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Angioplastia: o que é procedimento que tentou salvar a vida de Morsa?

Paulo Morsa - Reprodução/Band
Paulo Morsa Imagem: Reprodução/Band

Do VivaBem, em São Paulo

20/06/2023 12h32

Morrer durante uma angioplastia, como aconteceu com o comentarista Paulo Roberto Martins, 78, conhecido como Morsa, não é comum. De acordo com o cardiologista e colunista de VivaBem Edmo Atique Gabriel, a literatura médica aponta que a taxa de mortalidade de pessoas durante o procedimento, que é considerado padrão-ouro no tratamento do infarto, é menor do que 5%.

Paulo Roberto Martins passou mal no domingo (18), em Atibaia, no interior de São Paulo, e teve que ser levado ao hospital, onde foi constatado um princípio de infarto. Ele foi submetido na segunda (19) a uma angioplastia, para tentar desentupir as artérias do coração, mas não resistiu. A informação foi dada por Pepê, filho de Morsa, a Milton Neves, colunista do UOL.

O infarto geralmente acontece quando há o entupimento das artérias coronárias, vasos que levam sangue rico em oxigênio e nutrientes para o coração. A interrupção do suprimento de sangue, causada principalmente pelo acúmulo de placas de gordura, leva à morte do tecido cardíaco ao redor e, se não revertida a tempo, pode matar.

O que é angioplastia?

Angioplastia ajuda a desobstruir artérias entupidas. Toda vez que uma pessoa chega ao hospital com sintomas de infarto, como dor no peito —que pode irradiar para o braço esquerdo—, a indicação é identificar a artéria que está entupida e tentar reabri-la. A desobstrução pode ser feita de diferentes formas, como o uso de uma classe de medicamentos chamada de trombolíticos ou por meio da angioplastia.

Nesse procedimento, um cateter com um balão é introduzido através de uma pequena incisão na virilha do paciente, por onde o instrumento será guiado até a artéria obstruída. Lá, o balão é inflado, para romper as placas de gordura e dilatar a artéria entupida. Se necessário, também é possível implantar uma malha metálica (o stent) ali dentro para sustentar de forma duradoura a reabertura da artéria.

Procedimento é eficaz na maioria dos casos. Segundo Edmo Atique Gabriel, em emergências, a angioplastia é capaz de salvar a vida da maioria dos pacientes. "Em geral, a expectativa é que, depois de fazer essa abertura, você consiga resgatar o fluxo sanguíneo naquele ponto crítico", explica o médico.

"No caso do Morsa, provavelmente não foi possível fazer a abertura completa ou adequada da artéria e resgatar o fluxo sanguíneo no lugar crítico, de forma que o quadro acabou evoluindo para uma morte causada pelo infarto do coração", explica o cardiologista.

Morrer durante um procedimento de angioplastia não é o esperado, mas tudo isso depende da gravidade do caso, dos fatores de risco e da quantidade de músculo cardíaco afetado. Não podemos esquecer que infarto significa morte de um território do coração. O nosso músculo cardíaco tem vários territórios. Quanto mais segmentos forem afetados, maior o risco de a pessoa não sobreviver. Edmo Atique Gabriel, cardiologista e colunista de VivaBem

Além da quantidade de musculo cardíaco afetado, o médico ressalta que, no caso de Morsa, a idade do comentarista e a presença de fatores de risco, como a obesidade, também podem ter contribuído para o desfecho fatal.

Em casos emergenciais, a angioplastia é considerada um tratamento inicial. Por isso, quando o procedimento é eficaz, o paciente precisa ser reavaliado após cerca de um mês para checar a necessidade de angioplastias complementares ou cirurgias cardíacas, como a ponte safena.

Angioplastia também tem caráter preventivo. A técnica não é uma opção de tratamento somente para casos em que a pessoa já está sofrendo um infarto. O procedimento também pode ser indicado para pacientes que têm alto risco de sofrer o problema ou outras condições, como o AVC. Nesses casos, o objetivo é diminuir o risco de que essas situações aconteçam em um futuro próximo.

Risco de complicações é baixo. A angioplastia é feita com anestesia local, dura cerca de uma hora e não há dor posterior além da provocada pela incisão. A recuperação também costuma ser rápida, permitindo que o paciente volte às atividades normalmente alguns dias depois de realizar o procedimento, mas, em geral, recomendam-se dois dias de repouso e evitar grandes esforços físicos (como carregar peso) por duas semanas.

Quais são os fatores de risco que aumentam o risco de sofrer um infarto?

  • Colesterol elevado
  • Hipertensão ("pressão alta")
  • Tabagismo
  • Diabetes
  • Estresse