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Picada de inseto pode matar; como reconhecer se você é alérgico a 'ataques'

Reação a mordida de pernilongo em geral some depois de alguns dias - iStock
Reação a mordida de pernilongo em geral some depois de alguns dias Imagem: iStock

Colaboração para o VivaBem

08/08/2023 04h00

Ter uma reação alérgica a picada ou mordida de inseto (formiga, vespa, abelha) não denota fragilidade do sistema imunológico. Pelo contrário, revela que o organismo está tentando se defender bravamente contra invasores que foram inoculados pela pele, como saliva, veneno, anticoagulantes e outros agentes estranhos e nocivos. Essa resposta varia de pessoa para pessoa, independentemente de idade, e pode se manifestar de forma leve, moderada ou grave.

Como ocorre a reação

Anticorpos entram em ação. Ao ocorrer o ataque do inseto, células humanas chamadas mastócitos produzem anticorpos para combater as toxinas. Ao encontrá-las, ambos se grudam e os mastócitos, ao serem rompidos no confronto, acabam liberando histamina, uma substância que aumenta a circulação sanguínea e desencadeia coceira, vermelhidão e inchaço. Se essa reação for local e pequena, menos mal.

Reação pode induzir uma hipersensibilidade no organismo inteiro a ponto de colocar a vida da pessoa em perigo. Em segundos, ou minutos, pode ocorrer queda da pressão, taquicardia, inchaços da cabeça aos pés, obstrução das vias aéreas, náuseas e suores intensos. Esses sintomas caracterizam o choque anafilático (anafilaxia), que é mortal.

Até pessoas não alérgicas podem ter problemas. Essa é uma condição de pessoas alérgicas em crise, mas mesmo as não alérgicas, se forem picadas 20, 30 vezes por insetos, como abelhas, podem ter problemas sérios e morrer, devido à quantidade de veneno injetado.

Atendimento de emergência. Na presença desses sintomas, ou se a vítima tem histórico de risco, deve ser encaminhada para um hospital com urgência. Caso haja ferrão preso à pele, também é preciso removê-lo para que resquícios de toxinas não sejam instilados.

Abelhas, vespas e formigas podem matar

Problemas com insetos são mais comuns em regiões tropicais e durante verão e primavera, pois a combinação umidade, calor e flores favorece sua multiplicação.

As abelhas estão entre os que mais geram notificações de acidentes. Segundo dados do Ministério da Saúde, elas são responsáveis por cerca 18 mil casos anuais no país, total que também pode incluir acidentes com vespas, já que muitas vítimas têm dificuldade em diferenciar os dois insetos.

Abelhas x vespas. Em comum, abelhas e vespas atacam em bandos, principalmente quando são ameaçadas. As vespas, embora parecidas com as abelhas, não morrem quando ferroam, sendo capazes de picar mais de uma vez e até borrifar veneno nos olhos da vítima.

Formigas - iStock - iStock
Picadas de formiga também podem ser perigosas
Imagem: iStock

Formigas também são perigosas. Elas fazem parte do mesmo grupo desses insetos (himenópteros). Todos desenvolvem algum grau de reação, como irritativa e de inflamação local, porém menos de 5% da população é realmente alérgica.

Pernilongos provocam irritação local

Como agem os pernilongos. Os pernilongos, ao se alimentarem do sangue humano, injetam saliva contendo substâncias que, embora raramente ofereçam risco de vida por anafilaxia, provocam efeitos irritativos.

Ação local. Em geral, 20 minutos após a mordida do mosquito forma-se uma bolinha avermelhada na pele que coça, incha e endurece. Na maioria das vezes, depois de dois ou três dias ela some sozinha.

Crianças pequenas têm as reações mais dramáticas. Elas podem apresentar inchaços grandes acompanhados de febre baixa, equimoses e bolhas que frequentemente são confundidas com celulite e acabam servindo como porta de entrada para bactérias. Felizmente esse tipo de reação tende a melhorar com a idade.

Outro tipo de manifestação de hipersensibilidade comum causada por pernilongos é a urticária, na qual pequenas bolinhas vermelhas se formam pelo corpo em resposta a uma mordida, dando a impressão que a pele foi atacada diversas vezes. Com o tempo, as lesões que vão e voltam tornam-se mais duras, escoriadas e frequentemente deixam cicatrizes escurecidas.

Testes e tratamentos

O único jeito de alguém descobrir se é alérgico ou não a insetos é se for vítima deles, pois testes só são aplicados em quem já sofreu algum tipo de reação.

O médico pode pedir um teste cutâneo e exames de sangue complementares, além de investigar o histórico dos sintomas. O primeiro experimento busca provar se a pele em contato com material injetado pelo inseto é realmente sensível a ele, enquanto o segundo aponta os níveis de uma proteína produzida pelo corpo em contato com os alérgenos.

Sendo o resultado positivo, pode-se tentar o uso de vacinas com alérgenos, na esperança de tornar o organismo imune aos efeitos de picadas e mordidas. Porém, cabe ao médico tomar a decisão, principalmente porque há riscos ao paciente no momento da aplicação.

Em casos de reação alérgica severa e imediata, com risco de anafilaxia, a pessoa precisa ser levada urgentemente ao hospital para receber atendimento. Quem já apresentou uma anafilaxia após picada de abelha, formiga ou vespa tem mais de 50% de chance de apresentar quadro semelhante em picada futura. É preciso passar por um especialista para aprender a agir nessas situações e saber se deve ou não portar adrenalina autoinjetável, que é capaz de evitar a morte por reação anafilática.

Compressas e limpeza. Em situações menos graves, que se limitam a inchaços vermelhos e endurecidos restritos ao local do ataque, o que se pode fazer é lavar a área com água e sabonete, aplicar compressas frias sobre os edemas, se hidratar bastante e tomar um antialérgico e um anti-inflamatório. O uso de medicamentos e pomadas com corticoides também reduz a reação local e a coceira.

Fontes: Edimilson Migowski, infectologista da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro); Jéssica de Araújo Isaias Miller, pesquisadora do Programa Multicêntrico em Bioquímica e Biologia Molecular da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul); Brianna Nicoletti, médica especialista em alergia e imunologia do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo; Ana Carolina Rozalem Reali, pediatra, alergista e imunologista pela Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).