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Complicação de preenchimento labial viraliza: 'Medo de a boca explodir'

Marcela Schiavon

Colaboração para o VivaBem

02/08/2023 04h00Atualizada em 02/08/2023 14h49

Vídeos de uma jovem que teve complicações com o preenchimento labial viralizaram no TikTok. Jaque conta que a profissional que fez o procedimento, uma biomédica esteta, aplicou 1 ml de ácido hialurônico em sua boca numa sexta à noite, e o inchaço já começou na madrugada para sábado.

No primeiro vídeo, publicado no dia 15 de julho —segundo ela, o TikTok apagou a primeira vez que publicou—, Jaque conta que ficou "desacreditada com a deformidade" e que nem com compressa de gelo ou "reza braba" a boca melhorava. Ela foi dormir sentada, com "medo de a boca explodir no meio da noite". "Como se não bastasse, acordei com a boca da noiva cadáver e com perigo de de necrose."

Jaque não respondeu a tentativas de contato pela reportagem, mas, em um segundo vídeo, disse que chegou a combinar com a esteticista que no sábado de manhã iria aplicar a enzima hialuronidase, que dissolve o ácido hialurônico, para fazer a remoção do produto, mas que no dia acordou "bem, sem inchaço, somente com os hematomas".

A jovem contou que a boca voltou ao normal após medicação e compressa com gelo. "Antes de fazer o procedimento eu pesquisei sobre tudo que poderia dar errado. E deu errado. Eu sabia que poderia acontecer", disse na publicação.

Até quanto é normal inchar

A dermatologista Ana Maria Bertoni diz que o inchaço pós-procedimento pode ser considerado normal e que os preenchedores, em geral, tendem a regredir em poucos dias. No entanto, ela ressalta que é importante estar atento a sinais de alerta, como formigamentos, anestesias, grandes hematomas, desvio de rima, que é quando a boca entorta, e assimetrias. Caso esses sintomas se manifestem, a procura por um profissional médico é imprescindível.

O que fazer caso isso aconteça comigo?

A cirurgiã dentista Kátia Menegasso diz que os lábios inchados e roxos, apesar de assustadores, podem ser tratados com medicamentos, compressas frias e pomadas, e geralmente regridem rapidamente. No entanto, é crucial que o profissional saiba distinguir entre um inchaço e roxo comuns e uma oclusão vascular, um risco grave que, se não diagnosticado e tratado a tempo, pode levar à necrose tecidual.

Preenchimento lateral - Reprodução/TikTok @jaquecomjota - Reprodução/TikTok @jaquecomjota
Imagem: Reprodução/TikTok @jaquecomjota

Quais os riscos

Oclusão vascular: quando o profissional aplica o produto acidentalmente dentro de uma artéria ou veia, impedindo fluxo sanguíneo adequado no local. Isso pode provocar necrose do tecido, seguido de úlceras e cicatrizes.

Reação alérgica: pode ser ao anestésico ou ao próprio ácido hialurônico.

Necrose tardia: aplicar produto demais também pode impedir a passagem de sangue na região, e produtos de qualidade duvidosa ou infecções também podem provocar necrose tardia.

@jaquecomjota Respondendo a @Grazi?naturaleruda ? Storytelling - Adriel

Precauções

Menegasso ressalta a importância da anamnese completa antes do procedimento, quando o paciente deve relatar todo o histórico de saúde e uso de medicamentos. Durante e após o procedimento, o acompanhamento do paciente e a orientação do profissional são essenciais.

A dermatologista também destaca a importância de tomar certos cuidados antes, durante e após o procedimento. Antes de realizar qualquer tratamento, é fundamental procurar um profissional médico e realizar uma consulta, especialmente para verificar possíveis alterações na coagulação. Durante o procedimento, a responsabilidade fica a cargo de um profissional habilitado. Após o procedimento, a boa relação especialista-paciente é essencial, e a orientação do profissional deve ser seguida rigorosamente.

preenchimento labial - Reprodução/TikTok @jaquecomjota - Reprodução/TikTok @jaquecomjota
Imagem: Reprodução/TikTok @jaquecomjota

Habilitação para o procedimento

A cirurgiã dentista, especialista em harmonização orofacial, enfatizou que o profissional responsável pelo preenchimento labial deve ser altamente habilitado e possuir profundo conhecimento anatômico da região. Além disso, é fundamental que o profissional saiba diagnosticar e tratar possíveis intercorrências, prescrevendo medicamentos e antibióticos quando necessário, e utilizando terapias apropriadas para cada tipo de complicação.

A especialista fez um apelo para que os pacientes escolham seus profissionais com cautela, verificando se eles possuem o título de especialista em seu conselho de classe e pesquisando sobre sua reputação. Ela alertou contra ofertas e promoções miraculosas, enfatizando que o procedimento estético envolve a saúde e a segurança do paciente e, portanto, deve ser realizado por profissionais sérios e capacitados.

A saúde e a segurança devem ser sempre priorizadas, e qualquer sinal de reação adversa ou complicação deve ser imediatamente comunicado ao médico responsável para tratamento adequado.

Fontes: Kátia Cristina Gallo Menegasso, cirurgiã dentista pela Unesp, especialista em harmonização orofacial; Ana Maria Bertoni, residência médica no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, com título de dermatologia pela SBD (Sociedade Brasileira de dermatologia), fellow da Academia Americana de Dermatologia.