Remédio para labirintite: como é o tratamento contra a doença?
A labirintite é uma doença rara que surge devido à inflamação do labirinto —região da orelha interna responsável pelas funções auditivas e de equilíbrio— e que, geralmente, afeta apenas um lado do corpo.
No entanto, o termo "labirintite" é frequentemente utilizado de forma equivocada pela população para descrever os sintomas de vertigem e tontura.
Considerada uma doença grave, a labirintite pode surgir em decorrência de uma infecção bacteriana ou viral no local ou pela extensão de um processo inflamatório no ouvido (otite), ainda que seja bastante incomum.
Em casos ainda mais raros, surge como consequência de uma infecção do sistema nervoso central (meningite),
Seus principais sintomas são a vertigem e a tontura com sensação rotatória, que pode durar horas ou mesmo dias, até o processo inflamatório ser controlado. Se estiver associado a um quadro de otite, também pode haver dor.
O paciente com labirintite corre o risco de sofrer perda auditiva, em decorrência de lesões nas estruturas sensoriais do ouvido interno ou na membrana timpânica.
Por esse motivo, diante de um quadro de tontura ou vertigem, não é recomendada a automedicação, uma vez que os fármacos podem reduzir a função do labirinto, mascarando os sintomas dessa doença grave, assim como um quadro de meningite ou de um AVC.
Neste caso, o paciente deve procurar um pronto-socorro para um médico avaliá-lo e, se for o caso, encaminhá-lo para um otorrinolaringologista.
O tratamento da labirintite
Caso seja identificado um quadro de labirintite causado por bactérias, será necessário o uso de antibióticos para controlar a infecção.
Em geral, são prescritos os mesmos antibióticos para eliminar as bactérias gram-positivas, comuns nos quadros infecciosos das vias aéreas superiores (sinusites, gripes e otites), mas é importante que o médico solicite um exame de cultura para confirmar o tipo de microrganismo e adequar o medicamento se for o caso. Entre os antibióticos usados estão:
- bezilpenicilina (Benzetacil® e Bepeben®, para uso injetável)
- clindamicina (Cliacil®)
- fenoximetilpenicilina (Meracilina®, PEN-VE-ORAL®)
- cefalexina (Keflaxina®, Keflex® e Keforal®)
- cefadroxila (Cefamox®, Cefamox®, Neo cefadril®, Cedroxil®)
- cefotaxima (Claforan®)
- ceftazidima (Fortaz®)
- azitromicina (Azitrin®, Zolprox®, Zitromax®, Zidimax®, Selimax®, Azitrosol®, Azitromed®, Clindal Az®, Azitrolab®, Zitromil®, Azitrophar®, Azidromic®, Zimicina®, Mazitron®)
- eritromicina (Eritrex®, Ilosone®, Stiemycin®, Eripan®, Tromaxil®, Eritram®, Biotrex, Eritax®)
- espiramicina (Rovamicina®)
- amoxicilina (Amox®, Amoxil®, Lânico®, Atak Clav®, Novamox®, Sigma Clav®, Clavulin BD®)
- ampicilina (Binotal®)
No entanto, se a causa for relacionada a uma meningite bacteriana, será necessária a cultura do líquor do cérebro para identificar o tipo de bactéria a fim de prescrever um antibiótico capaz de eliminá-la.
O tratamento da labirintite também envolve o uso de anti-inflamatórios potentes, no caso, os corticoides, que são administrados por via oral ou venosa, para reduzir as chances de que a inflamação cause danos maiores nas estruturas do ouvido.
Isso é válido tanto para os quadros causados por vírus ou bactérias quanto para a "labirintite serosa", que acontece quando há propagação do processo inflamatório para o labirinto mesmo que esses microrganismos já tenham sido eliminados. Entre os corticoides mais usados estão:
- prednisona (Meticorten®, Corticoten®, Ciclorten®)
- prednisolona (Predsim®, Prelone®, Preni®)
- dexametasona (Decadron®)
- betametasona (Celestone®, Celergin®, Celerg®)
Em casos raros em que o organismo do paciente não responde aos corticoides ou tenha alguma contraindicação ao uso desse tipo de medicamento por via oral, como acontece com as gestantes, portadores de diabetes não controlado ou de glaucoma, podem ser prescritos corticoides intratimpânicos para reduzir o processo inflamatório dentro do ouvido. O procedimento geralmente é feito no consultório, com anestesia local.
Para aliviar os sintomas
O tratamento da labirintite também envolve medicamentos para dar conforto ao paciente ao acabar com as náuseas e os vômitos causados pela vertigem e a tontura. Por isso, o médico ainda prescreverá antivertiginosos por alguns poucos dias. Esses fármacos atuam como sedativos do sistema nervoso central e do labirinto, aliviando esses incômodos.
Entre as opções usadas estão a flunarizina (Vertizine-D®, Vertigium®, Vertix®, Flunarin®) e cinarizina (Ranbaxy Farm®), e alguns antieméticos que também têm propriedades antivertiginosas, como a meclozina (Meclin®) e o dimenidrinato (Dramin®, Nausilon B6®, Nausicalm®).
Para os pacientes que apresentam um histórico de tratamento psiquiátrico, ainda podem ser prescritos calmantes da classe dos benzodiazepínicos, como clonazepam (Rivotril®, Clopam®), bromazepam (Lexotan®, Somalium®, Fluxtar SR®) e diazepam (Valium®).
O paciente também será aconselhado a fazer repouso, além de ter uma alimentação saudável, um sono adequado e uma boa hidratação.
Labirintite não é só tontura
Muitas pessoas usam erroneamente o termo labirintite para se referir a tonturas e vertigens que surgem em quadros que muitas vezes não estão relacionados às doenças do labirinto, podendo ter causa neurológica, cardiovascular, psicogênica e até relacionadas ao uso de medicações específicas, como:
- diabetes
- anemia
- problemas cardíacos
- crises de ansiedade
- baixa pressão arterial
- problemas de visão
- enxaqueca
- tireoide mal controlada
- alterações anatômicas do labirinto devido ao envelhecimento
- problemas circulatórios
- inflamação do nervo vestibular
- infecções urinárias em idosos
- alterações nos níveis de sódio e potássio
- devido às altas temperaturas do ambiente (ou banho muito quente)
- quando se levanta de repente
- pelo consumo de bebidas alcoólicas em excesso
- devido ao uso de alguns medicamentos
- por conta de uma má alimentação
- mudanças hormonais devido ao climatério ou à menopausa
- alterações cervicais por conta de má postura ou pelo uso excessivo de computadores
Os sintomas de tontura e vertigem também podem estar relacionados a outras labirintopatias, como a vertigem posicional paroxística benigna —também conhecida como "vertigem dos cristais"—, responsável por mais de 50% dos casos de acometimento do labirinto.
Já a síndrome de Ménière, doença provocada pelo aumento da pressão no ouvido, também afeta o labirinto e causa tontura e vertigem.
Fontes: Luiza Gondra otorrinolaringologista e preceptora do ambulatório de otoneurologia do Hospital da Clínicas da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco); Raquel Mezzalira, médica otorrinolaringologista da disciplina de otorrinolaringologia cabeça e pescoço da Unicamp); e Ricardo Dorigueto, médico otorrinolaringologista dedicado à otoneurologia e coordenador do fellowship em otoneurologia do Hospital Paulista (SP). Revisão técnica: Ricardo Dorigueto.
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