Aos 76, ela sentiu agilidade aumentar com exercício físico: 'Melhorei 99%'
Célia Costa, 76, sofreu um acidente em 2014 e quebrou duas vértebras. Antes, no cargo de professora por décadas, tinha desenvolvido artrose. Hoje, ela vive com um pino no pescoço.
No senso comum, seria natural imaginá-la com movimentos limitados, mas não foi isso que VivaBem presenciou. Ela dança, faz agachamento, afundo e exercício isométrico —na capacidade que o corpo dela permite. E diz que viaja bastante.
Há um ano, ela integra o grupo de alunos 60+ que participam do projeto Viver Melhor, do Instituto Família Barrichello, que ocorre duas vezes por semana no Shopping Metrô Itaquera, na zona leste da capital paulista.
Desde então, sente os benefícios.
Melhorei 99%. Minha agilidade de subir e descer escada melhorou, de serviço de casa.
Sempre ativa, antes do acidente ela fazia caminhada e ginástica. O exemplo de Célia se repete entre mulheres e homens com mais de 60 anos que praticam exercícios físicos.
"Em três meses, não tomo mais remédio controlado para os nervos e estou ativa o tempo todo", conta Maria Ivone Dias Joffre, 71.
Ela tem diagnóstico de diabetes há 30 anos e de neuropatia diabética há dez. Os músculos da perna murcharam, diz, e os nervos "começaram a morrer". Com o risco de ficar em uma cadeira de rodas, ela se mobilizou.
Movimentar mais o corpo lhe trouxe força e disposição. A caminhada é mais rápida e as atividades do dia a dia são mais fáceis de realizar. Hoje, tem mais qualidade de vida. "Consigo brincar com os netos, passear. Estou muito feliz. Se todo mundo tivesse esse pensamento, não ficava numa cama. O exercício é muito bom."
Já Ednalva Domingos Gabira, 64, diversificou as práticas. Faz musicoterapia, participa de jogos que estimulam a cognição e pratica futebol, atividades oferecidas na ONG Liga Solidária. "Mas o top mesmo é o futebol", ela afirma.
Mas o esporte não é praticado nos moldes convencionais. Não pode correr nem roubar a bola do adversário. É preciso ter mais consciência corporal para dominar a bola, prestar atenção ao colega de time e repassar. É o walking football, modalidade direcionada para a longevidade.
Além do estímulo físico, ela destaca a interação social como benefício. "Acho legal essa convivência com outras pessoas. Cada um com suas limitações fazendo o que é adequado para o seu corpo", diz.
Bem-estar após os 60
O que elas relatam está comprovado pela ciência: exercícios físicos protegem de doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer.
Não significa que a pessoa está totalmente isenta de ter alguma dessas condições, mas o risco diminui consideravelmente e ameniza a situação de quem já tem.
A prática também está associada à melhoria da saúde mental e à prevenção ou atenuação do declínio funcional e cognitivo.
Para ter benefícios substanciais à saúde, a OMS indica que idosos pratiquem atividades físicas focadas em equilíbrio e coordenação, além de fortalecimento muscular para prevenir quedas.
A recomendação semanal da entidade é:
- Pelo menos de 150 a 300 minutos de atividade física aeróbica de intensidade moderada;
- Ou pelo menos de 75 a 150 minutos de atividade física aeróbica de intensidade vigorosa;
- Ou uma combinação equivalente de atividades físicas com intensidade moderada e vigorosa.
Especialistas ouvidos por VivaBem também dão 7 recomendações e alertas:
- Antes de começar, pergunte ao seu médico se você está liberado para a prática de exercícios físicos.
- Busque acompanhamento de um profissional de educação física, que vai prescrever os exercícios e as quantidades ideais para você.
- Faça no seu limite e não se compare. A amplitude e intensidade do movimento devem ser adequadas para a sua condição. Se há dor ou está muito ofegante, é melhor ir com mais calma.
- Ao longo dos exercícios, faça pausas para se hidratar e recuperar o fôlego.
- Perceba como o seu corpo reage e comunique a quem está te acompanhando.
- Ao ver os resultados positivos, continue. É a prática constante que vai permitir uma melhor saúde ao longo dos anos. Se parar, o efeito é interrompido e os problemas podem voltar.
- Exercício não substitui medicação. Caso você tenha uma doença crônica, não deixe de tomar seus remédios. Embora os exercícios melhorem o corpo e por vezes levem à redução ou eliminação deles, apenas o seu médico pode te orientar quanto a isso.
Fontes: Carina Silva Corrêa, professora titular do projeto Viver Melhor; Fátima Fernandes, professora auxiliar do projeto Viver Melhor; Marzo Grigoletto, professor do DEF/UFS (Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Sergipe); e Ricardo Leme, fundador e presidente da Walking Football Brasil
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