Osteomielite: o que é infecção rara que fez atriz perder parte da coluna?
A estrela do reality show Selling Sunset (Netflix) Amanza Smith, 46, contou que foi submetida a mais uma cirurgia para reconstruir parte de sua coluna, que foi destruída devido a um quadro de osteomielite, uma infecção óssea rara.
"Parte da minha coluna se deteriorou completamente devido à infecção, e vou colocar uma nova vértebra e alguns parafusos e hastes na minha coluna para substituir o que foi comido pelas bactérias", escreveu Smith em uma publicação em suas redes sociais.
Amanza disse que começou a sentir fortes dores nas costas há cerca de um mês e meio e, a princípio, pensou que estivesse com hérnia de disco ou algum problema na coluna mais simples. "Mas fiquei sentindo dores durante vários dias", disse ela.
Ao procurar um serviço de emergência, ela recebeu medicamentos para a dor, mas os sintomas persistiram. O diagnóstico de osteomielite só veio após uma ressonância magnética e uma tomografia.
Esse tipo de infecção pode afetar diferentes ossos do corpo e, quando acomete a coluna vertebral, sentir dor na região é realmente um dos sintomas iniciais da doença, explica o ortopedista Marcelo Risso, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP).
O quadro, contudo, tende a ser acompanhado de febre e geralmente evolui para dores intensas. "Em casos mais graves, causa manifestações neurológicas, como perda de sensibilidade e movimento", diferencia Risso, destacando que a infecção é rara e geralmente acomete pessoas com sistema imunológico comprometido.
A osteomielite é uma condição extremamente grave, mas, felizmente, rara. Normalmente, afeta pessoas que já têm fatores de risco, como indivíduos imunodeprimidos, quem faz hemodiálise ou está com a diabetes descontrolada, além de pessoas com infecção ativa no corpo, como infecção urinária e de pele. Ainda assim, são casos raros. Marcelo Risso, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP).
O que causa a infecção óssea e como a bactéria entra no osso
Infecções que afetam a coluna podem acometer os ossos (osteomielite) ou os discos (discite). Se a infecção afetar tanto vértebras quanto discos, recebe o nome de espondilodiscite.
As bactérias que causam infecções na coluna não são específicas da coluna. Em geral, segundo Risso, "são bactérias comuns", que podem causar problemas que vão desde infecções urinárias e ginecológicas até cardíacas e pulmonares. A mais comum é a Staphylococcus aureus.
Os microrganismos podem entrar no osso de diferentes maneiras:
Corrente sanguínea. Se uma pessoa estiver com algum tipo de infecção descontrolada —no trato urinário ou nos pulmões, por exemplo—, os germes podem "viajar" até o osso através da corrente sanguínea.
Feridas graves. Essas aberturas na pele podem transportar as bactérias para o interior do corpo, especialmente se a pessoa tiver problemas de circulação sanguínea, como indivíduos com diabetes descontrolado.
Uso de cateteres mal esterilizados. Os cuidados também devem ser redobrados para quem faz hemodiálise ou possui outras condições que demandam o uso de cateteres —se não forem bem esterilizados, eles podem levar bactérias para o sangue.
Injeção de drogas ilícitas. Pessoas que injetam drogas ilícitas na veia também têm maior probabilidade de desenvolver osteomielite, porque podem acabar usando agulhas não esterilizadas.
Procedimentos cirúrgicos. Além disso, a contaminação pode ocorrer acidentalmente durante cirurgias para reparação de ossos quebrados ou substituição de articulações desgastadas, procedimentos que podem, acidentalmente, abrir um caminho para a entrada de bactérias.
Os sintomas mais comuns de osteomielite incluem dor na área da infecção (coluna, braços ou pernas, por exemplo), febre, fadiga e inchaço, calor e vermelhidão na região afetada.
Como é feito o diagnóstico de osteomielite?
Além da avaliação clínica do paciente, o diagnóstico da osteomielite é feito por meio de exames laboratoriais de sangue e de imagem, como radiografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética e cintilografia óssea.
"O diagnóstico geralmente é tardio. Muitos médicos acabam não suspeitando dessa condição, porque dor nas costas é algo comum, especialmente em jovens. Quando o diagnóstico acontece, a destruição que as bactérias acabam causando é mais severa e o tratamento fica mais complicado", explica Risso, que também é coordenador da Área de Cirurgia de Coluna do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Como é feito o tratamento?
Infecções ósseas provocam, inevitavelmente, a necrose do osso. Ou seja, o osso acometido pela bactéria morre, quebra e há destruição do tecido ósseo.
Por isso, o tratamento da doença envolve não somente o uso de antibióticos, mas também cirurgias para remover partes do osso que estão infectadas ou mortas, além de procedimentos cirúrgicos para reconstruir os ossos que foram destruídos.
No caso de Amanza Smith, ela precisou ser submetida a duas cirurgias, provavelmente devido à extensão da infecção em sua coluna. Na manhã deste domingo (18/06), Smith publicou um vídeo em suas redes sociais atualizando os seguidores sobre seu estado de saúde e disse que a cirurgia mais recente, assim como a anterior, foi bem-sucedida.
"Foi absolutamente perfeita e eles removeram não somente o osso, mas também áreas nos arredores que corriam risco de infecção", disse ela, acrescentando que ainda irá precisar de um tempo de repouso até poder voltar para casa.
Depois de receber alta da cirurgia, o tratamento continua: o paciente precisa receber antibiótico intravenoso por pelo menos seis meses, para conter a infecção e garantir que a bactéria não vai se espalhar novamente.
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