Não é só a maculosa: quais são as febres que existem no mundo?
Os recentes casos de febre maculosa registrados em São Paulo chamaram atenção para a gravidade da doença, que possui o índice de letalidade de aproximadamente 75%. E logo fez algumas pessoas se confundirem com diversas doenças que levam febre no nome.
Quais os tipos de febres que existem?
Febre maculosa
Transmitida pela picada do carrapato-estrela (Amblyomma cajannense), a doença é causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, e tem como principais sintomas febre alta, dores de cabeça e musculares, vômito e manchas vermelhas espalhadas pelo corpo.
A alta taxa de mortalidade se explica, entre outros motivos, pelo avanço rápido dos sintomas e a confusão com outras doenças. Se não tratada no começo, a bactéria vai destruindo os vasos sanguíneos, o que provoca lesões na pele e diminui as chances de cura.
A transmissão não é feita de pessoa para pessoa e acontece após a picada do carrapato, que deve ficar cerca de quatro horas grudado na pele. O problema é que os micuins — carrapatos jovens e pequenos — também são transmissores e são difíceis de serem vistos a olho nu. O principal foco de concentração da doença no Brasil é na região Sudeste.
Proteção inclui retirada de carrapatos. As pessoas ainda devem usar roupas claras quando entrarem em locais de mato. Se localizar um carrapato na pele, é preciso retirar com cuidado, usando uma pinça, evitando esmagá-lo para que não libere as bactérias. O uso de repelentes também é recomendado.
Tratamento. No início, a doença pode ser tratada com antibióticos, o que torna imprescindível o diagnóstico rápido. Como os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças, a imprecisão no diagnóstico inicial pode gerar complicações graves. Após 4 ou 5 dias, a medicação não surte o efeito esperado.
Febre tifoide
Doença bacteria aguda, causada pela Salmonella thypi. Por ser transmitida pela ingestão de água ou alimentos contaminados pelas fezes de indivíduos adoecidos, é mais comum entre as populações de baixos níveis socioeconômicos, sobretudo em áreas sem saneamento básico.
No Brasil, a doença ocorre sob a forma endêmica em regiões isoladas, com algumas epidemias onde as condições de vida são mais precárias, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, segundo o governo federal.
Os principais sintomas incluem febre alta, dores de cabeça, mal-estar, falta de apetite, retardamento do ritmo cardíaco, aumento do volume do baço, manchas rosadas no tronco, prisão de ventre ou diarreia e tosse seca. Se não for tratada corretamente, a febre tifoide pode provocar confusão mental progressiva e, em alguns casos, a morte.
Tratamento. Após o diagnóstico, deve-se tratar a doença o mais rápido possível com o uso de antibióticos específicos e reidratação, além dos cuidados com higiene pessoal — o tempo de tratamento dura cerca de 14 dias. Em casos raros, é preciso internar o paciente.
Febre reumática
O principal agente causador da doença é a bactéria Streptococcus pyogenes. A doença é uma complicação inflamatória tardia de infecções de garganta provocada por Streptococcus tratada de forma incorreta.
Tem como características febre, dor na região acometida, caroços no pescoço (gânglios aumentados), vermelhidão, pontos vermelhos ou placas de pus na garganta.
A doença pode atingir crianças a partir dos 3 anos, embora seja mais comum em crianças dos 5 aos 15 anos. Entretanto, nem toda criança com infecção de garganta vai evoluir para a febre reumática: entre 2,5% a 4% de crianças com faringite pode desenvolver a moléstia.
A febre reumática pode afetar as articulações, o coração, o sistema nervoso e a pele. Os sintomas podem aparecer de uma a três semanas após a infecção pelo estreptococo. Vale destacar que, apesar do nome da doença, nem toda criança apresenta febre como manifestação clínica. A febre costuma ser mais frequente na fase de inflamação de garganta.
Tratamento. Após o diagnóstico, deve-se fazer o uso de anti-inflamatórios e tomar uma injeção intramuscular de penicilina benzatina em intervalos de até 21 dias, conforme definido pelo médico. A duração do tratamento com a penicilina vai depender da gravidade da lesão gerada pela doença.
Outra importante forma de prevenção é o diagnóstico precoce de inflamações de garganta provocadas por bactéria para o adequado tratamento, o que impedirá a evolução para febre reumática.
Febre amarela
Provocada por um vírus do gênero flavivírus, a doença é transmitida por mosquitos da espécie Aedes, principalmente o Aedes aegypti, responsável por outras moléstias como dengue, zika e chikungunya, áreas urbanas, e também pela picada de mosquitos da espécie Haemogogus, áreas de floresta. A doença não é transmitida de pessoa para pessoa.
Os principais sintomas incluem febre alta, calafrios, cansaço, dores de cabeça e muscular, náuseas e vômitos que duram cerca de três dias.
A forma mais grave da doença é rara e aparece após um breve período de bem-estar de cerca de dois dias. Sintomas mais preocupantes incluem insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados) e manifestações hemorrágicas que podem levar o paciente a morte em até 10 dias após o início das manifestações.
Tratamento. Embora não haja um medicamento antiviral específico para a febre amarela, o tratamento inclui hidratação, controle da febre, falência do fígado e dos rins.
A febre amarela é uma doença que pode ser prevenida com uma vacina que produz imunidade de 99%. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), uma única dose é suficiente para garantir a imunização. No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda tomar duas doses. Vale destacar que a pessoa acometida pela febre amarela, uma vez tratada e recuperada, estará imunizada pelo próprio organismo.
Febre aftosa
A moléstia afeta principalmente animais bovinos, suínos, ovinos e caprinos. Em humanos, a transmissão é considerada raríssima, com apenas um caso notificado em 1966, no Reino Unido. Ela é causada por um vírus da família Picornaviridae e gênero Aphthovirus.
Os sintomas em animais infectados incluem perda de peso, febre e o aparecimento de vesículas, erosões e úlceras. A transmissão se dá pelo contato direto entre os animais, ou mesmo por objetos, água e alimentos contaminados. Embora altamente contagiosa, a febre aftosa tem baixo índice de letalidade.
Tratamento. A doença não possui tratamento e os animais infectados se recuperam de duas a três semanas após o início dos sintomas. Porém, todos os animais com aftosa devem ser sacrificados para evitar a disseminação do vírus.
A prevenção é feita pela vacinação em animais, o que acontece na maioria dos estados brasileiros, à exceção daquelas regiões que são consideradas zonas livres da doença.
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