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Anti-inflamatórios: veja os tipos, para que serve e efeitos colaterais

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Samantha Cerquetani

Colaboração para VivaBem

01/06/2023 04h00

É provável que você já tenha usado algum tipo de anti-inflamatório para combater a dor. Mas, além disso, o medicamento é eficaz para tratar a inflamação decorrente de doenças que comprometem órgãos e podem causar mortes, sem o tratamento adequado.

Vale destacar que a inflamação é um processo em que o sistema de defesa do corpo tenta proteger o organismo contra infecções, elementos estranhos ou uma agressão externa. Mas também ocorre quando há um problema no sistema imunológico, que passa a atuar contra os próprios tecidos e órgãos.

Existem três grupos principais de medicamentos anti-inflamatórios disponíveis, que incluem:

  • AINEs (anti-inflamatórios não esteroides)
  • Corticosteroides
  • Inibidores da COX-2 (cicloxigenase)

Estes medicamentos podem ser prescritos por médicos de diversas especialidades. Geralmente, são encontrados facilmente em farmácias em várias apresentações: comprimidos, cápsulas, suspensão oral, injetável, gel tópico e efervescentes.

A seguir, veja detalhes de como funcionam no organismo e em quais casos são indicados.

Os anti-inflamatórios não esteroides

Os anti-inflamatórios não esteroides ou não esteroidais, conhecidos como AINEs ou anti-inflamatórios não hormonais, são medicamentos que ajudam a reduzir a inflamação e dores leves e moderadas, além da febre.

Funcionam inibindo a produção de uma substância chamada prostaglandina, que é responsável por causar inflamação no corpo. Os AINEs bloqueiam a ação de uma enzima chamada COX (cicloxigenase), que produz a prostaglandina. Isso ajuda a aliviar os sintomas da inflamação, como dores e inchaços. Fernanda Ostrovski, farmacêutica e coordenadora do curso de farmácia da PUC-PR

Sendo assim, os AINEs são indicados para o tratamento para alívio sintomático ou controle de doenças crônicas.

Entre as condições indicadas estão:

  • Artrite
  • Lesões musculares
  • Dores de cabeça e enxaquecas
  • Cólicas menstruais
  • Contusões, distensão muscular ou entorses
  • Estomatite e gengivite
  • Dor de dente

Entre os AINEs mais conhecidos e usados podemos citar:

  • Ibuprofeno (Advil e Motrin);
  • Naproxeno (Naprosyn e Aleve);
  • Diclofenaco (Voltaren e Cataflam);
  • Aspirina ou ácido acetilsalicílico (AAS);
  • Celecoxibe (Celebra)

Há ainda os inibidores da COX-2, que agem inibindo seletivamente a COX-2 —uma enzima que produz substâncias que causam inflamação. Porém, ao mesmo tempo, protege a mucosa do estômago e minimiza os efeitos colaterais que costumam ocorrer com outros tipos de AINEs.

Entre os inibidores da COX-2 mais usados estão:

  • Celecoxibe (Celebra)
  • Etoricoxibe (Arcoxia)

Os corticosteroides

Cartela de remédios, medicamentos, cápsulas - iStock - iStock
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Conhecidos também como corticoides ou cortisona, são medicamentos sintéticos usados para reduzir a inflamação. Eles são feitos em laboratório e se assemelham a hormônios produzidos pelas glândulas supra-renais, que possuem ação anti-inflamatória.

"Os corticosteroides sintéticos, usados como medicamentos, imitam a ação dos hormônios corticosteroides naturais. Portanto, bloqueiam a produção de substâncias químicas inflamatórias, como as citocinas. Isso reduz os sintomas da inflamação, como a vermelhidão, a dor e o inchaço", explica Ostrovski.

De forma geral, os corticosteroides são indicados para tratar inflamações mais graves e sistêmicas, como as associadas às doenças autoimunes. É o caso da artrite reumatoide, lúpus e doença inflamatória intestinal. Além disso, aliviam sintomas de alergias, asma e outras condições inflamatórias.

Entre os corticosteroides mais conhecidos e usados podemos citar:

  • Prednisona (Predsim, Meticorten)
  • Dexametasona (Decadron)
  • Hidrocortisona (Solu-Cortef e Hidrocortisona Sódica)
  • Metilprednisolona (Depo-Medrol)

De acordo com Maria Fernanda Barros Brandão, farmacêutica do CRF-BA (Conselho Regional de Farmácia da Bahia), os corticosteroides produzem seu efeito por meio de múltiplas vias.

"Em geral, apresentam efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores. Também metabolizam proteínas e carboidratos. Além de atuar no sistema nervoso central e nas células sanguíneas", destaca.

Efeitos colaterais dos anti-inflamatórios

Os efeitos colaterais dos anti-inflamatórios variam de acordo com o tipo, tempo de uso e quantidade.

Os especialistas reforçam que os anti-inflamatórios corticoides devem ser usados por curtos períodos, pois podem interagir com outros medicamentos e também devido aos seus efeitos colaterais.

"É comum que ocorra aumento de peso, náusea e insônia. Os efeitos adversos dos corticosteroides parecem estar relacionados tanto com a dose média quanto com a duração cumulativa", complementa Brandão.

Veja abaixo detalhes dos efeitos adversos dos anti-inflamatórios.

AINEs:

  • Problemas de estômago, como úlceras e sangramento gástrico
  • Problemas renais, como insuficiência renal aguda ou crônica
  • Problemas cardiovasculares, como ataques cardíacos e AVCs

Corticosteroides:

  • Retenção de líquidos e inchaços
  • Infecções
  • Osteoporose e fraturas ósseas
  • Diabetes e hipertensão arterial
  • Distúrbios gastrointestinais e dermatológicos
  • Catarata e glaucoma

Cuidado com a automedicação

Quem opta por usar um anti-inflamatório sem consultar um médico aumenta o risco de ter efeitos colaterais e complicações graves. Isso porque as doses inadequadas ou uso prolongado além do recomendado comprometem o organismo de forma geral.

Entre os riscos da automedicação de anti-inflamatórios destacam-se:

Interferência com outros medicamentos.

Agravamento de doenças, pois a automedicação tende a mascarar sintomas de problemas de saúde. Essa atitude leva a um atraso no diagnóstico e impede tratamento adequado.

Aumento do risco de sangramentos em pessoas com problemas de coagulação.

Problemas renais e cardiovasculares —principalmente em pessoas com histórico médico de doenças que afetam os órgãos.

Contraindicações

Seguem abaixo as principais contraindicações de uso, de acordo com o tipo de anti-inflamatório:

Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs)

  • Histórico de reações alérgicas a AINEs
  • Úlcera péptica ou sangramento gastrointestinal
  • Insuficiência renal ou hepática grave
  • Asma brônquica
  • Gravidez e lactação
  • Crianças menores de 12 anos

Corticosteroides

  • Infecções sistêmicas (como tuberculose, herpes-zóster ou infecções fúngicas)
  • Imunossupressão
  • Gravidez e lactação
  • Diabetes mellitus descompensado
  • Glaucoma
  • Hipertensão arterial grave
  • Úlcera péptica ou sangramento gastrointestinal

Idosos, grávidas, crianças e o uso de anti-inflamatórios

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É muito importante que as crianças, idosos e gestantes se consultem com um especialista para saber sobre os riscos e formas de uso dos anti-inflamatórios.

Veja abaixo detalhes sobre os riscos para cada grupo específico.

Crianças

A segurança e eficácia desses medicamentos em crianças ainda não foram totalmente estabelecidas.

Elas podem ter um risco aumentado de efeitos colaterais, como danos renais e gastrointestinais.

O uso em crianças deve ser monitorado de perto pelo médico, em doses baixas e pelo menor tempo possível.

Idosos

Esta faixa etária é mais suscetível a efeitos colaterais, como sangramento gastrointestinal, insuficiência renal e cardíaca e hipertensão arterial.

Já no caso do uso de corticosteroides, há o risco aumentado de osteoporose, hipertensão arterial, diabetes mellitus e imunossupressão.

Portanto, o uso de corticosteroides em idosos deve ser feito com cautela, em doses mais baixas e sob acompanhamento médico adequado.

Gestantes e lactantes

De forma geral, o uso de anti-inflamatórios durante a gravidez e no período de amamentação deve ser evitado e usados apenas com recomendação médica.

Isso porque há o risco de causar complicações para a mãe e o feto, que está se desenvolvendo ou passar para o bebê por meio do leite materno.

No entanto, em algumas situações, como em casos de artrite reumatoide, pode ser necessário o uso do medicamento.

Álcool corta o efeito dos anti-inflamatórios?

Não. No entanto, não devemos ingerir álcool durante o tratamento com anti-inflamatórios, pois essa atitude aumenta o risco de efeitos colaterais gastrointestinais, como úlceras e hemorragias.

Além disso, o uso excessivo de álcool prejudica a função hepática e provoca problemas no órgão.

O uso prolongado de anti-inflamatórios é prejudicial?

Sim. O risco de uso prolongado destes medicamentos aumenta o risco dos efeitos adversos anteriormente citados. Principalmente os AINEs e corticosteroides.

É preciso avaliar o risco e o benefício do uso contínuo. Nesses casos, é recomendado acompanhamento médico com exames laboratoriais periódicos para monitorar hemograma, função renal e hepática. Além disso, é necessário mensurar a pressão arterial regularmente. Caso ela aumente, deve ser descontinuado o uso do medicamento. Levi Jales Neto, reumatologista do Hospital São Camilo (SP)

No entanto, a diminuição rápida ou a retirada abrupta dos corticosteroides pode causar problemas.

"A redução deve ser gradual, com objetivo de prevenir o risco de recorrência da atividade da doença de base ou aparecimento dos sintomas da deficiência de cortisol. Inicialmente, é indicado a redução gradativa de 10% a 20% da dose", explica Brandão.

Interação com outros medicamentos

É fundamental falar para o médico quais são os medicamentos usados para evitar interações entre os fármacos e aumentar os riscos à saúde.

O uso de AINEs e inibidores seletivos da COX-2 com anticoagulantes aumenta o risco de sangramentos, já que afetam a coagulação sanguínea.

Além disso, quando ingerido com diuréticos, aumentam o risco de toxicidade renal.

Também podem interferir na eficácia dos medicamentos para pressão arterial.

Já os corticosteroides costumam afetar a eficácia dos medicamentos para diabetes, aumentando os níveis de açúcar no sangue.

E também há o risco de toxicidade hepática quando usados simultaneamente com alguns medicamentos para epilepsia.