Transmite doenças fatais? Morde? Veja mitos e verdades sobre baratas

Elas são trituradas acidentalmente em diversos alimentos, como no chocolate, sobrevivem a condições extremas, como com a cabeça decepada por alguns dias ou um mês sem comida e uma semana sem água, e por essas e outras verdades tão peculiares, confundem os humanos desde o primeiro encontro nojento, lá na Pré-História.

A seguir, acompanhe um tira-dúvidas sobre esses insetos que habitam a Terra há mais de 300 milhões de anos, somam milhares de espécies e vivem de meses a até quatro anos, as baratas:

Baratas mordem pessoas?

Sim. Como se não bastassem voar, correr, inclusive pelo teto e pelas paredes, e se enfiar e esconder em frestas, baratas (incluindo as de cozinha, conhecidas como germânicas) mordem pessoas. A força da mordida delas equivale a 50 vezes seu peso corporal. Portanto, é bastante dolorosa, podendo o machucado evoluir até para infecção e demandar o uso de antibióticos.

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Doença de barata pode matar?

Sim, pode. As que vivem em esgotos, ralos, tubulações, como a barata-americana (sendo que o número de espécies urbanas pode chegar a 20) transmitem doenças potencialmente perigosas para a saúde humana. São causadores de: furunculose (presença de furúnculos), febre tifoide, hanseníase, tuberculose, poliomielite, hepatite A, parasitoses, meningite, pneumonia, diarreia.

Barata só é atraída por comida?

Mito. Baratas procuram por comida, mas também locais quentes, úmidos e escuros, ideais para sua sobrevivência e reprodução. Tem mais. A alimentação delas é variada e não se restringe apenas a doces, migalhas, restos em louças sobre pia. Devoram qualquer coisa que encontram, como cola, papel, couro, fios de cabelo, pele, unhas, fezes, matéria orgânica em decomposição.

Barata entra em ouvido e nariz?

Verdade. Há vários casos médicos de baratas pequenas que penetraram pessoas, sobretudo dormindo. Pelo nariz, elas podem caminhar dentro do crânio, pelos canais da face, podendo o sujeito sentir até seu movimento. No ouvido, seu trajeto é mais limitado, mas, ainda assim, o canal auditivo pode ficar lesionado. Para retirar o inseto são utilizados aparelhos específicos.

Contra baratas, melhor inseticida?

Não, nem sempre. Usar com frequência inseticida pode aumentar a resistência das baratas, principalmente se estiverem produzindo filhotes, que terão mais chances, até porque os ovos não são eliminados. Fora o risco de usar inseticida com crianças e animais em casa. Portanto, é melhor apostar em faxina regular, desinsetização preventiva e aperfeiçoar a mira do chinelo.

Não há como detectar baratas?

Mito, dá sim. Na dúvida, se um local (principalmente desabitado e sujo há algum tempo) tem, ou não, baratas, fique atento a sinais, como bolotas pequenas e fininhas, acumuladas ou espalhadas perto, por cantos de rodapés e interior de armários e gavetas. Caso afirmativo, são fezes ou ovos de barata, que também produzem cheiro desagradável, parecido com o de mofo.

Barata apenas surge de noite?

Não. Apesar de baratas terem hábitos noturnos, pois é no escurecer que elas saem em busca de parceiros e alimentos, eventualmente, de dia, também podem aparecer. Isso é mais comum quando elas não conseguem comer à noite e de dia encontram dificuldade para se esconder e descansar. Se avistar mais de uma, possivelmente há muitas delas competindo por território.

Baratas exigem luvas e máscara?

Verdade. Ao mexer em um ninho delas e limpar sua sujeira, é necessário muito cuidado. Os equipamentos de proteção evitam o contato direto com produtos químicos e desinfetantes, (que devem ser aplicados até mesmo nos locais mais escondidos) e com odor, feromônios, pó de fezes e partes de baratas, que inalados podem inflamar os brônquios e desencadear asma.

Pets podem caçar e comer baratas?

Não. Colocar um gato ou cachorro de estimação para perseguir, matar e comer baratas é uma estratégia nada higiênica e arriscada. Como esses insetos são contaminados, podem causar sérios problemas gastrointestinais nos bichinhos, que também acabam colocando a saúde dos tutores em risco. Fora que o pet pode se intoxicar ao ingerir uma barata morta por inseticida.

Existe receita caseira antibarata?

Sim. Em caso de infestação (cada ovo, por exemplo, pode conter mais de 30 filhotes e, em um ano, haver 100 mil baratas), podem ser usadas como iscas bolinhas feitas de uma mistura de farinha de trigo, açúcar, queijo ralado, cebola e ácido bórico (consumidas, elas morrem em dois a três dias) e como repelentes: folhas de louro, alecrim e eucalipto; cascas de frutas cítricas; como laranja e limão; mistura de açúcar com bicarbonato em um pratinho; e óleo de lavanda.

Receita para combater baratas

Ingredientes

150 g de ácido bórico
1 kg de farinha de trigo
150 g de açúcar (refinado ou cristal)
100 g de queijo ralado
100 g de leite em pó
2 cebolas grandes
100 ml de água

Modo de fazer

No liquidificador, bata todos os ingredientes, menos o ácido e a farinha. Despeje a mistura numa bacia, acrescentando, enquanto mexe e usando luvas, o ácido, até ele dissolver. Depois, aos poucos, adicione a farinha, até formar uma massa, que deve ser mantida em saco plástico transparente e posteriormente em caixa de isopor para durar enquanto são feitas as bolinhas. Elas devem ser distribuídas, menos em áreas de fácil acesso e circulação, para evitar acidentes.

Fontes: Fiocruz; Neliton Silva, professor da Ufam (Universidade Federal do Amazonas); Vidal Haddad, dermatologista e professor da Faculdade de Medicina da Unesp (Universidade Estadual Paulista), de Botucatu; e Wilson Uieda, doutor em ecologia e professor do Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências da Unesp, autores de um estudo sobre baratas, publicado no periódico científico International Journal of Dermatology.