Atividade física ajuda a combater sintomas da covid longa
Uma pesquisa inédita feita pela Faculdade de Medicina da USP acaba de demonstrar que a atividade física melhora a qualidade de vida e ameniza os sintomas da covid longa em pacientes que tiveram a forma grave da doença. O estudo acaba de ser publicado no British Journal of Sports Medicine. Ainda há poucos estudos sobre os benefícios da atividade física nesses casos.
Como o estudo foi feito
Para testar a hipótese, os pesquisadores acompanharam 50 pacientes que tinham recebido alta da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) havia cinco meses, em média. Eles foram divididos em dois grupos: enquanto metade seguiu um programa de exercícios online, os demais serviram de controle e receberam atendimento padrão.
Durante 16 semanas, os participantes praticaram exercícios em casa, incluindo aeróbicos e de força, três vezes por semana em sessões de 60 a 80 minutos.
O grupo foi parcialmente supervisionado: em alguns casos, um pesquisador acompanhava o paciente em tempo real; em outros, a pessoa seguia sozinha as orientações, mas sempre reportando os resultados.
O volume, a intensidade e a complexidade dos exercícios foram crescentes ao longo do programa, de acordo com a capacidade de cada um, à medida que evoluíam.
Principais resultados
Ao comparar os resultados dos dois grupos, aqueles que fizeram exercícios tiveram uma melhora significativa na qualidade de vida e na saúde geral, além de sintomas como fadiga, fraqueza e dor muscular, em relação ao grupo controle.
Os dados também sugerem ganhos na capacidade funcional, função cardiorrespiratória e pulmonar.
Constatamos que a atividade física é um meio seguro que ajuda na recuperação dos pacientes que sofrem com os efeitos da covid longa e que, pode, potencialmente, ser implementado em larga escala como um tratamento coadjuvante nesses casos. Hamilton Roschel, pesquisador, coordenador do grupo de pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição da Faculdade de Medicina da USP e um dos líderes do trabalho
A chamada síndrome da covid longa afeta algo entre 10% e 80% dos pacientes e é caracterizada quando sintomas como fadiga ou falta de ar duram mais do que 12 semanas após a infecção sem nenhuma outra explicação, afetando a qualidade de vida.
Os pacientes também podem sofrer com problemas cardiovasculares, respiratórios, musculoesqueléticos, metabólicos e psicológicos. Estudos mostram que, quanto mais grave o quadro de covid, piores as consequências a longo prazo da doença.
"Mas, antes de começar a se exercitar, é preciso passar pelo aval médico, já que a covid pode incorrer em sequelas mais graves, que impedem o início imediato de um programa de exercícios", lembra Roschel.
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