Hérnia de disco: cirurgia com corte de 1 cm permite alta no mesmo dia
Quando uma cirurgia de coluna é urgente, alguns medos surgem em forma de dúvidas. O corte é grande? Há risco de paralisia? Vou ficar sem me mexer por quanto tempo? Mas uma técnica minimamente invasiva logo dissolve os receios pelas vantagens que oferece: corte de 1 cm, alta no mesmo dia e retorno imediato à rotina.
Estamos falando da cirurgia endoscópica de coluna, geralmente usada para tratar hérnia de disco e descompressão de medula. Por meio de um tubo flexível com câmera, o cirurgião consegue visualizar e acessar o ponto exato onde o procedimento será feito, causando danos mínimos.
As diferenças para uma cirurgia convencional dão a dimensão:
Cirurgia de coluna convencional
- Demanda internação;
- Corte maior nas costas para acessar a coluna vertebral, o que deixa tecidos, tendões e músculos mais expostos ao ambiente externo;
- Necessidade de terapia intensiva (UTI) após a cirurgia;
- Às vezes, precisa de transfusão de sangue;
- Período maior de recuperação.
Cirurgia endoscópica de coluna
- Corte pequeno, de cerca de 1 centímetro, que deixa uma cicatriz mínima;
- Músculos, tendões e ligamentos ficam protegidos;
- A pessoa pode ser operada sem anestesia geral, com sedação consciente e anestesia local;
- Na maioria dos casos, não precisa repor sangue;
- A alta ocorre no mesmo dia ou, no máximo, no dia seguinte;
- Recuperação mais rápida, com breve retorno às atividades diárias.
Já tive paciente que operou numa quinta de manhã, deixei a alta programada para a tarde, e na sexta ela foi surfar. Nem todos os casos são assim, mas a maioria é. Silvio Ferreira, ortopedista especialista em coluna vertebral, do Hospital Alvorada Moema (SP)
Mas independente da técnica utilizada, o médico alerta que nenhum método que trata a coluna é 100% efetivo no sentido de promover cura. Cirurgia, remédio, fisioterapia e até o repouso são estratégias para amenizar o quadro e permitir que a pessoa conquiste condicionamento físico —isso sim protege e trata a coluna.
E mesmo que o pós-operatório seja tranquilo, não é o caso de já sair correndo. É preciso seguir com acompanhamento médico e adaptar a prática de exercícios físicos, se for o caso.
Além disso, os riscos de uma cirurgia de coluna são os mesmos de qualquer outra: 3% têm chance de complicações. No procedimento por endoscópico ainda existe risco de:
- Dor e dormência na perna, que desaparece com o tempo;
- Infecção, que é reduzida pela lavagem contínua com soro fisiológico durante o procedimento.
- Sangramento, mas em menor grau.
Na convencional, tecnologias protegem a integridade neurológica e buscam diminuir os riscos de paralisia, infecções e sangramentos maiores.
28 dias sem dormir
"Dor na coluna é mais intensa do que dor de dente ou dor no fêmur que quebrou", descreve Rogério Felix, 50. Os problemas surgiram em decorrência do trabalho como operador de guindaste portuário, em que fica numa posição desconfortável para as costas.
Foram cerca de seis anos com dores. Nesse período, ele descartou a orientação de um médico para interromper a corrida, que forçava ainda mais a coluna. É que a prática constante de esportes de alto impacto traz danos às articulações.
A cirurgia tornou-se imprescindível para Felix quando, num movimento simples de se abaixar para pegar um objeto no chão, a hérnia estourou. "Fiquei 28 dias sem dormir pela dor na coluna até esperar o dia da cirurgia", lembra.
Ele fez o procedimento por endoscópico há um ano e gostou tanto que "pregou a palavra" aos colegas de trabalho que também precisavam fazer cirurgia. A ideia foi acalmá-los e romper aqueles medos comuns.
"A minha situação era de tranquilidade por estar num ótimo médico, que me mostrou o que tinha de fazer", conta. "No outro dia, estava andando normal, devagar, fazendo tudo. Não tinha mais dor."
Quando operar da coluna
Segundo o ortopedista Silvio Ferreira, 75% das hérnias de disco não são operáveis. Antes de entrar no centro cirúrgico, é preciso tratar com medicamentos e exercícios físicos.
A cirurgia só é indicada quando o problema impede que a pessoa faça suas atividades diárias, em casos como:
- Incapacidade motora;
- Restrição importante na qualidade de vida;
- Risco para a capacidade neurológica, de perder a função de membros.
"De cada dez que vão ao meu consultório, para um é indicada a cirurgia", diz Ferreira. Em um desses casos raros, Any Caroline Gomes Cordeiro, 19, operou de uma hérnia de disco em janeiro do ano passado pelo risco de ter os movimentos das pernas comprometidos.
As dores acompanhavam a jovem desde os 8 anos, porque ela nasceu com a condição. O tratamento com medicação e fisioterapia começou aos 15 e seguiu até não dar mais conta.
Diante da urgência cirúrgica, ela diz ter ficado "bastante preocupada", mas o procedimento endoscópico trouxe qualidade de vida imediata para cuidar do filho recém-nascido.
"Engravidei em junho de 2022 e acho que não teria aguentado se não tivesse feito a cirurgia", ela diz. "Foi tudo bem tranquilo, saí da sala de cirurgia já conseguindo me mexer e voltei para casa no mesmo dia."
E a qualidade de vida dela também é outra: ela voltou para a academia e começou a fazer muay thai. "Não consigo ver minha vida sem ter feito a cirurgia."
A operação por endoscópico pode ajudar do mais simples ao mais crítico quadro de hérnia, no estreitamento de canal da coluna e descompressão de medula. Mas o uso da técnica depende da habilidade do profissional, que precisa fazer um treinamento para atuar com a tecnologia.
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