Estudo: apneia do sono acelera o envelhecimento, mas aparelho pode ajudar
Do VivaBem*, em São Paulo
17/07/2023 16h55
Uma pesquisa da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) mostrou que a apneia do sono acelera o envelhecimento.
A apneia é um distúrbio do sono em que a pessoa tem pausas na respiração durante a noite, que duram segundos ou até minutos. Isso causa despertares noturnos, que, claro, prejudicam a qualidade do sono.
O estudo, publicado no periódico Sleep, apontou que a apneia acelera o encurtamento dos telômeros, estruturas que ficam nas extremidades dos cromossomos e preservam o material genético. Quando os telômeros ficam muito pequenos, a célula para de se multiplicar, causando o envelhecimento.
Mas, segundo os pesquisadores, usar um aparelho chamado CPAP, da sigla em inglês para pressão positiva contínua em vias aéreas, ajuda a evitar esses efeitos. Ele é acoplado a uma máscara e lança ar no nariz durante o sono, para regular a respiração.
Como o estudo foi feito?
No estudo, a equipe acompanhou 46 homens na faixa dos 60 anos que tinham apneia moderada ou grave.
Os participantes foram divididos em dois: metade usou o CPAP para dormir, e o restante usou um aparelho parecido, mas com vazamentos de ar que impediam o efeito terapêutico.
Nas visitas mensais, os cientistas checaram a adesão dos pacientes ao aparelho, terapia considerada complexa e incômoda, e coletaram sangue para mensurar o comprimento dos telômeros —análise realizada em três ocasiões: no início do experimento, após um período de três meses e ao final da intervenção.
Os resultados indicaram que o CPAP acentuou os níveis no sangue que aceleram o encurtamento dos telômeros —marcadores biológicos inflamatórios e de estresse oxidativo.
Já no grupo que usou o outro método, sem tratar a apneia, esses níveis foram maiores.
O encurtamento dos telômeros é inevitável porque está relacionado à inflamação e ao estresse oxidativo do envelhecimento, mas descobrimos que pessoas com apneia apresentam uma aceleração desse processo. Observamos ainda que, tanto aos três quanto aos seis meses, o uso do CPAP atenuava essa aceleração. Priscila Farias Tempaku, pesquisadora do Departamento de Psicobiologia da Unifesp e autora do estudo à Agência Fapesp
Apneia é coisa séria
Além do envelhecimento, a apneia está associada a problemas de saúde, como:
- Aumento de risco cardiovascular;
- Hipertensão;
- Insuficiência cardíaca;
- Diabetes;
- Comprometimento cognitivo: da memória e da concentração, por exemplo.
Os principais sinais do distúrbio são: ronco, fadiga durante o dia e falta de foco.
O diagnóstico requer um exame conhecido como polissonografia. E o tratamento, além do uso de CPAP, costuma envolver mudança no estilo de vida, incluindo perda de peso, redução no consumo de bebida alcoólica à noite e de remédios para dormir.
*Com informações da Agência Fapesp.