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Tumor que tem dentes, unhas e cabelos era para ser um humano?

Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

27/06/2023 04h00

Não. Esse tumor, chamado de teratoma ou cisto dermoide, não era um ser humano em formação. O que acontece é que o tipo de célula que dá origem a esse tumor possui a capacidade de se transformar em qualquer tecido do corpo, assim como ocorre nas células-tronco ou nas células progenitoras (ovócitos e gametas).

Por isso, o local mais comum do desenvolvimento do teratoma são os ovários nas mulheres e os testículos nos homens. Mas pode acontecer em qualquer parte do corpo. Há relatos do aparecimento desse tumor em outros órgãos, como pulmão, fígado e intestino.

Como a célula que dá origem ao tumor é do tipo "embrionária", isto é, parecida geneticamente com uma célula dos ovários ou testículos, ela tem a capacidade de formar dois tipos de tecidos. São eles:

Da parte mais externa do corpo, chamada ectoderme (pele, cabelos, unhas e até neurônios);

Da parte mais interna (gorduras, ossos, dentes, entre outros).

Vale saber que somente os teratomas possuem essa capacidade de desenvolver dentes, unhas e cabelos, por exemplo. Além disso, geralmente, os cistos dermoide são benignos (chamados de maduros). O tumor dessa espécie maligno —conhecido como imaturo— é raro e ocorre em torno de 1% dos casos.

Sintomas e tratamentos

Os sintomas do problema podem variar de acordo com o local onde o tumor se instalou. Se for dentro da cabeça, por exemplo, pode provocar cefaleia e perda de visão. Caso o teratoma apareça no ovário, pode ocasionar o aumento do volume da barriga, simulando uma gravidez. Em homens, um nódulo ou caroço na bolsa escrotal pode aparecer.

Por outro lado, é importante entender que os teratomas podem não causar sintomas em estágios iniciais, e serem descobertos apenas durante exames de rotina ou investigações médicas. Por isso a importância de realizar check-ups periódicos.

Caso o cisto dermoide seja identificado, o tratamento normalmente é cirúrgico (minimamente invasivo, feito geralmente por laparoscopia), principalmente nos casos de teratomas maduros. Entretanto, quando o cisto for imaturo ou misto, pode ser necessário a cirurgia e, em seguida, a quimioterapia. Mas, como dito, é necessário que se avalie cada caso para indicar a melhor terapia possível.

Fontes: Adriana Pires, oncologia clínica, docente e servidora do HGF (Hospital Geral de Fortaleza); Leonardo Barreto, cirurgião oncológico e chefe da unidade de hematologia e oncologia do HUOL - UFRN (Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte), vinculado a Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares); Sahlua Miguel Volc, especialista em oncogenética do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo; Thiers Soares, ginecologista e médico do setor de endoscopia ginecológica do Hospital Universitário Pedro Ernesto da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

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