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Novo medicamento para obesidade reduz até 24% do peso, mostra estudo

De VivaBem, em São Paulo

28/06/2023 14h35Atualizada em 12/09/2023 11h23

Um novo medicamento em teste para o tratamento da obesidade apresentou resultado promissor, semelhante ao de uma cirurgia bariátrica.

Na dose máxima, a retatrutida promoveu a perda de peso média de 24,2% após 48 semanas de uso semanal.

De acordo com os pesquisadores, esse é um resultado inédito em um teste com menos de um ano de duração para tratar obesidade —o estudo é de fase 2, que testa eficácia, dosagem e segurança.

Outras duas pesquisas com o composto mostraram redução da gordura no fígado e benefícios no diabetes tipo 2. Os resultados foram apresentados nesta segunda-feira (26) no Congresso da Associação Americana de Diabetes.

Qual é esse medicamento?

A retatrutida é uma substância que se liga a três receptores hormonais:

  • O GLP1, que também é o foco de medicações já conhecidas à base de semaglutida;
  • O GIP, que é alvo da também promissora tirzepatida;
  • E o glucagon, hormônio que atua na supressão do apetite e tem poder de reduzir a gordura no fígado.

Como o estudo foi feito

O estudo incluiu 338 adultos com IMC (índice de massa corporal) igual ou superior a 30 ou com IMC de 27 a menos que 30 que tinham pelo menos uma condição de saúde relacionada ao peso.

De forma aleatória, eles foram divididos para receber diferentes doses de retatrutida subcutânea ou placebo ao longo de 48 semanas.

Com 24 semanas de estudo, já foi possível notar redução de peso, que seguiu até o fim da pesquisa.

Resultados do estudo

Após 48 semanas, a retatrutida promoveu:

  • -8,7% de peso no grupo que tomou 1 mg;
  • -17,1% no grupo que tomou 4 mg (iniciando com dose de 2mg ou 4 mg);
  • -22,8% do peso em pessoas que tomaram 8 mg (começando com dose de 2mg ou 4mg);
  • -24,2% no grupo que tomou 12 mg.

As reduções são notórias quando comparadas ao grupo placebo, que diminuiu 2,1% do peso corporal. Além disso, o composto teve efeito maior na perda de peso em pessoas com obesidade mais grave (IMC superior a 35) e em mulheres.

Os efeitos colaterais mais comuns foram semelhantes aos provocados por medicamentos já conhecidos, com intensidade de leve a moderada:

O artigo com os resultados do estudo, publicado no The New England Journal of Medicine, conclui que, em adultos com obesidade, a retatrutida resultou em "reduções substanciais" no peso corporal ao longo de 48 semanas. Agora, estudos maiores são necessários para comprovar segurança, eficácia comparativa, riscos e benefícios da substância.

Efeitos para diabetes e gordura no fígado

Outro estudo, publicado no The Lancet, também avaliou a ação da retatrutida para diabetes tipo 2. Após 24 semanas, todas as doses testadas tiveram resultado melhor do que o placebo, sendo que o grupo que tomou a maior dose teve redução de 2,02% na hemoglobina glicada.

A melhoria foi mantida até o final do estudo, com 36 semanas, momento em que também foi observada uma redução de peso de até 16,94%.

Um terceiro estudo mostrou que a retatrutida foi capaz de reduzir a gordura no fígado em mais de 80% nas duas doses mais altas (8mg e 12mg) ao fim de 24 semanas de estudo.

O endocrinologista Bruno Halpern, presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), comentou sobre os estudos em rede social.

"Ter medicações com efeito semelhante à cirurgia parecia utópico há poucos anos, mas vai se tornando uma realidade. Esperamos que tantas opções facilitem a acessibilidade no futuro para que mais gente possa ser beneficiada com essas inovações", disse.

A fase 3 do estudo da retatrutida está prevista para ir até fevereiro de 2026.

Combinação promissora

Mais um estudo apresentado no congresso uniu a aplicação de semaglutida e cagrilintida em 92 pessoas com diabetes tipo 2. Elas foram divididas em três grupos: um para tomar a combinação, chamada de CagriSema, outro para tomar apenas semaglutida e mais um que ficou somente com cagrilintida.

A pesquisa mostrou primeiro uma redução da hemoglobina glicada em 2,2 pontos percentuais com CagriSema, superior aos demais. E também foi observada uma redução de 15,6% no peso corporal dos participantes, mais um resultado promissor.

Para os pesquisadores, o tratamento com CagriSema em pessoas com diabetes tipo 2 "resultou em melhorias clinicamente relevantes no controle glicêmico" e "perda de peso significativamente maior". Os resultados reforçam a necessidade de estudos de fase 3, que são maiores.