Vive trocando os nomes das pessoas? Saiba por que isso ocorre
"Marina, Catarina, ops, Carina". Já teve seu nome trocado ou passou pelo constrangimento de ter se confundido e ter trocado o de alguém? Pois saiba que, em um estudo de 2016, cientistas da Universidade Duke (EUA) descobriram que essa é uma situação corriqueira, após analisarem cinco pesquisas diferentes, com quase 2 mil pessoas.
Segundo os cientistas, na primeira pesquisa, metade dos entrevistados teve seu nome trocado, independentemente da situação na qual se encontravam e do grau de afinidade com os interlocutores. Ocorre tanto quando se trata de desconhecidos como com quem se conhece pouco ou até se convive há décadas. Mas não tem a ver necessariamente com ser menos amado ou lembrado.
No que compete a indivíduos com os quais não se tem muito contato ou afinidade, a troca de nome acontece porque, em geral, pode ter faltado compreensão quanto à pronúncia ou falta de atenção. Agora, quando se trata de familiares e amigos, os motivos são variados, como ter muitos irmãos, primos, ou uma turma numerosa, com muitas afinidades comportamentais.
Gênero importa?
Sem se aprofundar, uma das cientistas de Duke afirmou que a troca de nomes é mais frequente entre mulheres mais velhas e mães. "Mas não dá para generalizar, a memória de todo mundo envelhece. Agora, as mães, como costumam viver atarefadas, podem se desconcentrar mais fácil", opina Júlio Barbosa, médico pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e neurocirurgião.
Barbosa acrescenta, em acordo com o estudo citado, que a confusão entre nomes ainda tem a ver com o fato de o cérebro armazenar e distribuir informações sobre pessoas do nosso dia a dia em diferentes "caixinhas" cognitivas que se interligam. "Nomes são representações de alguém e são recobrados com lembranças, emoções, sensações, eventualmente distorcidos", diz.
Por esse motivo, embaralham-se nomes de filhos, netos e, azaradamente, parceiros. Mas isso não é exclusividade de idosos e mulheres, tanto que em 2022 o jovem goleiro Kainan de Souza, do time Esperança, trocou em transmissão ao vivo o nome de sua namorada. O jogo havia acabado, ele foi fazer uma homenagem romântica, mas soltou Grazi, em vez de Jucielly.
Há indivíduos e sons parecidos
Distraído, numa situação que relembre outra e até sob tensão e emocionado, a aparência física de alguém também pode colaborar para uma atrapalhada com nomes, como aconteceu em 2008 com a até então candidata à Prefeitura de São Paulo Marta Suplicy. Em entrevista ao programa "Brasil Urgente", ela se embaraçou e chamou o jornalista Luiz Datena de Faustão.
Outra semelhança que interfere é a fonética, tanto em virtude de nomes que começam ou terminam de maneira parecida como que têm vogais similares. Para citar exemplos —e mais gafes—, em 2017 a apresentadora Ana Maria Braga trocou o nome da cantora Simaria, da ex-dupla com Simone, chamando-a de "Maraíra", e em 2021, o da cantora Malía, renomeada como "Marília".
Equívocos entre nomes foneticamente parecidos podem surgir independentemente de gênero, sendo possível substituir masculino por feminino, como "Marcos" por "Márcia", ou vice-versa. Entretanto, é mais fácil de acontecer com casais, pares. "Sobretudo quando um copia o padrão do outro, é automático", explica Paulo Camiz, geriatra e professor no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Às vezes, pode ser preocupante
Quando pensamos em nomes de objetos, comidas, cores, temos mais facilmente ideia do que são, ou representam, o que é muito diferente de só saber o nome de alguém, sem ter nenhum outro dado, pois nomes em si não carregam significados relacionados a aparência, peso, altura etc. —mais um motivo natural para trocá-los, principalmente durante telefonemas.
Igualmente, como já explicado, devido a erros cognitivos e envelhecimento, também estamos sujeitos a errar nomes de pessoas que fazem parte da nossa vida ou possuem alguma relação conosco, incluindo até mesmo os nossos animais de estimação —embora esses nomes sejam mais fáceis de serem recordados devido às nossas associações com lembranças emocionais.
"Por outro lado, esquecimentos muito frequentes são suspeitos e exigem investigação por parte de especialistas, bem como se esquecer muito de coisas rotineiras, sem o próprio sujeito notar, e que acabam limitando sua vida e até provocam mal-entendidos e acidentes", adverte Yuri Busin, doutor em neurociência do comportamento e psicólogo pela PUC-RS. Nesses casos, eles são sérios e podem advir de ansiedade, depressão, insônia e até Alzheimer.
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