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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Em 2021, 62% dos pacientes com câncer tiveram diagnóstico tardio no país

De VivaBem, em São Paulo

22/07/2023 11h51

Mais da metade dos casos de câncer do SUS (Sistema Único de Saúde) iniciam seus tratamentos já nos estágios avançados ou metastáticos.

É o que mostram os dados do Ministério da Saúde, compilados e analisados pelo Instituto Oncoguia, organização sem fins lucrativos que atua na defesa dos direitos dos pacientes com câncer. Todas as informações estão disponíveis na plataforma Radar do Câncer, mantida e atualizada pela instituição.

Considerando dados levantados entre 2008 e 2021, o SUS atendeu cerca de 2,7 milhões de pacientes com câncer, com uma média de 192 mil novos casos por ano.

Ainda que o sistema público tenha conseguido expandir sua rede de cuidado e abarcar cada vez mais pessoas no tratamento oncológico, esse atendimento vem sofrendo atrasos e um baixo investimento, o que impacta
diretamente no prognóstico dos pacientes.

Nos 13 anos de dados disponíveis, em média, 58% dos pacientes iniciam seus tratamentos (quimioterápico e/ou radioterápico) com o câncer nos estágios avançados ou metastáticos.

As taxas de diagnósticos tardios vêm aumentando:

Em 2008, 53% dos pacientes iniciaram o tratamento em estágio avançado.

Em 2021, esse número foi de 62%, um aumento de nove pontos percentuais.

Na distribuição por sexo, os homens são os que têm diagnósticos mais tardios: 67,2% iniciam tratamentos com tumores mais avançados, contra 59,4% das mulheres.

Entre os obstáculos que dificultam a detecção precoce da doença estão a dificuldade de acesso e demora no agendamento de consultas e exames, e a falta de informação sobre sintomas e diagnóstico do câncer.

São falhas na estratégia de atenção ao câncer que podem significar um impacto gigantesco na sobrevida daquele paciente. O câncer precisa ser mais priorizado, o que, na prática, significa termos programas e políticas mais efetivas que garantam de verdade o acesso a um cuidado atual, integral e efetivo para os pacientes. Luciana Holtz, presidente e fundadora do Oncoguia

No câncer de pâncreas, por exemplo, em que o diagnóstico em estadiamento avançado ocorre em 85% dos casos, a taxa de sobrevida após cinco anos do diagnóstico tardio é inferior a 5%.

Com o diagnóstico precoce, de acordo o Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos, a taxa de sobrevida em cinco anos salta para 43,9%.

Dados regionais

O Radar do Câncer também diferencia as informações de estadiamento por região e estado brasileiro.

De acordo com os dados referentes ao período de 2019 e 2021, 59% dos pacientes oncológicos foram diagnosticados tardiamente no estado de São Paulo.

O estado com o pior cenário é o Acre, com 80,5% dos novos pacientes iniciando tratamento em estadiamento localmente avançado ou metastático.

Em contrapartida, o estado com o melhor cenário é o Amapá, com 26,7% dos novos casos sendo diagnosticados tardiamente.

Sobre o Radar do Câncer

O Radar do Câncer é um portal que agrupa e organiza dados sobre o câncer no Brasil de fontes públicas de uma forma prática e fácil para a consulta da população, profissionais da saúde, mídia em geral e também tomadores de decisão.

O objetivo da plataforma é servir de base para análises sobre a situação da Oncologia no país e auxiliar a gestão e criação de políticas públicas efetivas sobre o tema.

Os dados sobre estadiamento foram compilados a partir de bases de dados do Painel-Oncologia, que utiliza informações do Sistema de Informação Ambulatorial (SIA), do Sistema de Informação Hospitalar (SIH) e do Sistema de Informações de Câncer (SISCAN) geridos pelo Ministério da Saúde e processador Departamento de Informática do SUS (DATASUS).

A análise do Oncoguia leva em consideração apenas os registros que contavam com informações sobre o estadiamento da doença.

Em 2021, 61% dos casos de câncer documentados no SUS não tinham o estadiamento registrado. Em 2013, apenas 15% não contavam com a informação, uma diferença de 46 pontos percentuais em oito anos.