Pode tomar pílula do dia seguinte enquanto se usa outro anticoncepcional?
A pílula do dia seguinte é um anticoncepcional considerado de emergência, ou seja, que deve ser usado quando algo deu errado: seja o esquecimento da camisinha, algum rompimento dessa barreira, esquecimento da pílula ou mesmo situações de vulnerabilidade sexual, em que houve abuso e a mulher não quer que desta relação resulte uma gravidez.
Hoje, existem duas formas hormonais de se fazer a contracepção de emergência:
- Método Yuzpe: consiste em duas doses da combinação contendo 500 microgramas (mcg) de levonorgestrel + 100 mcg de etinilestradiol, com intervalo de 12 horas entre elas. Este tratamento deve ser concluído em até 72 horas após a relação sexual desprotegida;
- Levonorgestrel: é uma dose de 1,5 miligrama (mg) de levonorgestrel (um comprimido de 1,5 mg ou dois comprimidos de 0,75 mg), tomado de uma vez ou alternativamente com intervalo de 12 horas entre elas. Este tratamento deve ser feito até cinco dias após a relação sexual desprotegida, mas a eficácia é maior quanto antes for utilizado.
Normalmente, esses hormônios agem em mais de um aspecto que pode favorecer a fecundação do espermatozoide e óvulo:
- Impedindo a ovulação ou retardando a ovulação por alguns dias;
- Alterando o transporte dos espermatozoides e do óvulo nas trompas;
- Modificando o muco cervical, tornando-o espesso e hostil para a entrada dos espermatozoides no trato genital feminino até as trompas;
- Interfere na capacitação dos espermatozoides, processo no qual eles se tornam aptos à fecundação.
Outra opção, um pouco menos acessível, é a colocação de um DIU de cobre até cinco dias após a relação desprotegida: ele possui eficácia superior a 99% na prevenção da gravidez. Uma vez inserido, a mulher pode continuar a usá-lo como um método regular de contracepção ou decidir mudar para outro método.
Mas se eu já uso um método contraceptivo, posso recorrer à pílula do dia seguinte?
Se estamos falando em um contraceptivo que não seja a camisinha, então a resposta é não. Normalmente, algumas mulheres podem ficar paranoicas e querer usar a pílula do dia seguinte mesmo quando sua contracepção de longo prazo está correta.
O perigo está no fato de que a dosagem da pílula do dia seguinte equivale a quase uma caixa inteira de pílulas anticoncepcionais, ou seja, sua associação com outros contraceptivos hormonais causa uma sobredosagem dessas substâncias.
Tudo muda, no entanto, caso ele não tenha sido usado corretamente.
Como assim? Vamos supor que a mulher use pílula anticoncepcional que é ingerida diariamente. Se ela for esquecida ou tomada com intervalos de horário muito irregulares, então essa é uma situação em que você deve recorrer ao contraceptivo de emergência, caso tenha esquecido a camisinha.
Outro caso é se o DIU utilizado está mal implantado (ou se faz tempo que a mulher não faz a consulta de rotina para ver como ele está!) ou já passou da data de vencimento —5 anos para o hormonal, 5 a 10 anos para o de cobre ou prata. Nessas situações, como eles não estão agindo corretamente, não haverá problemas de sobreposição hormonal.
O que acontece se eu tomo a pílula do dia seguinte quando já estou usando...
- pílula anticoncepcional regularmente: haverá um aumento dos efeitos adversos, como: náuseas e vômitos, sangramento vaginal irregular e fadiga. Além disso, podem surgir dores de cabeça, dor nas mamas e vertigem. Se a associação for repetida, há mais risco de trombose e irregularidade menstrual;
- injeção anticoncepcional: são consequências semelhantes às citadas acima;
- DIU hormonal: consequências parecidas com as já citadas, por serem métodos hormonais;
- DIU de cobre ou prata: pode causar sangramento anormal.
Ou seja, nada de paranoias: se você usa essas anticoncepcionais da forma recomendada, não precisa recorrer à pílula do dia seguinte.
Cuidado com exageros nas emergências
Outro ponto importante para mulheres que costumam recorrer à pílula do dia seguinte é não usá-la muitas vezes seguidas: como sua dosagem hormonal é alta, isso pode causar consequências semelhantes ao uso dela com outros anticoncepcionais.
Além disso, é importante frisar que os contraceptivos como DIU, implante, injeção e até a pílula oral são mais eficazes a longo prazo. E os dois últimos inclusive são acessíveis pelo SUS.
Se você esquece muito o preservativo, considere um deles. Mas lembre-se, apenas a camisinha protege você contra as ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), como Aids, sífilis e gonorreia.
Fontes: Alessandra Aleixo Albuquerque, ginecologista e preceptora do departamento de ginecologia e obstetrícia do HU-UFS (Hospital Universitário da Universidade Federal do Sergipe), filiado à rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares); Eduardo Vieira da Motta, ginecologista do Hospital Sírio-Libanês (SP) e professor da pós-graduação em ginecologia endócrina e ginecologia da infância e adolescência da mesma instituição; e Pamela Saavedra, farmacêutica do CEBRIm do CFF (Centro de Informação sobre Medicamentos do Conselho Federal de Farmácia).
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.