Com lipedema, mulher retira o equivalente a 2 galões de água das pernas
Desde adolescente, a norte-americana Alisa Vandercruyssen escutava dos médicos que tinha um "problema de peso". Só mais velha que ela descobriu que o sobrepeso tinha relação com lipedema, uma doença crônica que provoca acúmulo anormal de gordura nos braços e pernas.
Hoje, aos 28, Alisa disse que vai precisar passar por seis cirurgias de retirada dos nódulos (ela já fez uma delas) —a gordura do lipedema pode levar ao surgimento de alguns pequenos nódulos, como ocorreu com ela.
'[Minhas pernas] pareciam irregulares enquanto os nódulos se formavam. É como tumores se formando sob sua pele. Todos os lugares gordurosos pareciam assim', disse ao site DailyMail.
Antes do diagnóstico, ela tinha o hábito de fazer atividade física constante e ter uma dieta equilibrada —e, por isso, não entendia por que os hábitos não a ajudavam a emagrecer. Alisa também sentia dores constantes quando andava.
Foi um grande alívio quando fui diagnosticada, mas, ao mesmo tempo, foi triste porque pensei que poderia ter me divertido muito mais já que estava sempre focada na minha aparência. Alisa Vandercruyssen
Entenda o lipedema e os sintomas
Trata-se de uma doença muito mais comum em mulheres, que tende a surgir na puberdade, durante a gestação ou após a menopausa.
A gordura do lipedema costuma ser dolorosa e também pode levar ao surgimento de pequenos nódulos.
Pode causar dificuldade de mobilidade.
O surgimento de hematomas, muitas vezes até sem um trauma, é comum.
O paciente também pode ter hipersensibilidade ao toque, frouxidão ligamentar e muita flacidez de pele.
Outros sintomas incluem desproporção entre as pernas e o tronco, celulite, sensação de peso nas pernas e cansaço.
Um sinal típico é o acúmulo de gordura na região do tornozelo, conhecido como "sinal do manguito".
Com o passar do tempo, há risco de deformidades e problemas de mobilidade. Nem sempre, contudo, a condição é acompanhada pelo excesso de peso.
"Retiraram 6,5 litros de líquido das minhas coxas"
Na primeira cirurgia, os médicos realizaram uma lipoaspiração, que só é indicada em casos avançados da doença.
Nesta situação, são feitas pequenas incisões na área afetada. Uma solução de infiltração é injetada para afrouxar o tecido. As células de gordura podem então ser extraídas e sugadas através de cânulas finas.
Segundo Alisa, os médicos retiraram o equivalente a "1,7 galões de água" (quase dois galões) apenas das coxas dela —o equivalente a 6,5 litros. Depois disso, a norte-americana diz estar aliviada.
Estou tentando me concentrar mais em como me sinto do que em minha aparência. Vai ser bom ter mais facilidade em encontrar o meu tamanho nas lojas, mas sentir mais energia e andar sem dor. Alisa Vandercruyssen
Outras formas de tratamento
O tratamento do lipedema demanda uma equipe multidisciplinar, formada por angiologista, cirurgião vascular, nutricionista, fisioterapeuta e, em alguns casos, psicólogo.
Também são realizados exames para detectar doenças endocrinológicas que poderiam causar sintomas similares.
As terapias a drenagem linfática regular, exercícios na água e compressão de braços e pernas também fazem parte de possíveis tratamentos. Esta terapia melhora a microcirculação sanguínea e estimula o metabolismo.
A lipoaspiração só é indicada como última opção, quando o tratamento clínico não surtiu o efeito esperado ao longo do tempo.
Além do acompanhamento multidisciplinar, recomenda-se evitar o abuso de alimentos como carnes suínas e bovinas, embutidos, refrigerante, bebidas alcoólicas e produtos industrializados, que podem intensificar a inflamação do lipedema.
A prática de exercícios, por outro lado, é muito bem-vinda.
Tipos de lipedema
Tipo I: acometimento do umbigo até os quadris;
Tipo II: acometimento até os joelhos com presença de tecido gorduroso na parte lateral e inferior dos joelhos;
Tipo III: acometimento até os tornozelos com formação de "manguito" de gordura logo acima dos pés;
Tipo IV: acometimento dos braços. Bastante associado aos tipos II e III;
Tipo V: apenas do joelho para baixo.
Segundo a SBACV (Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular), existe ainda uma classificação funcional, que se se refere à evolução e/ou gravidade da doença:
No estágio 1, a superfície da pele é normal, mas ocorre aumento da gordura no tecido subcutâneo e há presença de nódulos ou bolinhas de gordura, como se fossem pérolas debaixo da pele.
Já no estágio 2, a pele é irregular, um pouco mais flácida do que o esperado para a idade e com aspecto de celulite. Os nódulos também são maiores.
No estágio 3, a pele é significativamente mais flácida, com a presença de "dobras de pele", o que pode causar dificuldade para caminhar e se movimentar.
Todas as alterações descritas no estágio 3 se repetem no estágio 4, além do comprometimento do sistema linfático.
*Com informações de reportagens publicadas em 06/11/2022 e 20/01/2023.
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