SP volta a ter mortes por febre amarela: vacina é melhor forma de prevenção
Depois de um hiato de três anos sem registro de febre amarela, o governo de São Paulo confirmou quatro ocorrências da doença em 2023, com duas mortes. Os casos aconteceram no interior paulista.
Para o médico infectologista Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), a volta da doença pode estar relacionada à queda da imunização durante a pandemia do coronavírus. Em 2022, por exemplo, a cobertura vacinal contra a febre amarela foi de 64%.
"Há bastante tempo existe uma vacina, que é bastante efetiva, de apenas uma dose e que protege durante toda a vida. O problema é que, nos dias atuais, devido a ondas anti-vacina e de fake news, pessoas deixaram se vacinar. Aí, infelizmente, acontecem óbitos por doenças completamente imunopreveníveis, como é o caso da febre amarela", disse Naime Barbosa em entrevista ao VivaBem.
A boa notícia é que a taxa de vacinação melhorou em 2023: de janeiro a março, a cobertura vacinal para a doença ficou em 82%. A Secretaria Estadual de Saúde lembra que a vacinação contra a doença faz parte do calendário de imunização e está disponível gratuitamente em todos os postos de saúde.
O que é febre amarela?
A febre amarela é uma doença causada por um vírus. Ele é transmitido por mosquitos silvestres, que vivem principalmente na copa de árvores localizadas em matas e florestas e não habitam as grandes cidades. No seu ciclo urbano, a febre amarela tem como vetor o Aedes aegypti, conhecido por transmitir também a dengue.
"A doença pode ser fatal e afeta principalmente o fígado", explicou Naime Barbosa.
Principais sintomas:
- Febre súbita
- Calafrios
- Dor de cabeça
- Dor no corpo
- Náuseas
- Vômitos
- Fraqueza
Como se prevenir da febre amarela
Segundo o infectologista Alexandre Naime Barbosa, a vacinação é a forma mais efetiva de se proteger da febre amarela e tem eficácia superior a 99%.
"Um detalhe é que não somente as pessoas que frequentam áreas de mata, florestas ou zonas rurais devem tomar a vacina. Devemos nos lembrar que, nos anos de 2018 e 2019, o vírus da febre amarela chegou a grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro", alerta o vice-presidente da SBI.
Qual o tratamento?
Naime Barbosa diz que não existe uma medicação específica contra o vírus da febre amarela —por exemplo, um remédio antiviral que seja capaz de "combater diretamente" o micro-organismo e reverter o quadro do paciente.
No tratamento, o que é feito é aplicar medidas de suporte, para aliviar os sintomas e complicações clínicas (como a desidratação e a dor no corpo, por exemplo).
"Em situações mais graves, é necessário internação na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), com transfusão para repor o sangue, além de dar uma série de medicações que são chamadas de fatores de coagulação, porque o fígado deixa de funcionar de forma adequada, o que é um quadro muito grave", explicou o infectologista.
O médico lembra que no último surto da doença em São Paulo foi realizado pela primeira vez na história mundial um tratamento radical e que teve um certo êxito, que foi o transplante de fígado para pacientes infectados com o vírus da febre amarela.
"Veja que é uma medida extremamente complicada para uma doença na qual temos uma medida preventiva fácil e barata, que é vacina."
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