Ele teve febre maculosa em 2014: 'Só a mão ficou toda vermelha'

Quando tinha 18 anos, Eduardo Iasbeck Brasil foi passar um fim de semana na casa do padrinho dele, em Jaboticatubas, Minas Gerais. Caminhando por locais de muita mata, ele percebeu a mordida de um carrapato na região da barriga, mas não sabe por quanto tempo ele ficou na pele.

Hoje aos 27 anos, Eduardo, residente médico em São Paulo, lembra que a região ficou lesionada e, depois de dois dias, alguns sintomas apareceram: lesões vermelhas no corpo, mas principalmente em uma das mãos, e dor nas juntas.

"Procurei uma dermatologista e ela pediu alguns exames para descartar outros diagnósticos, como sífilis. Mas como tive a mordida de um carrapato, ela pediu uma sorologia [para febre maculosa] que, por sinal, veio negativa", lembra.

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A médica pediu uma biópsia das lesões que apareceram na mão dele e foi aí que surgiu o resultado positivo para febre maculosa.

Me considero uma pessoa de sorte porque sequer tive febre. Tomei antibiótico por 14 dias, se não me engano, e fiquei bem. Eduardo Iasbeck Brasil

O que é febre maculosa?

Doença causada pela bactéria Rickettsia sp. e transmitida pela picada de carrapato. Ele se contamina ao sugar o sangue de animais infectados, como cavalos, capivaras ou vacas.

Entre os principais sintomas, há febre alta, dores de cabeça e musculares, vômito e manchas vermelhas espalhadas pelo corpo.

A alta taxa de mortalidade se explica, entre outros motivos, pelo avanço rápido dos sintomas e a confusão com outras doenças.

Se não tratada no começo, a bactéria vai destruindo os vasos sanguíneos, o que provoca lesões na pele e diminui as chances de cura.

Por isso, o diagnóstico precisa ser rápido. Após a contaminação, o período de incubação da doença dura em média uma semana, variando de dois a 14 dias.

A transmissão não é feita de pessoa para pessoa e acontece após a picada do carrapato, que deve ficar cerca de quatro horas grudado na pele.

O problema é que os micuins —carrapatos jovens e pequenos— também são transmissores e são difíceis de serem vistos a olho nu.

"Nem conseguia me mexer direito"

Os sintomas de Roberta Donati, 24, foram diferentes. Ao contrário de Eduardo, ela teve quase todos os sintomas da febre maculosa: vômito, febre alta, diarreia, dor de cabeça e muita dor no corpo.

"Era uma febre de 39, 40 graus, além de muita dor de cabeça e dor no corpo. Foi o que mais me pegou. Era tanta dor no corpo que nem conseguia me mexer direito", lembra a jovem, que teve a doença em 2019.

Em um primeiro momento, a estudante de engenharia florestal pensou que era uma intoxicação alimentar, mas, depois, lembrou-se do trabalho.

Na época, Roberta estava sempre em áreas de mata, em várias regiões do Brasil, mas principalmente em São Paulo, onde pode ter maior incidência de carrapato infectado.

"É algo comum entre as pessoas que trabalham nessa área. A gente usa toda a proteção, mas sempre acaba encontrando carrapato, não tem jeito", diz.

Aliás, Roberta conta que só descobriu rapidamente porque a faculdade ensinava, logo nos primeiros anos, todos os cuidados e formas de prevenção da doença. "Se não fosse por isso, nem saberia que tinha febre maculosa. A médica ia me diagnosticar com dengue e me mandar para a casa."

Foi exatamente quando citou o trabalho que tinha na época e a questão do carrapato que a médica conseguiu direcionar os cuidados: pediu exame específico para confirmar a febre maculosa, que veio positivo, e logo receitou o antibiótico para tratar a doença.

"Assim que comecei a tomar o remédio, já melhorei. No dia seguinte mesmo, já estava sem febre e mais nada", fala.

Formas de evitar a febre maculosa

Algumas dicas são essenciais para evitar a doença:

Nunca tire os carrapatos com as mãos, use pinças para fazer isso;

Vista roupas claras ao entrar em locais de mata, assim você consegue ver melhor o carrapato;

Deixe os animais domésticos livres de parasitas;

Em regiões de risco, use repelentes que inibem carrapatos.