Os 12 sintomas da covid longa, segundo estudo feito com 10 mil pessoas

Fadiga, falta de ar e disfunção cognitiva estão entre os mais de 200 sintomas que já foram associados à chamada covid longa, síndrome definida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como "a continuação ou desenvolvimento de novos sintomas três meses após a infecção inicial pelo Sars-CoV-2", vírus causador da covid-19.

Agora, um novo estudo, conduzido nos Estados Unidos, identificou os 12 sintomas que mais diferenciam pessoas com e sem a condição (veja a lista abaixo). Os resultados da pesquisa, que contou com quase 10 mil participantes e foi financiada pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, em inglês), foram publicados na revista científica JAMA.

12 sintomas

A investigação começou a recrutar participantes em 2021. Os pesquisadores examinaram dados de 9.764 adultos, incluindo 8.646 que tinham covid-19 e 1.118 que não tinham a doença.

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Foram avaliados 37 sintomas em várias partes e órgãos do corpo. Ao aplicar análises estatísticas, os autores identificaram os sintomas que mais diferenciam aqueles com e sem a covid longa. Veja a seguir:

• Perda de olfato ou paladar;
• Mal-estar pós-esforço físico;
• Tosse crônica;
• Névoa cerebral (problemas para pensar e se concentrar);
• Sede;
• Palpitações cardíacas;
• Dor no peito;
• Fadiga;
• Tontura;
• Sintomas gastrointestinais;
• Problemas com desejo ou capacidade sexual; e
• Movimentos anormais (incluindo tremores, movimentos lentos, rigidez ou movimentos espasmódicos súbitos, não intencionais e incontroláveis).

Além disso, a pesquisa descobriu que a síndrome pós-covid era mais comum e grave em três grupos de pessoas: participantes que foram infectados antes da emergência da variante Ômicron, em novembro de 2021; pessoas não vacinadas; e indivíduos que foram infectados com a covid mais de uma vez.

O estudo foi coordenado pela iniciativa Researching Covid to Enhance Recovery (Recover) do NIH, um esforço nacional dedicado a entender por que algumas pessoas ficam com sequelas após a covid-19.

Lista não deve ser usada isoladamente para diagnosticar pacientes

Covid ou outra doença? Com base nos sintomas relatados pelos pacientes, os pesquisadores também desenvolveram um algoritmo simples para gerar um sistema de pontuação e identificar qual era a probabilidade de um sintoma ser um sinal verdadeiro da covid longa ou estar relacionado à outra condição.

Perda de paladar e olfato, por exemplo, que é incomum em pessoas que não tiveram covid, recebeu nota máxima (oito), enquanto tontura e fadiga receberam um ponto cada, pois também são comuns em outras condições, assim como problemas com desejo ou capacidade sexual e sintomas gastrointestinais.

Mas a pontuação não deve ser utilizada de maneira isolada para fazer o diagnóstico de pacientes, dizem os pesquisadores. Isso porque uma pessoa com covid longa pode obter qualquer pontuação ou ter outros sintomas não incluídos na lista.

O objetivo, segundo eles, é que o sistema sirva como uma ferramenta de pesquisa para ajudar médicos e cientistas a definir a síndrome e investigar possíveis tratamentos.

Embora a avaliação desenvolvida neste estudo seja uma importante ferramenta de pesquisa e um passo inicial para diagnosticar e monitorar pacientes com covid longa, reconhecemos suas limitações. (...) Todos os pacientes que sofrem da condição merecem atenção e respeito da área médica, bem como cuidados e tratamentos orientados por suas experiências. À medida que os tratamentos são administrados, será importante considerar o perfil completo dos sintomas. David C. Goff, diretor da Divisão de Ciência Cardiovascular no Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue, parte do NIH, em comunicado.

O que faz com que algumas pessoas desenvolvam a condição ainda permanece um mistério para a ciência. Seus impactos na qualidade de vida, no entanto, são significativos e estão pressionando serviços de saúde Brasil afora.

Em estudos futuros, os pesquisadores dizem que é importante analisar as relações entre a covid longa e fatores como idade, sexo, raça e etnia, além de determinantes sociais de saúde, estado vacinal e comorbidades.