Remédio para depressão: veja os tipos e em quais casos são indicados
De acordo com levantamento da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, realizada pelo IBGE, cerca de 10,2 milhões de pessoas com 18 anos ou mais de idade receberam diagnóstico de depressão nos 12 meses anteriores à análise.
Mas, entre o período pré-pandemia e o primeiro trimestre de 2022, o diagnóstico de depressão cresceu 40% no país, segundo o levantamento Covitel, realizado pela Vital Strategies, organização global de saúde pública, e pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas).
Os sintomas e as causas do quadro depressivo podem variar. Enquanto alguns pacientes ficam mais apáticos, outros se tornam melancólicos ou ansiosos. Existe ainda a depressão secundária causada por medicamentos usados pelo paciente ou uma doença física que ele tenha.
Depressão pode ser tratada
Qualquer médico pode fazer o diagnóstico da depressão e prescrever o tratamento ou ainda encaminhar o paciente para um psiquiatra, que avaliará os sintomas a fim de definir o plano de tratamento do paciente, indicando o medicamento mais apropriado para o tipo de quadro depressivo que ele apresenta.
Os antidepressivos têm venda controlada no Brasil, podendo ser adquiridos somente com receita médica na qual uma via fica retida e outra se mantém com o paciente. É importante reforçar que esses medicamentos não causam dependência e o paciente pode ter a remissão da doença após certo tempo de tratamento.
Além das medicações, geralmente, o paciente também é orientado a fazer sessões de psicoterapia, para poder lidar melhor com as emoções e com os possíveis gatilhos que o levam a ter alguma crise depressiva, além de melhorar a alimentação e adotar um estilo de vida ativo.
Remédios para depressão: o que tomar?
De acordo com o número de sintomas e da intensidade desses sinais, o médico buscará identificar qual ou quais neurotransmissores estão sendo mais afetados para definir a classe e o tipo de medicamento a ser prescrito. Exemplos:
O quadro depressivo que apresenta ansiedade e irritabilidade sugere a escolha de um medicamento que atue na serotonina.
Se houver dor física e fadiga, a preferência é por aqueles que agem na noradrenalina.
Já se o paciente apresenta falta de motivação e de prazer, além de dificuldade de concentração, o tratamento é sugestivo para aumentar a dopamina.
E para aqueles que apresentam um risco de suicídio muito grande, avaliamos o uso de medicamentos bem recentes, como a escetamina, usada via spray nasal, que tem ação mais rápida para a pessoa sair do quadro
Quais os principais tipos de remédios antidepressivos?
Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs)
Em geral, são fármacos indicados para os quadros em que o paciente se torna mais triste ou sofre com ansiedade e episódios de irritabilidade.
Entre eles estão:
- Citalopram (Procimax®, Nypram®, Maxapran®, Città®, Cipramil®, Alcytam®)
- Fluoxetina (Prozac®, Daforin®, Fluxene®, Verotina®, Psiquial®, Depress®)
- Paroxetina (Paxtrat®, Aropax®, Moratus®, Sincro XR®, Paxil CR®, Zyparox®, Pondera®, Praxetina®)
- Sertralina (Tolrest®, Assert®, Serenata®, Zoloft®, Dieloft)
- Escitalopram (Lexapro®, Reconter®, Exodus®)
- Fluvoxamina (Revoc®, Luvox®)
- Vilazodona (Viibryd®)
Inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN)
São medicamentos mais recentes, geralmente indicados para quadros em que o paciente fica mais melancólico ou apresenta dor e fadiga associada.
Entre eles estão:
- Desvenlafaxina (Desve®, Elifore®, Deller®, Desduo®, Andes®, Desventag®, Imipra®), Milnaciprano (IXEL®),
- Duloxetina (Velija®, Dual®, Deprasil®, Cymbalta®, Abretia®, Dulorgran®, Cymbi®, Neulox®)
- Venlafaxina (Venlift®, Alenthus XR®, Venlaxin®, Efexor®, Novidat®, Vensate®, Venforin®)
Inibidores da monoamina oxidase (IMAOs)
Classe de medicamento que age na enzima em questão, que atua degradando os neurotransmissores serotonina e noradrenalina. No entanto, é uma opção usada nos quadros depressivos que se mostram resistentes aos medicamentos mais convencionais de inibição da recaptação da serotonina e noradrenalina citados acima.
Justamente por inibir a enzima monoamina oxidase, esse medicamento exige uma dieta específica para não gerar uma crise hipertensiva nos pacientes. Entre as restrições alimentares dos pacientes estão o consumo de queijos curados e maturados, chope, vinho tinto e branco, casca de banana, favas, carnes, peixes e aves estocados de forma imprópria ou estragados, chucrute, molho de soja (shoyu) e outros condimentos à base de soja.
Entre eles estão:
- Isocarboxazida (Marplan®)
- Fenelzina (Nardil®)
- Tranilcipromina (Parnate®)
- Moclobemida (Aurorix®, Manerix®)
- Selegilina (Jumexil®, Niar®, Parkexin®)
Antidepressivos atípicos
São medicamentos variados, que não se enquadram como antidepressivos clássicos, agindo de diferentes maneiras para estimular a liberação de neurotransmissores específicos ou até imitando a ação deles.
Entre eles estão:
- Mirtazapina (Menelat®, Remeron®, Razapina®, Rafiza®)
- Maprotilina (Ludiomil®)
- Nefazodona
- Milnaciprana (Ixel®, Dalcipran®, Toledomin®, Savella®)
- Trazodona (Donaren®)
- Bupropiona (Bup XL®, Bupium XL®, Zetron XL®, Wellbutrin XL®, Bupogran®, Zyban®, Buene®)
- Vortioxetina (Vurtuoso®, Brintellix®)
Antagonistas de receptores de glutamato do tipo NMDA
Liberado pela Anvisa para ser comercializado no Brasil no final de 2020, é uma formulação intranasal de escetamina (Spravato®), que atua nos níveis do neurotransmissor glutamato.
Portanto, quando o tratamento focado na serotonina e na dopamina não é efetivo e a depressão se mostra resistente ou com ideação suicida, essa classe de medicamentos acaba sendo uma opção.
Antidepressivos Tricíclicos (ADT)
Mais antigos, da década de 50, são indicados para depressões mais graves e resistentes aos demais medicamentos por serem potentes. No entanto, acabam gerando mais efeitos colaterais (arritmia cardíaca, sonolência, confusão mental, intestino preso, ganho de peso).
Entre eles estão:
- Imipramina (Imipra®)
- Desipramina
- Amitriptilina (Amytril®, Tryptanol®)
- Nortriptilina (Pamelor®)
- Clomipramina (Clo®, Anafranil-SR®)
Dicas que contribuem para o tratamento da depressão
Realize medidas que diminuam o processo inflamatório e contribuam para melhorar o funcionamento do cérebro e dos neurotransmissores:
- Pratique exercícios físicos
- Siga uma dieta saudável
- Cuide da saúde do intestino
- Pratique meditação e atividades prazerosas
- Faça sessões de psicoterapia
- Melhore a qualidade de sono
- Cuidado com os fármacos
- Mantenha as relações pessoais
- Aposte na estimulação magnética transcraniana
O que não funciona para a depressão
- Uso de calmantes
- Conselhos fora de contexto
- Comer doces e carboidratos como válvula de escape
- Uso de cigarro e consumo de álcool
- Consumo de bebidas estimulantes.
Fontes: Amaury Cantilino, psiquiatra e doutor em neuropsiquiatria e ciências do comportamento pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco); Elizabeth Bilevicius, médica neurologista e diretora-médica da Viatris Brasil, e Alexandrina Meleiro, médica psiquiatra, doutora em medicina pelo Departamento de Psiquiatria da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e membro do Conselho Científico da Abrata (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos). Revisão técnica: Amaury Cantilino.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.