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Escolher sexo dos filhos: por que isso é polêmico e limitado por lei

Bárbara Evans e Gustavo Theodoro: casal espera dois meninos gêmeos - Instagram/Reprodução
Bárbara Evans e Gustavo Theodoro: casal espera dois meninos gêmeos Imagem: Instagram/Reprodução

De VivaBem, em São Paulo

07/06/2023 04h00Atualizada em 07/06/2023 15h25

Bárbara Evans revelou que escolheu o sexo de seus filhos ao fazer fertilização in vitro. Ela implantou apenas embriões masculinos.

A modelo, que espera gêmeos, explicou que tomou a decisão para evitar um gene que aumenta as chances de câncer de mama e se manifesta com mais frequência em meninas.

"Fizemos a biópsia em todos os embriões para [detectar] genes de câncer de mama. Eu perdi todos os que não tinham. Sobraram quatro embriões, mas portadores do gene. Eram dois meninos e duas meninas e nós optamos por colocar os meninos, porque, em menino, é muito mais difícil ter o câncer de mama. Não foi uma opção de colocar menino porque já temos menina, mas porque todos os quatro tinham o gene cancerígeno", explicou Bárbara Evans, no Instagram.

Mas isso é possível?

O Conselho Federal de Medicina (CFM) tem uma regra específica sobre seleção de sexo na reprodução assistida. A resolução, de um modo geral, proíbe a escolha do sexo do bebê, a não ser em um caso: evitar doenças no descendente.

As técnicas de reprodução assistida não podem ser aplicadas com a intenção de selecionar o sexo (presença ou ausência de cromossomo Y) ou qualquer outra característica biológica da criança, exceto para evitar doenças no possível descendente
Conselho Federal de Medicina, item 5 da resolução nº 2.320/2022

Apesar de abrir exceção, o CFM afirma que toda fertilização in vitro deve seguir normas nos campos "biológico, jurídico e ético".

A escolha do sexo do bebê é um debate frequente e algo criticado quando se fala em ética reprodutiva. Questionada sobre o debate ético, Bárbara afirmou que ela e o marido, o empresário Gustavo Theodoro, pensam no melhor para a família.

Temos nossa consciência tranquila de que não escolhemos sexo. A gente foi pelo que realmente era certo de se fazer, perguntando para todos os médicos
Bárbara Evans

Além disso, ela se mostra contra a escolha de outras características para os filhos por meio da edição genética. "Jamais. Isso aí já é o poder de Deus. O que ele mandar para gente, tendo saúde, já está mais que bom."

Bárbara e Gustavo já são pais de Ayla, de 1 ano. A menina também foi gerada por inseminação. Durante o processo de fertilização de Ayla, em 2021, a modelo afirmou que ela e o marido iriam "pedir para a médica sortear" o sexo do bebê.

Bioética

A escolha de características gerais de bebês, como cor dos olhos (sem qualquer motivo de saúde), fere a bioética e remete a um conceito de eugenia — teoria criada nos anos 1880, que defendia o controle genético da população para a criação de seres humanos "bem-nascidos". Essa teoria embasou práticas racistas.

Há normas que impedem esse tipo de seleção no Brasil.

Alguns países, porém, permitem o aborto seletivo, com base na preferência de sexo. Um estudo realizado por pesquisadores da ONU e das Universidades de Singapura e Massachusetts mostrou que cerca de 23,1 milhões de mulheres deixaram de nascer entre 1970 e 2017, desde isso foi permitido em doze países.

A maioria dos casos está na China (11,9 milhões) e Índia (10,6 milhões), onde a preferência por crianças do sexo masculino é maior.