Veja 8 dicas do que fazer se antidepressivo estiver afetando sua libido
Se por um lado os antidepressivos são grandes aliados no tratamento de quadros como ansiedade e depressão, por outro lado, podem atrapalhar a vida sexual de algumas pessoas. Isso porque a medicação atua em neurotransmissores que potencialmente podem interferir na resposta sexual e nos hormônios.
Se você está sofrendo o impacto do medicamento na libido, a seguir, três psiquiatras dão dicas do que fazer:
1. Espere o corpo se acostumar ao uso do antidepressivo
Quando falamos de funcionamento sexual e esse tipo de medicação, o tempo deve ser considerado. Existe um período de adaptação do organismo, e é importante respeitá-lo antes de fazer qualquer intervenção.
Estudos mostram que entre 5% a 10% dos pacientes podem ter melhora das queixas sexuais secundárias ao antidepressivo após quatro a seis meses de uso contínuo.
No entanto, é preciso levar em consideração a tolerabilidade do indivíduo para aguardar o tempo necessário: enquanto para alguns é algo aceitável, para outros pode ser extremamente angustiante perceber que seu desejo sexual será afetado por um determinado período.
2. Considere trocar o antidepressivo
Ao identificar que a disfunção sexual está associada à medicação, uma das alternativas pode ser a troca do antidepressivo por um de outra classe —existem diversos tipos e eles agem de maneiras distintas nos neurotransmissores.
Alguns, como os inibidores seletivos de receptação de serotonina (ISRS) afetam mais a libido; outros, como a trazodona e vortioxetina, têm um menor efeito colateral nesse sentido e apresentam uma melhor resposta sexual.
Caso a troca seja considerada, ela deve ser orientada e prescrita pelo médico responsável pelo tratamento.
3. Mude o horário de uso do antidepressivo
Apesar de não apresentar evidência científica robusta, mudar o horário de uso do antidepressivo pode ser uma tentativa válida.
Nesses casos, deve-se planejar o melhor horário para ocorrer a relação sexual, de modo que o antidepressivo seja ingerido imediatamente antes do sexo ou logo após terminar o ato.
Essa estratégia se baseia na ideia de que o indivíduo estaria menos propenso a efeitos colaterais —incluindo a diminuição da libido- em momentos em que os níveis sanguíneos do medicamento estariam mais baixos. Essa tentativa pode funcionar para remédios com meia-vida curta, com duração entre 8h e 24h.
Uma outra possibilidade seria a suspensão de antidepressivos, também de meia-vida curta, por alguns dias a cada semana, entretanto esse método traz riscos, como desconfortos que ocorrem quando a medicação é interrompida bruscamente, e o agravamento do quadro psiquiátrico que vem sendo tratado.
Vale destacar que alguns remédios podem prejudicar o sono se a ingestão for à noite, e outras podem provocar sonolência quando tomadas no momento de atividade.
Lembrando que tudo deve ser orientado pelo médico responsável pelo tratamento.
4. Ajuste a dose do remédio
Diminuir a dose do antidepressivo tem uma boa evidência na melhora das disfunções sexuais, mas existe o risco de piora dos sintomas psiquiátricos.
Uma pista para avaliar se essa estratégia pode funcionar são os casos em que a pessoa iniciou o tratamento tomando doses menores e não tinha queixas de alteração sexual, mas passou a relatá-las após aumento da dose.
O ajuste do antidepressivo pode ser uma alternativa estudada por médico e paciente, em uma decisão bem compartilhada e orientada.
5. Associar com outras medicações pode aumentar a libido
Os resultados ainda são iniciais, mas algumas evidências científicas apontam que a associação do antidepressivo com o uso de outro antidepressivo, como a bupropiona, pode favorecer a função sexual das mulheres.
No caso dos homens, o uso do antidepressivo em conjunto com medicamentos que favorecem a vasodilatação na região genital, como a sildenafila, tadalafila, pode ajudar a melhorar a ereção, o orgasmo e a satisfação sexual.
6. Busque estímulos que favoreçam uma melhor resposta sexual
A espera passiva pelo surgimento do desejo nem sempre vai trazer o resultado que a pessoa espera. É preciso nutri-lo, buscar ativamente e se preparar para ele.
Sendo assim, explorar novas práticas sexuais, sentir outras formas de prazer, buscar o autoconhecimento e estímulos no próprio corpo, sozinho ou com a participação do parceiro, caprichar nas preliminares e utilizar acessórios eróticos são estratégias que podem ajudar a melhorar a libido.
7. Faça atividade física
A prática de exercício físico aumenta a disponibilidade dos neurotransmissores como serotonina, noradrenalina e dopamina. O exercício colabora com a neuroplasticidade (capacidade do sistema nervoso modificar sua estrutura e funcionamento) e traz benefícios como melhora da autoestima e autoconfiança, fornecendo a resistência que é necessária para o desempenho sexual.
Estudos recentes constataram que a prática de exercícios físicos imediatamente antes da atividade sexual favorece a resposta sexual por meio do aumento do fluxo sanguíneo na região pélvica.
8. Conversar com parceiro pode ajudar
Quem dialoga sobre a dificuldade sexual com o parceiro e conta com a sua compreensão costuma vivenciar o problema de forma mais amena e tem mais chances de alcançar soluções.
O acompanhamento psicoterapêutico, com abordagens como a terapia cognitivo-comportamental e a terapia de casal, é importante para entender os aspectos psicológicos que envolvem o funcionamento sexual, trazer novos significados e abrir possibilidades.
Fontes: Louise de Lemos Bremberger, psiquiatra colaboradora do ProSex (Programa de Estudos em Sexualidade) do IPq-HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), e membro do departamento de parafilias da ABEMSS (Associação Brasileira de Estudos em Medicina e Saúde Sexual); Ricardo Henrique Araújo, psiquiatra no Hospital Universitário Lauro Wanderley da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), coordenador da psiquiatria na Faculdade de Medicina Nova Esperança, e responsável técnico no Instituto VIVA - Mente e Cérebro; Marco Scanavino, responsável pelo Ambulatório de Impulso Sexual Excessivo e de Prevenção aos Desfechos Negativos Associados ao Comportamento Sexual do IPq-HCFMUSP e responsável pela linha de pesquisa em comportamento sexual do Programa de Pós-Graduação em Fisiopatologia Experimental da FMUSP.
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