Lavar louça e estender roupa podem prejudicar coluna; atente-se aos sinais
Considerada uma das estruturas mais importantes do corpo humano, a coluna vertebral é responsável por proteger a medula espinhal e permitir a mobilidade do tronco. Muitas vezes, não damos tamanha atenção ao cuidados que devemos ter em nosso dia a dia para mantê-la saudável.
Artrose, bico de papagaio e hérnia de disco são doenças degenerativas causadas por má postura, movimentos repetitivos ao curvar a coluna, carregar peso excessivo, e ações de outros fatores biomecânicos que causam desgastes ao longo do tempo.
Atividades do dia a dia como varrer a casa, lavar louça, estender roupas, cozinhar, cuidar do jardim, entre outros afazeres, exigem esforço físico e podem submeter o corpo a posturas arriscadas para a coluna.
"É muito comum queixas no consultório de pessoas com lombalgia e cervicalgia, ou seja, dor nas costas e no pescoço, relacionados a atividades domésticas devido aos movimentos repetitivos. Por exemplo, o ato de lavar louça faz com que a pessoa fique com o pescoço inclinado para frente, você desloca o seu eixo de equilíbrio forçando e pressionando os elementos anteriores da coluna", explica o especialista Guilherme Rossoni.
O especialista orienta que, ao invés de ficar inclinado, tente apoiar um dos pés em um "banquinho" do tamanho de um tijolo, para ficar lateralizado e intercalar de tempos em tempos entre um lado e outro para deslocar o peso do corpo.
Varrer ou passar o rodo faz com que você tenha movimentos de torção na coluna. A dica é utilizar vassoura ou rodo com cabos longos para evitar o agachamento e movimentos de torção.
Outra coisa que fazemos muito errado no dia a dia é o levantamento de peso. Grande parte das pessoas deixa as pernas esticadas usando a força dos troncos e dos braços, quando na verdade a forma correta é agachar-se com os joelhos flexionados e usar as forças das pernas para carregar ou levantar o peso.
Fatores genéticos e externos afetam a coluna
A Pesquisa de Nacional de Saúde de 2019, com mais de 88 mil adultos participantes, mostrou que mais de 20% desses adultos apresentavam dor de coluna crônica. O problema é mais comum em mulheres, fumantes e pacientes que tinham outras questões de saúde como obesidade, hipertensão e colesterol aumentado.
O fator genético pode contribuir para o surgimento ou agravamento das três doenças, principalmente a hérnia de disco.
A artrose ou osteoartrite é o desgaste da cartilagem que reveste as articulações (juntas). É um fenômeno natural que faz parte do envelhecimento do organismo.
O bico de papagaio é o menos comum, e pode aparecer de maneira assintomática na população em geral, mas quando presente de forma exuberante, pode sugerir algumas doenças de caráter genético, como as autoimunes (lúpus, artrite reumatoide e espondilite anquilosante).
Fatores externos podem favorecer o aparecimento com doenças na coluna, entre eles sobrepeso/obesidade, sedentarismo, tabagismo, osteoporose, movimentos repetitivos e má postura.
Além disso, atividades físicas sem acompanhamento profissional pode colaborar para as três doenças, principalmente para hérnia de disco.
Fique atento aos sintomas
Os sinais de problemas na coluna dependem do distúrbio específico e frequentemente afetam outras partes do corpo, dependendo da área ou da medula espinhal afetada. Os mais comuns são:
- Ombros ou costas anormalmente arredondados;
- Dor nas costas ou no pescoço que pode ser aguda e penetrante, dolorosa ou ardente;
- Disfunção da bexiga ou intestino;
- Dor irradiando nos braços ou pernas;
- Rigidez muscular;
- Aparência irregular, como um ombro ou quadril maior do que o outro;
- Fraqueza, dormência ou formigamento nos braços ou pernas.
O diagnóstico deve ser realizado pelo ortopedista através de exame físico, avaliação de sintomas, do histórico de saúde e da realização de exames de imagem como raio-X da coluna, tomografia computadorizada ou ressonância magnética.
O tratamento de doenças da coluna vertebral, sempre que possível, deve ser inicialmente não cirúrgico. O foco deve ser em exercícios de fortalecimento do tronco e dos membros inferiores.
Atenção ao colchão e travesseiro
Uma boa noite de sono e descanso é essencial para qualidade de vida. Portanto, colchão e travesseiro devem ser escolhidos da melhor forma possível evitando dores e desconfortos na coluna.
No sono é o período que nossa musculatura relaxa e quando ela consegue se regenerar dos microtraumas repetitivos submetidos durante o dia.
Pensando na qualidade do sono, a postura como dormimos também é muito importante. A posição mais recomendada para quem sofre com problemas de coluna é dormir de barriga pra cima com travesseiro de média altura debaixo do joelho, pra que fique levemente flexionado.
O travesseiro deve ser de média altura pra que ele preencha todo o espaço entre a cabeça, pescoço, ombro e o colchão. Agora se você dorme de lado, que também é recomendado, o ideal é deixar o travesseiro entre as pernas para que os joelhos fiquem levemente dobrados, isso faz com que você diminua a sobrecarga exercida na coluna lombar.
Em relação ao colchão mais indicado, existe uma tabela do Inmetro da densidade do colchão, mostrando o ideal baseado na sua altura e peso. O mais utilizado é o intermediário intitulado D40.
Pra quem dorme de lado, o colchão de mola também é uma boa opção. Dentro dessa variedade, o que traz o melhor benefício para o paciente com problema de coluna é o colchão ortopédico, que é o de espuma intercalado com a madeira.
Como prevenir?
Os especialistas orientam que o importante é manter uma constância de exercícios. O ideal seria de 3 a 4 vezes por semana, totalizando ao menos 150 minutos.
Postura correta mantendo corpo alinhado, evitar movimentos repetitivos, evitar levantar muito peso, manter o peso adequado, parar de fumar e para quem usa salto alto evitar o uso frequente, principalmente pra quem já tem predisposição para essas doenças.
Importante salientar que atividades físicas como pilates e musculação, desde que supervisionadas, podem ser aliadas para melhora das doenças, uma vez que fortalecem a musculatura estabilizadora da coluna, prevenindo ou retardando o surgimento dessas doenças.
Fontes: Ricardo Meirelles, chefe do Centro de Doenças da Coluna do Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia); Luciano Miller, cirurgião de coluna do Hospital Albert Einstein, professor livre docente na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), professor adjunto da Faculdade de Medicina do ABC e chefe do Grupo de coluna da Faculdade de Medicina do ABC; Carlos Romeiro, médico em ortopedia e traumatologia do Hospital Getúlio Vargas, no Recife, cirurgião ortopedista do Instituto de Coluna e Ortopedia Especializada no Recife e em Olinda e Hospital Estadual do Agreste, em Caruaru (PE); e Guilherme Rossoni, especialista em neurocirurgia.
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