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Existe 'estômago fraco'? Algumas pessoas são mais resistentes que outras?

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Imagem: iStock

Priscila Carvalho

Colaboração para o VivaBem

22/07/2023 04h00

Você conhece ou é aquela pessoa que passa mal sempre que come na rua? O termo "estômago fraco" é usado informalmente para descrever uma pessoa que é mais suscetível a sofrer problemas digestivos, como náuseas, refluxo, vômitos, diarreia ou desconforto abdominal, após consumir certos alimentos ou comer fora de casa.

Embora seja muito comum usar esse termo, especialistas ouvidos por VivaBem reforçam que ter um estômago mais "forte" ou mais "fraco" não depende de um único fator. Além disso, essa não seria a melhor denominação a ser usada.

"Existem pessoas que têm uma sensibilidade maior. Isso tem relação com uma sensibilidade alimentar e que causa sintomas desagradáveis. Há pessoas, por exemplo, que podem ingerir alimentos como trigo, mesmo não tendo doença celíaca, e têm uma distensão abdominal", diz Bruno Sander, gastroenterologista e endoscopista, especialista em emagrecimento e com doutorado pela UFMG.

Outro fator determinante, muitas vezes, é a frequência e exposição com que a pessoa ingeriu determinado alimento ou temperos ao longo da vida. "Um exemplo típico são aquelas crianças que desde cedo têm um contato maior com aquele tipo de alimento, aquele tipo de tempero, então elas desenvolvem, de fato, uma tolerância muito maior ao longo da vida", afirma o especialista.

Por que há quem sofra menos?

É verdade que algumas pessoas parecem ter uma maior tolerância a comidas de rua, enquanto outras podem enfrentar desconforto gastrointestinal depois de consumi-las. Essa diferença de tolerância pode ser atribuída a uma série de fatores individuais, como:

Hábitos alimentares anteriores: pessoas acostumadas a uma dieta variada e rica em diferentes tipos de alimentos podem ter uma microbiota intestinal mais diversificada e, portanto, uma melhor capacidade de lidar com alimentos diferentes, incluindo os de rua.

Histórico de exposição: a exposição frequente a alimentos de rua ao longo do tempo pode ajudar o organismo a se adaptar e desenvolver uma maior resistência a possíveis patógenos ou substâncias irritantes.O mesmo vale para temperos ou condimentos mais fortes.

Sistema imunológico e saúde geral: um sistema imunológico forte e uma boa saúde geral podem contribuir para uma melhor resposta do organismo aos alimentos consumidos.

Sensibilidade a ingredientes específicos: algumas pessoas podem ser mais sensíveis a certos ingredientes, como gorduras, temperos ou aditivos alimentares. Essa sensibilidade individual pode levar a desconforto ou sintomas digestivos.

Refluxo é uma das principais causas

O que parece ser um "estômago fraco", muitas vezes tem a ver com o refluxo. Segundo dados do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, o refluxo gastroesofágico acomete cerca de 25,2 milhões de brasileiros, o equivalente a aproximadamente 12% da população.

"Alguns vão ter o estômago um pouco mais sensível, da forma leiga de falar, porque vão ter mais refluxo quando comerem algum tipo de alimento mais pesado ou mais temperado, ou determinados tipos de comidas que geram mais refluxo", diz Felipe Matz, gastroenterologista e diretor médico da Endodiagnostic, no Rio de Janeiro.

Pessoas que são mais sensíveis a determinados alimentos e comidas apresentam uma queimação maior e acabam sofrendo com uma distensão abdominal. Geralmente, elas sofrem mais com episódios de acidez no estômago.

"Eles vão ter o que a gente chama de azia, que é o ácido do estômago voltando para o esôfago, que dá esse incômodo que parece ser uma gastrite, mas na verdade seria uma esofagite, que é o que caracteriza mais a doença do refluxo", pontua Matz.

Para diminuir esse desconforto, é indicado mudar os hábitos alimentares e evitar os gatilhos que causam o problema. "O ideal é suspender café, chocolate, bebidas alcoólicas, leite, se a pessoa for intolerante à lactose", destaca Rogério Pinheiro Alves, gastroenterologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Em alguns casos, é necessário tratar com medicação ou até cirurgia. Outra recomendação é fazer mais exercício físico, que ajuda o esvaziamento rápido e o bom funcionamento do tubo digestivo como um todo. Por último, evite roupa muito apertada, além de esperar pelo menos uma hora e meia a duas horas antes de se deitar após ingerir algum alimento.

Sensibilidade estomacal piora com a idade?

O problema tende a piorar ainda mais quando envelhecemos. Na prática, quanto maior a idade, mais intolerante o trato intestinal fica para muitos alimentos considerados "mais fortes" e de digestão mais lenta, que são mais pesados, gordurosos e que exigem um cuidado maior.

A tendência é que esses sintomas piorem, porque toda a questão do controle do refluxo no nosso tubo digestivo alto tem a ver com válvulas musculares que impedem esse problema. Na terceira idade, essas válvulas podem apresentar algum tipo de frouxidão.