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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


6 sinais que você está sendo um ciumento tóxico (e como melhorar)

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Imagem: iStock

Priscila Carvalho

Colaboração para o VivaBem

12/07/2023 04h00

O ciúme pode ser comum e até bom em um relacionamento amoroso, demonstrando o interesse e a preocupação com o parceiro. Quando saudável, está na esfera apenas do receio e preocupação em se distanciar das pessoas e das relações que criamos. Na prática, é um sentimento que não atrapalha, controla ou machuca a vida do outro nem de si próprio.

No entanto, quando ultrapassa marcos aceitáveis e se transforma em algo tóxico, pode causar danos significativos à relação. A pessoa ciumenta obsessiva não costuma ter uma visão realista do seu próprio comportamento, não enxergando que o limite pessoal está sendo destruído e invadido.

Em geral, o ciumento tóxico busca evidências a qualquer custo e chance de desmascarar algo que, às vezes, está apenas em sua própria imaginação, não dando ouvidos a argumentos reais e provadores do contrário. Pode ainda vir acompanhado de agressões físicas, verbais e emocionais.

"O ciúme pode evidenciar algumas questões que geram aprendizados. Mas pode se mostrar disfuncional quando há um sofrimento de ambos envolvidos", explica Samarah Perszel de Freitas, psicóloga, especialista em neuropsicologia e professora do curso de psicologia da PUCPR.

Sinais de alerta

Controle excessivo: o parceiro busca controlar cada aspecto da vida do outro, desde suas interações sociais até suas escolhas pessoais. É muito comum mexer no celular, verificar e-mails, pedir para apagar fotos, aparecer de surpresa em locais públicos e até colocar um detetive atrás do companheiro.

Insegurança constante: o ciumento tóxico sempre duvida do amor e fidelidade do parceiro, independentemente das evidências contrárias. Ele começa a criar situações em que só ele acredita, dúvida do parceiro e até inverte a situação, fazendo com que o outro se sinta culpado ou inseguro.

A perspectiva patológica acaba sendo uma insegurança do passado que vai se reinventando em diversos comportamentos. Rodrigo Costa de Oliveira, psicólogo Hospitalar do Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol/UFRN), que faz parte da Rede Ebserh

Não respeita a individualidade do parceiro: não entende que o outro precisa de um tempo para si e que fazer coisas separadas também pode ser benéfico e muito saudável. Começa a colocar empecilhos e duvidar dessas atividades. Vale lembrar que é preciso que cada pessoa faça coisas que se sinta bem e sozinho, seja viajar, ir a um restaurante, encontrar amigos e outras atividades.

Isolamento: o parceiro ciumento tenta isolar o outro de amigos, família e relações significativas, criando dependência emocional.

Pedir mudanças excessivas: a pessoa começa a exigir modificações intensas para dar conta das expectativas dele. Isso inclui a aparência, o hábito ou outros.

Violência emocional: insultos, humilhações, chantagens emocionais são algumas das formas de violência emocional presentes em um relacionamento marcado pelo ciúme tóxico.

Para existir, o parceiro tem que fazer com que o outro se enquadre nesse imaginário extremamente fragmentado e inseguro de idealizações. "Se essa pessoa não for, minimamente, como eu estou idealizando, então se torna insuportável, a ponto de gerar comportamentos abusivos como aprisionamento, modificação do sujeito, solicitação de pedidos. São questões muito perigosas", pontua Oliveira.

Como não chegar na toxicidade

Antes de chegar a um nível tóxico, é importante que o casal sente e converse sobre as inseguranças e frustrações. Segundo Perszel, é fundamental cuidar da relação e perceber por qual caminho está indo o namoro ou casamento.

Não coloque terceiros ou aja por impulso. Em vez de procurar coisas no celular da pessoa, busque ter uma conversa franca e sincera a dois. Faça questionamentos como: Está acontecendo alguma coisa? É algo seu? O que está promovendo esse afastamento?. "Essa é a forma de prevenir algo insustentável e evitar um sofrimento", pontua a profissional da PUC PR.

Ter um comportamento obsessivo ou compulsivo pode ainda terminar relações, inclusive as mais duradouras.

Como melhorar e procurar ajuda?

Superar o ciúme tóxico requer comprometimento e esforço de ambas as partes. Mas a boa notícia é que é possível fazer isso aos poucos. Veja abaixo:

Autoconhecimento: o primeiro passo é reconhecer e admitir que o ciúme excessivo está presente no relacionamento. Buscar entender as causas desse sentimento, como inseguranças pessoais, experiências passadas ou traumas emocionais, é essencial.

Comunicação aberta e não violenta: promover uma comunicação honesta e aberta entre o casal é fundamental. Expressar sentimentos, medos e preocupações de forma assertiva e sem julgamentos permite construir uma base sólida de confiança.

Estabelecer limites saudáveis: é importante que o casal discuta e defina limites claros para o relacionamento. Isso inclui respeitar a privacidade individual, permitir atividades independentes e incentivar o crescimento pessoal de cada um.

Buscar ajuda profissional: em casos mais graves, buscar a orientação de um terapeuta especializado em relacionamentos pode ser extremamente benéfico. Um profissional qualificado poderá auxiliar o casal a desenvolver habilidades de comunicação, trabalhar na autoestima e lidar com questões emocionais subjacentes.

O ciúmes acaba controlando e sufocando o outro. Causando prejuízos emocionais e sequelas pontuais ou crônicas. A ideia é que a terapia ocorra desde o início, quando esses comportamentos aparecem. Quanto mais tardio, maiores os danos e sequelas emocionais. Aline Oliveira, psicóloga do Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR)