OMS: no mundo, anemia afeta 42% das crianças menores de 5 anos
A OMS está travando uma luta contra a anemia. Com novas diretrizes, a agência quer confrontar o que chama de grave problema de saúde pública em nível global.
Os avanços são lentos e, no ritmo atual, não haverá como alcançar as metas globais para conter a doença, que afeta 571 milhões de mulheres e 269 milhões de crianças.
Grandes proporções
Leo Nederveen é assessor da Opas (Oranização Pan-Americana da Saúde) para Alimentação, Nutrição e Atividade Física nas Escolas. Falando à ONU News, de Washington, ele ressaltou que o mundo está diante de um problema de grandes proporções que sinaliza o estágio geral da saúde da população.
A OMS estima que no mundo 42% de crianças menores de cinco anos e 40% das gestantes sejam anêmicas. Nas Américas, são 16% das crianças menores de cinco anos e 19% das gestantes nessa situação. Leo Nederveen
A meta da OMS é eliminar pela metade a prevalência da anemia em mulheres em idade reprodutiva até 2025.
A agência foi alarmada pela alta incidência entre crianças de idade mais baixa e mulheres gestantes. E espera acelerar a redução de casos com as novas diretrizes.
Educação nutricional e alimentação
O Brasil tem diretrizes pela educação nutricional baseadas nos alimentos e na alimentação saudáveis. Mas há outras formas de anemia que requerem um tratamento que podem ser menos acessíveis
Para o especialista Leo Nederveen, a realidade brasileira é uma referência na forma como se enfrenta a questão.
"A anemia é menos do que no resto do mundo, mas sempre há ações que podem ser mais efetivas. Por exemplo, se a doença for por deficiência de ferro, a forma mais comum de lidar com é por meio de mudanças na dieta. O Brasil tem diretrizes pela educação nutricional baseadas nos alimentos e na alimentação saudáveis. Mas há outras formas de anemia que requerem um tratamento que podem ser menos acessíveis."
No documento "Acelerando a redução da anemia: uma estrutura abrangente para ação", a OMS tem por alvo melhorar pontos como prevenção, diagnóstico e tratamento.
Pacientes com anemia têm maior risco de infecções e morte, danos no desempenho cognitivo e fadiga extrema. Em gestantes, os resultados dos exames apresentam deficiências, além de problemas de crescimento e desenvolvimento.
Rendimento nacional e pobreza
O especialista destaca haver prioridades e desafios a considerar na atual década de impulso dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
"É muito importante uma caracterização precisa da anemia e das suas causas. A OMS tem diretrizes para aumentar a diversidade alimentar, melhorar as práticas de alimentação infantil e aumentar a biodiversidade e o consumo de micro-nutrientes, e por meio de fortificação ou suplementação, ingestão de ácido fólico e outras vitaminas e minerais", disse.
O especialista fala de ir mais fundo ao abordar a anemia e tocar outras áreas, ao mesmo tempo que se capacitam as pessoas, famílias e comunidades em questões de saúde.
O problema é muito complexo. Tem muito a ver com a renda dos países e com a pobreza. É muito importante que as intervenções para abordar as causas subjacentes prestem atenção a questões como controle de doenças, da água e saneamento e das causas profundas, como a pobreza, falta de educação, desigualdade de gêneros. Leo Nederveen
Por isso, segundo especialista, também é importante a participação de muitos setores como desenvolvimento social, agricultura, educação, serviços de saúde, água e saneamento, academia e sociedade civil. Para programas de fortificação, a indústria pode ter uma participação, por exemplo, na fortificação de milho pré-cozido e farinha de trigo.
Diante da estagnação no combate ao problema, o documento ressalta princípios na atenção primária à saúde.
Entre as medidas estão atender as necessidades pessoais com cuidados abrangentes na proteção, promoção, cura e reabilitação por toda a vida.
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