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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Madonna teve infecção bacteriana; todas as bactérias causam doenças?

De VivaBem, em São Paulo*

30/06/2023 10h49

Madonna, a rainha do pop, 64, contraiu uma "infecção bacteriana grave", que a levou para a unidade de terapia intensiva, informou seu agente, Guy Oseary, em um comunicado publicado nas redes sociais.

Embora a expectativa seja de uma recuperação completa, seu agente acrescentou que Madonna precisou adiar sua turnê mundial, "Celebration", em homenagem às suas quatro décadas de carreira, que devia começar em 15 de julho.

Em 2020, a cantora, sete vezes ganhadora do Grammy, se submeteu a uma cirurgia para colocação de prótese no quadril, após uma lesão que sofreu durante sua turnê "Madame X".

Bactérias que causam doenças

As bactérias são organismos bastante conhecidos pelas doenças que causam na população humana, sendo algumas fáceis de tratar e outras que requerem um maior cuidado, tais como:

Todas as bactérias causam doenças?

Apesar de conhecermos várias doenças bacterianas, como as citadas acima, nem todas as bactérias fazem mal aos seres humanos.

Várias espécies são encontradas, por exemplo, na nossa pele, sem causar danos à nossa saúde, e em nosso intestino, onde atuam protegendo nosso corpo de micro-organismos prejudiciais, atuam garantindo a ativação do nosso sistema imunológico, participam da digestão de alguns alimentos e síntese de alguns nutrientes.

Tratamento, resistência bacteriana e pandemia

As doenças causadas por bactérias, de uma maneira geral, são tratadas com o uso de antibióticos, que são compostos responsáveis por desencadear a morte ou inibir o crescimento desses micro-organismos. Atualmente, porém, o uso dessas substâncias tem ocorrido de maneira desordenada, desencadeando a seleção de bactérias resistentes.

A seleção das bactérias resistentes a antibióticos acontece, principalmente, devido ao tratamento por um período de tempo incorreto e/ou doses inadequadas. O uso do antibiótico leva inicialmente à redução da população daquelas bactérias mais frágeis, que são mais facilmente eliminadas.

Com o tempo, aquelas bactérias mais resistentes também vão reduzindo no organismo do paciente. Caso o paciente interrompa o uso, antes do período adequado, essas bactérias mais resistentes, que ainda não foram eliminadas, permanecem no organismo, reproduzem-se e passam sua característica para as descendentes.

A pandemia de covid-19 pode acelerar o processo de evolução da chamada resistência bacteriana. Isso acontece quando esses micro-organismos conseguem se adaptar e se tornar refratários ao tratamento com antibióticos, dando origem a bactérias mais difíceis de combater.

De acordo com dados da OMS de 2019, a estimativa era de que, até 2050, cerca de 10 milhões de pessoas morreriam, a cada ano, por doenças resistentes a medicamentos. Agora, a previsão está sendo revista.

Uma pesquisa comportamental conduzida pela OMS em nove países europeus apontou um crescimento do uso de antibióticos durante a pandemia. Entre os que tomaram esses medicamentos, 79% a 96% afirmaram que os utilizavam acreditando que poderiam prevenir a infecção.

Ainda de acordo com a entidade, 75% dos internados em estado grave receberam antibióticos, apesar de apenas 15% terem desenvolvido coinfecções causadas por bactérias, que justificariam a indicação.

Cenário no Brasil

No Brasil, o consumo de antibióticos também parece ter aumentado. De acordo com a Anvisa, só em 2020, a venda do antibiótico azitromicina cresceu 105%.

Esse fármaco pode integrar o tratamento de doenças respiratórias causadas por bactérias, porém não é indicado para uso preventivo ou para o combate da covid-19 em si. Nesse contexto, a azitromicina e outros possíveis antibióticos só entrariam em cena quando há uma clara suspeita de coinfecção por uma bactéria oportunista.

"O uso desnecessário ou indiscriminado de antibióticos pode, com o tempo, tornar infecções bacterianas simples em doenças difíceis de serem combatidas", afirma Geraldo Druck Sant'Anna, médico e professor de otorrinolaringologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.

O médico, que também é ex-presidente da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial), explica que as vias aéreas superiores —nariz e cavidade nasal, faringe e laringe— são a porta de entrada para vírus e bactérias causadores de diversas doenças. As infecções virais, mais comuns, são frequentemente tratadas equivocadamente com antibióticos.

"Ainda que no Brasil o consumo de antibióticos seja controlado com a retenção da receita médica desde 2010, é comum que pacientes peçam indicação aos médicos durante a consulta. Também não é incomum o médico prescrever o medicamento por avaliação equivocada, por precaução de piora do quadro ou por não poder acompanhar a evolução do estado de saúde nos próximos dias", enumera o otorrinolaringologista.

Como evitar a resistência bacteriana

  • Use apenas antibióticos quando prescritos por um profissional de saúde certificado
  • Nunca exija antibióticos se o seu profissional de saúde disser que você não precisa deles
  • Nunca compartilhe sobras de antibióticos
  • Previna infecções lavando regularmente as mãos, preparando os alimentos de forma higiênica, evitando o contato próximo com pessoas doentes, praticando sexo seguro e mantendo as vacinas em dia

*Com informações de AFP, Brasil Escola e Agência Einstein.