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Existe alergia a perfume? Imunologista tira dúvidas sobre gatilhos

Colaboração para VivaBem

13/06/2023 15h18

Como descobrir se tenho algum tipo de alergia? O que fazer se eu for alérgico a perfume? As alergias alimentares são mais graves que as respiratórias? No terceiro episódio da sétima temporada do Conexão VivaBem, Martina Cattaccini, médica pediatra, alergista e imunologista, tira as principais dúvidas sobre gatilhos de alergias.

Existe alguma forma de a pessoa descobrir que é alérgica sem apresentar reação?

Não, geralmente o diagnóstico de alergia é feito após o aparecimento do sintoma, que pode se manifestar na primeira, segunda, terceira vez que a pessoa é exposta a um alimento, por exemplo. Para o organismo reconhecer algo como estranho e passar a reagir contra a substância, ele precisa ter contato com ela. Isso vale para todos os tipos de alergias.

Precisa de exame para ter diagnóstico?

O diagnóstico das alergias é uma somatória da história clínica com exames laboratoriais. O paciente conta o que acontece com ele e, baseado nessas informações, mais o conhecimento da fisiopatologia, o médico consegue identificar a doença. Vale ressaltar que nem toda alergia tem um exame diagnóstico.

Para alguns tipos de alergia, especialmente as chamadas de igE mediadas, é possível colher um exame de sangue ou fazer um teste no braço e nas costas do indivíduo para confirmar a suspeita clínica.

Entretanto, alerta a especialista, é preciso cuidado, porque o exame pode dar positivo e a pessoa não ter a doença. Ela dá como exemplo um indivíduo que relata comer tomate sem apresentar nenhum problema, mas o teste dá positivo. Isso significa que ele é alérgico a tomate? Não.

"Existem diversos fatores que fazem a gente produzir respostas imunológicas alteradas, mas com o passar do tempo desenvolvemos algo chamado de tolerância. O teste positivo não necessariamente quer dizer que a pessoa não possa ter contato. Por isso vem primeiro os sintomas referidos pelo paciente e depois a investigação, tendo exame ou não, a gente dá o diagnóstico", diz a imunologista.

Perfume caro ou barato influencia em quem tem esse tipo de alergia?

Não, independentemente da origem do perfume ou do fato de ele ser caro ou barato, a pessoa com esse tipo de alergia sofrerá igualmente, afirma a imunologista.

Ela ainda explica que na rinite química ou na reação ao cheiro ocorre uma associação entre o nariz, que apresenta um processo inflamatório, e o produto químico, atingindo a terminação nervosa do nariz e deflagrando a crise de espirro, de coceira, falta de ar.

"Não é frescura, é uma realidade e as pessoas que sofrem, sofrem mesmo, porque não é só o cheiro do perfume, é o cheiro do desodorante, do produto de limpeza, do amaciante de roupa", comenta.

Uma pessoa que não tem alergia, mas que se expõe frequentemente a perfumes, fragrâncias ou trabalha com produtos de limpeza pode desenvolvê-la?

Pode desenvolver uma sinusite crônica. A médica cita como exemplo um cabeleireiro que pode ter sintomas no nariz, uma vez que trabalha num ambiente em que frequentemente está exposto a produtos químicos. O uso de máscara não costuma ajudar nesses casos porque as pequenas partículas atravessam o item de proteção.

Alergia pode ser hereditária?

Sim, existe um fator genético relacionado à alergia que aumenta o risco, mas não é conclusivo, ou seja, não é porque o pai ou a mãe tem, que obrigatoriamente o filho vai ter.

Alergias podem ter causa psicológica, como o estresse?

O estresse não necessariamente causa alergia, mas pode ser um fator associado de piora importante. Em indivíduos que têm propensão ou que já têm a doença, como pacientes com dermatite atópica, as crises de estresse e ansiedade podem deflagrar sintomas mais intensos. No caso de urticárias, há uma relação entre o melhor controle da doença quando a pessoa sai de uma situação complexa.

Alergias alimentares costumam ser mais graves do que os outros tipos?

Sim, elas são potencialmente mais graves porque as alergias igE mediadas podem ser fatais. Se o tratamento não for feito da forma adequada, a pessoa pode vir a óbito, de acordo com Cattaccini. No entanto, vale ressaltar que uma crise asmática também pode ter uma evolução ruim e complicações.

Antigamente, os gatilhos mais comuns para alergia estavam relacionados ao contato com ácaros, pelos de animais, consumo de camarão. Hoje em dia há mais gatilhos?

Sim, o sistema imunológico tem sido influenciado por problemas como estilo de vida, mudanças na alimentação, contato com produtos químicos, entre outras questões.

Imagine que temos um monte de soldados dentro do organismo. "A gente tem dificuldade de ensinar o nosso exército, que são as células do sistema imunológico, a identificar uma coisa como algo não estranho", exemplifica a médica.

Com isso, há uma mudança do padrão de alergias respiratórias, mas principalmente das alergias alimentares, que estão cada vez mais precoces, graves e com alimentos diferentes.

Veja quais as melhores opções para evitar os gatilhos da alergia

Edredom ou cobertor?
Os cobertores antialérgicos são os mais indicados para quem tem algum tipo de alergia.

Perfume cítrico ou adocicado faz diferença?
Não faz, mas é importante se certificar do que causa reação. Às vezes, as pessoas têm reação a um tipo de cheiro e não tem a outro.

Usar luvas ou máscara para limpar a casa com produtos mais fortes?
Se o produto der reação nas mãos, o recomendado é usar luvas; se os sintomas forem respiratórios, o indicado é usar máscara.