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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Herpes-zóster: 'Fiquei sem dormir, sem comer e quase enlouqueci de dor'

Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Bárbara Therrie

Colaboração para VivaBem

27/06/2023 04h00

Com dor e bolhas nas regiões das costas e do seio, a aposentada Rita Christina Marinho, 62, suspeitou que estivesse com herpes-zóster ao se lembrar de uma propaganda da vacina para a doença. A moradora de Itu (SP) buscou ajuda médica e, mesmo seguindo o tratamento correto, sofre até hoje com dor crônica por causa da doença. A seguir, Rita conta como o problema afeta sua qualidade de vida:

"Após um ano isolada por causa da pandemia do coronavírus, em 2021 saí pela primeira vez de casa e fui jantar com um primo. Lá em sua residência, comecei a sentir um desconforto grande nas costas, próximo de onde fecha o sutiã.

A dor foi piorando com o passar dos dias e fiquei com bolhas avermelhadas nas costas e nos seios.

Inicialmente, achei que o desconforto poderia ter sido causado por algum esforço físico. Depois, lembrei que as bolhas eram parecidas com as de uma imagem que vi na propaganda de uma vacina contra herpes-zóster, numa clínica particular a que fui alguns anos antes.

Consultei-me com uma dermatologista que fez o exame clínico e confirmou o diagnóstico de herpes-zóster. Ela me receitou um antiviral e um remédio para dor, mas segui sentindo desconforto. Uma semana depois, passei com um neurologista e o tratamento que ele indicou também não surtiu efeito.

As semanas seguintes foram terríveis: as bolhas aumentaram e algumas estouraram. Sentia muita coceira e a pele ardia quando eu tomava banho. Chegou um ponto em que fiquei parecendo um zumbi. Passei dias sem dormir, sem comer e quase enlouqueci de tanta dor.

Rita herpes-zóster - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Como não conseguia mais levantar da cama, um médico veio me atender em casa. Ele foi a minha salvação. Aumentou a dose dos remédios e mudou algumas medicações.

Também explicou que a doença é contagiosa (saiba mais abaixo) e me orientou sobre como cuidar das lesões: lavar com sabonete líquido, secar com uma fralda de pano fina e passar pomada, quatro vezes por dia.

Após um mês e meio, as bolhas diminuíram e fui melhorando aos poucos. Por orientação médica, um ano depois da doença, tomei a vacina contra o herpes-zóster.

Tenho dor crônica como sequela da doença

O problema aumenta quando está frio ou quando faço esforço físico. Sinto dores ao cozinhar, regar as plantas do meu jardim, limpar a casa, estender roupa no varal. Antes da doença, passava o dia fazendo tricô e crochê, hoje consigo fazer isso por, no máximo, uma hora.

Outra dificuldade é que não consigo usar sutiã por muito tempo porque começa a doer e a coçar justamente na região em que tive os primeiros sintomas —ficar sem a peça íntima também é ruim porque tenho seios grandes e sinto dor.

O herpes-zóster afetou meu dia a dia, meu bem-estar e minha autoestima. Às vezes, chego a ficar um mês bem, mas tem períodos em que sinto coceira, dor e 'choquinhos' todos os dias.

Um conselho que deixo para as pessoas com 50 anos ou mais é que se vacinem.

Rita herpes-zóster - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Na época em que vi a propaganda na clínica, não tomei porque achei cara. Mas depois paguei um preço muito maior, que foi além da questão financeira. Paguei com a minha saúde e qualidade de vida.

Portanto, se puderem, protejam-se porque essa doença é perigosa e pode ter consequências graves."

Entenda o herpes-zóster

Abaixo, com a ajuda de Rosana Richtmann, infectologista do Instituto de Infectologia Emilio Ribas, coordenadora da Infectologia do Grupo Santa Joana e diretora do Comitê de Imunização da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), VivaBem explica o que é o problema:

O herpes-zoster ou cobreiro é uma doença infecciosa causada pelo varicela-zóster, vírus da catapora.

Quem já teve catapora (geralmente na infância) fica com esse vírus "adormecido" no corpo.

Quando há uma oportunidade (ou seja, uma queda na imunidade provocada pelo avanço da idade, uso de medicamentos, estresse ou alguma doença) o varicela-zóster é reativado e causa um novo problema: o herpes-zóster.

Quem pegou catapora e não se vacinou tem maior quantidade de vírus latente ("adormecido") no organismo e maior risco de ter herpes-zóster.

A doença é contagiosa para quem nunca teve catapora nem foi protegido pela vacina.

As lesões na pele do infectado são repletas de vesículas (bolhas com conteúdo liquido) que contêm grande quantidade de vírus.

A transmissão se dá pelo contato direto com as lesões da pele.

Para quem já teve catapora e se vacinou, a doença não é contagiosa mesmo se houver contato com as lesões na pele do infectado.

No caso do herpes-zóster em pacientes com imunidade muito baixa e quadro cutâneo disseminado, pode ocorrer a transmissão por gotículas de saliva expelidas ao falar, tossir ou espirrar.

O vírus do herpes-zóster é neurotrópico, ou seja, tem grande afinidade por terminações nervosas, fazendo o trajeto do nervo e o comprometendo, o que gera grande dor.

Os sintomas mais característicos são a dor intensa e as feridas cheias de água.

A doença pode se manifestar em qualquer trajeto nervoso. No peito, ele faz o trajeto do nervo intercostal (só de um lado, não atravessa para o outro lado). Outras formas são o herpes facial e oftalmológico.

A melhor forma de se prevenir do herpes-zóster é tomar a vacina. Ela é indicada para adultos com 50 anos ou mais e está disponível apenas na rede particular.

O herpes-zóster pode gerar várias complicações que afetam a qualidade de vida e a saúde, como dor crônica, paralisação facial, e sequelas neurológicas e oftalmológicas —como perda da visão, auditiva, entre outras.