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Lucia Hippolito lidou com síndrome de Guillain-Barré: 'Era desesperador'

Lucia Hippolito falou sobre doença no Programa do Jô - Divulgação/TV Globo
Lucia Hippolito falou sobre doença no Programa do Jô Imagem: Divulgação/TV Globo

De VivaBem, em São Paulo

21/06/2023 11h07

Lucia Hippolito, conhecida como uma das meninas do Jô, morreu aos 72 anos, devido a um câncer de pulmão.

Além da doença, Lucia lidou com a síndrome de Guillain-Barré, que ela revelou em uma emocionante entrevista a Jô Soares em 2014.

"Eu estava de férias em Paris, voltando para casa, me levantei para trocar de roupa e não senti as pernas. E começou a doer, eu não tinha movimentos. O médico veio e falou que era melhor internar. Em duas horas, fizeram diagnóstico".

Vou confessar, teve dias que eu quis morrer, eu achava que morrendo liquidava o assunto, resolvia de vez, porque era desesperador

Entenda a síndrome de Guillain-Barré

É considerada uma doença autoimune, ou seja, o sistema imunológico começa a atacar uma parte do corpo.

O processo ocorre assim: ao produzir anticorpos para lutar contra algum invasor (seja uma bactéria ou vírus), o corpo tem uma resposta exagerada e, neste caso, acaba atacando também células dos nervos periféricos, responsáveis pelo movimento e sensibilidade dos músculos.

No caso da síndrome, o ataque pode ser na bainha de mielina ("capa de gordura" do neurônio) ou no axônio (parte do neurônio que envia mensagens ao corpo).

Esse "ataque" do sistema imunológico deixa lesões na região que podem ser transitórias ou não. Isso resulta em alguns sintomas, como:

Fraqueza progressiva que pode ocorrer da seguinte maneira: membros inferiores, braços, tronco, cabeça e pescoço;

Fraqueza muscular ou paralisia total dos quatro membros;

Sensação de dormência e queimação nos pés e pernas que, depois, pode ir subindo até braços e mãos;

Alguns pacientes podem sentir dores no corpo (pernas, lombar).

Essa lesão leva a uma destruição da função do nervo periférico, impossibilitando que ele passe os sinais elétricos que estão vindo do cérebro e devem chegar até o músculo. Frederico Lacerda, neurologista

De acordo com os médicos, a síndrome tem como característica uma piora aguda e progressiva e, depois, uma melhora do quadro. A recuperação depende de cada paciente. Dados mostram que aproximadamente 50% se recuperam totalmente até seis meses depois de a síndrome se manifestar.

Fatores como infecções respiratórias e gastrointestinais podem desencadear a síndrome, além do zika vírus, dengue, sarampo, citomegalovírus, medicações e vacinas.

Importância do tratamento

O quadro é considerado grave e, por isso, é necessário buscar atendimento médico o mais rápido possível.

Uma vez que o diagnóstico é feito, seja pela análise do líquor ou pelo exame eletrofisiológico, os médicos iniciam o tratamento com imunoglobolina intravenosa, que impede que os anticorpos continuem no ataque, ou com plasmaférese, que retira elementos do plasma que podem estar causando a doença e, em seguida, o coloca de volta ao corpo do paciente.

Para a recuperação, o paciente pode precisar de reabilitação dependendo do grau da síndrome, incluindo fisioterapia, terapia ocupacional e sessões de fonoaudiologia.

"Podemos, sim, falar em cura da síndrome, mas ela não é bem uma doença e, por isso, é autolimitada, ou seja, tem começo, meio e fim", diz Diogo Haddad, neurologista e coordenador do Núcleo de Memória do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP).