desfechos neonatais negativos que considerem o uso de vitamina C. Por outro lado, como o uso de doses elevadas pode causar diarreia, é possível que haja desidratação como consequência, o que pode ser ruim para o bebê.

Ainda como resultado do consumo excessivo, ele pode interferir na absorção de outros nutrientes importantes, como ferro e zinco, necessários para o crescimento e desenvolvimento fetal adequados.

Onde a vitamina C pode ser encontrada?

Ela está presente em vários alimentos, especialmente nas frutas e nos vegetais. As melhores fontes alimentares de vitamina C incluem:

  • acerola,
  • graviola,
  • caju,
  • laranjas e suco de laranja fresco,
  • kiwi,
  • morango,
  • mamão,
  • manga,
  • melão,
  • pimentões vermelho e verde,
  • brócolis,
  • couve-flor,
  • couve de Bruxelas,
  • espinafre,
  • tomate,
  • batata-doce
  • cereais.

Segundo os especialistas consultados, porém, é importante se atentar que o teor de vitamina C dos alimentos pode reduzir por causa do armazenamento prolongado e do cozimento, visto que o ácido ascórbico —base da vitamina C—, por ser solúvel em água, é destruído pelo calor.

Uma alternativa é, além de consumir tais alimentos frescos, cozinhá-los no vapor ou no micro-ondas, a fim de diminuir as perdas.

É comum que grávidas precisem fazer suplementações?

As necessidades nutricionais de cada mulher podem variar de acordo com sua idade, peso, altura, estado de saúde e outros fatores. Como a suplementação visa a reposição de nutrientes que estejam em deficiência, é esperado desfechos maternos e neonatais melhores e mais saudáveis.

Entre as principais necessidades nutricionais durante a gravidez estão ácido fólico, ferro, cálcio, vitamina D, vitamina B12, iodo e ômega-3. O ácido fólico é importante nos primeiros meses da gestação, pois ajuda a prevenir defeitos do tubo neural no feto.

Ácido fólico: é importante nos primeiros meses da gestação, pois ajuda a prevenir defeitos do tubo neural no feto. A dose recomendada é de 400 a 800 microgramas por dia, dependendo do histórico de gravidez anterior e da presença de condições médicas.

Ferro: é indicada para grávidas com anemia ou níveis baixos do nutriente no sangue. A dose recomendada é de 30 a 60 miligramas diários.

Cálcio: grávidas com ingestão inadequada de cálcio na dieta podem recorrer à suplementação. A dose recomendada é de 1.000 a 1.300 miligramas por dia.

Vitamina D: é indicada para grávidas com baixos níveis de vitamina D no sangue. A dose recomendada é de 600 a 800 unidades internacionais por dia.

Ácidos graxos ômega-3: importantes para o desenvolvimento do sistema nervoso e imunológico do feto. Eles também previnem complicações como parto prematuro e depressão pós-parto.

Suplementações não indicadas

Os especialistas alertam que suplementar qualquer vitamina ou mineral em excesso não é indicado. Os suplementos para emagrecer, os que contenham cafeína e antioxidantes em doses elevadas (como o selênio e a própria vitamina C) podem aumentar o risco de complicações durante a gravidez, assim como a vitamina E, que pode contribuir para o desenvolvimento de hipertensão na mãe e baixo peso no bebê.

Além disso, aqueles que incluam determinadas ervas medicinais podem aumentar o risco de aborto espontâneo ou parto prematuro, a exemplo da raiz de alcaçuz e da equinácea.

Fontes: Bruna Pitaluga, ginecologista e obstetra pela UnB (Universidade de Brasília), especialista em medicina funcional pelo Instituto de Medicina Funcional, nos Estados Unidos; Carla Iaconelli, ginecologista especialista em reprodução humana, mestre em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; Luiz De Campos, ginecologista e obstetra, médico do Instituto Nutrindo Ideais, graduado em medicina pela Universidade do Estado do Pará, pré-natalista de alto risco na Uremia (PA), atua ainda em cirurgia ginecológica e obstetrícia no Hospital D. Luiz I e Santa Casa de Misericórdia do Pará; e Michelle Ferreira, nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais, pós-graduada em nutrição funcional e esportiva, especialista em saúde da mulher e fertilidade.