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Síndrome de Guillain-Barré: surto no Peru tem risco de chegar ao Brasil?

Colaboração para VivaBem

10/07/2023 15h52

O governo peruano declarou emergência nacional de saúde devido a um surto incomum de casos da síndrome de Guillain-Barré. Essa medida foi tomada após a morte de quatro pessoas em decorrência da doença.

A síndrome é uma condição neurológica rara, porém grave, em que o sistema imunológico do corpo ataca erroneamente o sistema nervoso periférico. Isso resulta em inflamação dos nervos e fraqueza muscular progressiva, podendo levar à paralisia em casos mais graves.

De acordo com o neurologista Felipe Barros, do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, em entrevista no VivaBem Hoje, as pessoas estão sob risco de vida quando existe um acometimento dos músculos da respiração ou um descontrole muito importante da pressão arterial.

Os sintomas iniciais da doença geralmente incluem fraqueza muscular nos membros inferiores, mas ela pode se espalhar para os braços e o tronco. Além disso, os indivíduos afetados podem experimentar formigamento, dormência e dores musculares. À medida que a condição progride, a fraqueza muscular pode se tornar mais intensa e até mesmo afetar a capacidade de respiração.

O tratamento da síndrome é focado no gerenciamento dos sintomas e na prevenção de complicações, geralmente envolvendo terapia de suporte, fisioterapia e, em casos graves, a utilização de imunoglobulina intravenosa ou plasmaférese para reduzir a resposta imunológica desregulada.

Pode chegar no Brasil?

Embora a causa exata da Guillain-Barré não seja totalmente compreendida, muitos casos estão associados a infecções antecedentes, como infecções respiratórias ou gastrointestinais.

"Não há certeza do que está acontecendo no Peru em 2023, mas eles tiveram um surto parecido em 2019. Naquela época, o motivo foi o enterovírus que dá diarreia e, em várias pessoas, acabou sendo o gatilho infeccioso que desencadeou a Guillain-Barré. Então é possível que a situação de agora seja muito semelhante", afirma o médico.

A possibilidade da epidemia chegar ao Brasil não pode ser descartada, mas está fora do horizonte até o momento. De acordo com Barros, para acontecer um surto da infecção, precisa existir uma combinação entre o vírus e o código genético da população. "Então, não há como ter a certeza de que se essa cepa chegar ao Brasil, também haverá um surto", diz.