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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


'Escorria sangue da pinta': como atriz da Globo descobriu câncer de pele

De VivaBem, em São Paulo

31/07/2023 04h00

A atriz Lorena Comparato, 33, descobriu que tinha um câncer de pele em 2022. Mas ela nunca imaginou que uma pinta seria o sinal da doença.

"Sempre fui cheia de pintinhas. Meus pais também são assim. Tomou sol, bobeou e aparecem pintas novas no rosto. Algumas são de nascença e outras vão surgindo", lembra.

Acostumada com as pintas no corpo, não desconfiou quando uma nova surgiu na região do colo —um pouco acima dos seios.

"Reparei que, um dia, ela ficou inflamada", lembra a atriz que atualmente vive entre o Rio de Janeiro e Los Angeles (EUA).

Com isso, ela resolveu entrar em contato com uma dermatologista que a acompanha desde a adolescência, quando a atriz tratava problemas com acne.

Mandei uma foto para mostrar essa pinta e ela achou que eu tinha arranhado enquanto dormia, mas pediu que eu fosse ao consultório quando voltasse de viagem. Mas eu não fui. Alguns meses depois, estava no banho e a pinta começou a sangrar. Escorria sangue da pinta. Lorena Comparato

lorena comparato - Reprodução/Instagram @lorenacomparato - Reprodução/Instagram @lorenacomparato
Imagem: Reprodução/Instagram @lorenacomparato

Em contato com a médica, ela comentou que aquilo poderia sim ser câncer —a atriz pensou que era alguma brincadeira, mas depois ficou assustada com a possibilidade.

"Câncer é um palavrão. A gente tem um inconsciente coletivo de muito medo. Quando tinha 17 anos, perdi uma grande amiga para o câncer e um primo de 40 anos. É uma doença tenebrosa", conta.

Lorena precisou fazer biópsia da pinta, exame que confirmou o carcinoma basocelular, o tipo mais comum de câncer de pele.

Estava fazendo 'Cine Holliúdy' [TV Globo] e voltei para as gravações desesperada porque não tinha nem tempo para operar. Mas todos disseram que a saúde vem em primeiro lugar. Operei e voltei depois da recuperação. Lorena Comparato

Logo em seguida, a atriz passou por uma cirurgia com anestesia local para retirar a região afetada pelo câncer.

"Faço check-up a cada 6 meses, e sempre ficamos de olho nas pintas. Tem muitos fatores externos para o câncer de pele e com exposição solar sempre muito displicente. Hoje em dia sou mais cuidadosa", diz.

Lorena Comparato - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Pinta ficava localizada na região do colo de Lorena
Imagem: Arquivo pessoal

5 coisas sobre o câncer de pele

O carcinoma basocelular é o tipo mais prevalente entre os cânceres de pele. Ele surge nas células basais que se encontram na parte inferior da epiderme, que é a parte externa da pele.

O carcinoma basocelular tem baixa letalidade e cresce lentamente ao longo dos meses ou anos. Pode ser totalmente curado em caso de detecção precoce e com tratamento adequado.

A exposição solar exagerada e desprotegida ao longo da vida, além dos episódios de queimadura solares, são os principais fatores de risco para o câncer da pele.

Geralmente é encontrado em regiões expostas ao sol, com o rosto, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas. No entanto, também se desenvolve em áreas não expostas.

A manifestação mais comum é um "caroço", uma "espinha que não passa", manchas avermelhadas, brilhantes, com um crosta no meio que pode sangrar com facilidade. Em alguns casos, também pode apresentar um pigmento escuro.

É muito comum que os pacientes falem que secaram essa 'espinha' com toalha e, depois, sangrou. É um caroço que começa bem pequeno, mas conforme ele cresce, ele vai ganhando dimensões maiores. Felipe Cerci, dermatologista e membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), mestrado com enfoque em carcinoma basocelular no Hospital de Clínicas da UFPR (Universidade Federal do Paraná)

Tem risco de metástase?

Lorena Comparato - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Lorena já fez cirurgia de retirada do câncer de pele
Imagem: Reprodução/Instagram

Algo que Lorena descobriu assim que soube do diagnóstico era sua gravidade. A médica logo explicou que esse tipo de câncer de pele não costuma se desenvolver para uma metástase, ou seja, ele não vai se espalhar para outras partes do corpo.

De acordo com os especialistas, a situação é realmente rara. "É difícil até de estimar a frequência que isso possa ocorrer. É tão raro que é algo que nem comentamos com os pacientes. Trabalho com isso há 14 anos e só vi um caso de metástase. E era caso de uma lesão de 40 centímetros nas costas. O paciente iria até participar de um estudo clínica para uma medicação", lembra Cerci.

No entanto, não se pode menosprezar um câncer de pele, sobretudo para evitar seu crescimento e um possível acometimento na cartilagem e nos ossos. O tratamento deve ser feito o quanto antes, reforça Sergio Palma, ex-presidente da SBD e dermatologista pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).

Com isso, você evita provocar lesões mutilantes e desfigurantes. Muitas ficam situadas em áreas nobres do rosto, como pálpebras e orelhas. A cirurgia pode causar um 'defeito' na região que, depois, será necessário fazer uma reconstrução do tecido. Sergio Palma, dermatologista

O padrão ouro de tratamento é a cirurgia de remoção da lesão, que apresenta altas taxas de cura. Outro ponto importante é a prevenção.

"O carcinoma basocelular pode ser prevenível e ela deve ocorrer desde cedo, com a necessidade de sempre cuidarmos da pele. A fotoproteção deve vir desde a infância", explica Palma.

Há ainda outras medidas:

Passar protetor solar diariamente, mas principalmente durante o verão, e reaplicá-lo a cada 2h ou se tiver contato com água;

Usar óculos de sol, bonés e chapéus;

Utilizar blusas com fator de proteção, sobretudo para quem trabalha mais exposto ao sol;

Evitar exposição solar entre 9h e 15h;

Consulte um dermatologista ao menos uma vez ao ano para fazer um exame completo da pele;

Tenha o hábito de observar a própria pele e fazer o auto-exame em busca de pintas ou manchas suspeitas.

Mais cuidados com a saúde

Lorena Comparato - Divulgação/Pupindeleu - Divulgação/Pupindeleu
Lorena passou por 6 procedimentos neste ano
Imagem: Divulgação/Pupindeleu

Neste ano, Lorena passou por diversos procedimentos. A atriz tinha um cisto de 1,5 centímetros entre o nariz e garganta e, com isso, resolveu fazer outros procedimentos que teve de adiar devido ao câncer.

"Minha amígdalas incomodavam e eu não conseguia respirar direito, o ar não chegava. Quebrei meu nariz aos 12 anos, mas só refiz a parte óssea", explica a atriz.

Por isso, Lorena operou amígdalas, adenoide, cornetos, desvio de septo, além de retirar o cisto, no mesmo dia para que processo de recuperação fosse apenas um. Mas não foi nada fácil, de acordo com ela.

"As primeiras semanas foram um caos, um inferno na terra. Precisa ter coragem para operar tudo isso porque você não consegue respirar direito pela boca nem pelo nariz. Não pode comer, tomar sól. Só ficar deitada", diz.