Fim do salgado na escola? Lei do RJ é boa para mudar hábitos, diz médica

Enroladinho de salsicha, esfirra de calabresa, "bauruzinho" e tantos outros quitutes presentes na memória afetiva de quem comia na cantina da escola podem estar com os dias contados, ao menos na cidade do Rio de Janeiro.

Por lá, foi aprovado um projeto de lei que proíbe a oferta de alimentos ultraprocessados nas escolas públicas e privadas. Se a lei for sancionada pelo prefeito, lanches com carnes processadas estarão proibidos.

A venda de bolachas recheadas, chocolates e refrigerantes também será vetada. A lei ainda prevê multa diária de R$ 1.500 às escolas privadas em caso de irregularidades.

Relacionadas

Em dúvida? Saiba quais alimentos não podem faltar na lancheira das crianças

Veja 5 mitos e verdades sobre lancheira saudável para crianças

De acordo com Ana Bárbara Januzzi, médica com pós-graduação em pediatria, que também é mãe, escritora e palestrante, conversou com o VivaBem Hoje e disse que a iniciativa da prefeitura carioca é muito positiva. "Acredito que é uma forma de fazer com que pais e responsáveis se tornem mais reflexivos sobre o que enviam nas lancheiras e pensem que as crianças precisam comer melhor", afirma ela. "Essa parceria entre escola e família precisa acontecer", acredita.

De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 340 mil crianças com idade entre 5 e 10 anos foram diagnosticadas com obesidade em 2022. Mas Januzzi lembra que mesmo as crianças consideradas magras e saudáveis estão em risco se não aprenderem bons hábitos de alimentação ainda na infância.

Nossa cultura é construída em hábitos. Uma criança que não come bem hoje não vai querer comer bem lá na frente, quando for adulta. Isso coloca em risco todas as crianças. Ana Bárbara Januzzi, médica

Como montar uma lancheira saudável?

Para os pais que montam lancheira para os filhos, é importante também refletir sobre as escolhas alimentares que as crianças estão consumindo e quais hábitos estão sendo criados.

No caso dos sucos de caixinha, por exemplo, a médica pediatra afirma que o melhor seria que a criança tomasse apenas água. "O suco 100% fruta é melhor que o néctar açucarado, mas ele ainda contém muita frutose", alerta.

A ideia, então, é fazer combinados com a criança e deixar esse suco para ser consumido apenas um dia na semana. "Faço isso com minha filha e ela toma apenas um dia", diz Januzzi.

Outra questão importante é se planejar com antecedência para não montar a lancheira na correria do dia a dia. Bolos e panquecas com pouco açúcar, por exemplo, podem ser feitos e congelados para ter sempre algo à mão na hora de pensar no cardápio do lanche.

"Evite ter industrializados em casa, pois, na correria, certamente vamos usá-los, não tem jeito", finaliza.