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Práticas e atitudes para uma vida longa e saudável


Cuidado: veja 10 riscos que idosos devem evitar na cozinha

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Imagem: iStock

Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

10/08/2023 04h00

Com a chegada do envelhecimento —e das muitas mudanças e limitações inerentes a essa fase—, é necessário repensar totalmente a cozinha. Ela deve ser planejada, ou atualizada, para que o idoso possa cozinhar e desempenhar outras atividades diárias nesse espaço com segurança, praticidade e conforto, evitando estresse e acidentes que podem ser potencialmente fatais.

A seguir, veja os potenciais perigos que podem passar despercebidos na cozinha de alguém com mais de 65 anos, mas que devem ser adaptados ou substituídos o quanto antes, ainda mais estando eles em mau estado, em lugares arriscados, sem supervisão, ou na presença de alguma debilidade física ou cognitiva que incapacite o idoso, ou o coloque em vulnerabilidade.

1. Frigideira

Esse tipo de panela é mais leve e aberto do que as convencionais, o que expõe o idoso a mais riscos, sobretudo caso esteja com visão comprometida, reflexos lentos, mãos trêmulas. Ele pode se queimar com frituras ou esbarrar o braço no cabo para fora do fogão, fazendo a frigideira virar.

É sabido que tratar queimaduras em idosos é desafiador. A pele deles é mais fina, demora para se regenerar e muitos sofrem de comorbidades que dificultam cicatrizações.

2. Panela pesada

ferro; panela; batata; alho - iStock - iStock
Imagem: iStock

Se panelas muito leves devem ser evitadas, isso também vale para as muito pesadas, em especial as de alças curtas (tipo caçarola) e fabricadas em ferro fundido, material que também demora mais para esfriar.

Se o idoso tiver alguma limitação motora ou cognitiva, o ideal é que tenha alguém para preparar o seu alimento. Agora, se ele gosta de cozinhar, tente incluí-lo em alguma tarefa de menor risco, que não envolva mexer diretamente com o fogão, ou forno.

3. Passadeira

Se não for antiderrapante, com base emborrachada, melhor não ter na cozinha. Na dúvida, é só empurrar a passadeira com o pé quando ela estiver no chão. Ela não deve escorregar com facilidade.

A possibilidade de queda do idoso, ainda mais com alguma fragilidade, redução de mobilidade, deve ser considerada com muita seriedade. Fraturas, como a de fêmur, são o principal motivo de hospitalização e morte por trauma em pessoas com mais de 65 anos.

4. Armário muito alto

De novo, por conta do risco de queda, o idoso não deve subir, ou se apoiar em banco, cadeira, escada, para pegar o que estiver no alto. Antes, seus armários aéreos devem ser projetados para que fiquem na altura dos seus olhos e ao alcance dos seus braços.

Também é importante que ele não guarde nada de muito pesado em prateleiras, para evitar eventualmente que isso caia e provoque cortes, contusões e fraturas que possam resultar em redução de mobilidade.

5. Armário muito baixo

O grau de dificuldade exigido para se curvar e agachar é muito maior para os idosos, que são o grupo etário que tende a ter mais problemas de coluna devido a alterações degenerativas típicas da idade.

Além disso, ao se abaixar, alguém com problemas de equilíbrio e perda de flexibilidade pode se sentir instável ou apresentar tonturas. Se o armário baixo for mantido, que ao menos o idoso se sente em uma cadeira, de frente a ele, para procurar o que precisa.

6. Piso escorregadio

É preciso cuidado com superfícies lisas, polidas e brilhosas, como de alguns porcelanatos, bem como em granilite, marmorite e pedra ardósia, que foi muito popular nos anos 80 e 90 devido a sua durabilidade e baixo custo.

Para áreas molhadas, como a cozinha, prefira cerâmica e a escolha com base no coeficiente de atrito, que mede a resistência ao escorregamento. Quanto maior o número (igual ou maior a 0,4, visível na embalagem do produto), mais rugoso é o piso.

7. Geladeira grande

cozinha - Sidney Doll/ Divulgação - Sidney Doll/ Divulgação
Imagem: Sidney Doll/ Divulgação

Cabe mais alimento, mas para um idoso pode dar mais trabalho em organizar e limpar. Fora que o risco de ele esquecer a data de validade de alimentos depois de abertos também é maior. Se ele for sozinho, ou morar apenas com o cônjuge, é preferível que tenha um modelo menor.

Ouviu dele que quer manter a geladeira? Então o oriente sobre trazer para a frente da prateleira tudo o que estiver próximo ao vencimento e armazenar comida em potes transparentes.

8. Fogão sem grade

Se já é preciso idoso ter cuidado com fogão, sem o utensílio ter grade de estabilização, ainda mais. Esse acessório é importante, pois serve de apoio e evita, por exemplo, que cafeteiras e panelas se tornem instáveis. Vale dizer que se o fogão tiver grade, mas ela estiver desgastada a ponto de não encaixar direito, ou as panelas deslizarem, é hora de trocá-la, por segurança. Esses problemas acontecem porque, com o tempo, ela retorceu e perdeu o formato original.

9. Mobília pontiaguda

Tão perigoso quanto manter a cozinha do idoso cheia de objetos e móveis pelo caminho, pois dificultam sua locomoção, podendo, inclusive, provocar esbarrões e quedas, é não dar atenção às extremidades pontiagudas, especialmente de bancadas, mesas, prateleiras e armários de chão.

Para evitar cortes, arranhões e contusões, dê preferência a peças que tiverem cantos com pontas arredondadas ou aplique protetores de silicone nas quinas que oferecem perigo.

10. Utensílios frágeis

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Utensílios de vidro são muito usados na cozinha devido à sua resistência ao calor. Mas, para um idoso com coordenação e visão já não tão boas, podem ser mais antagonistas do que aliados. Se quebrados no chão podem causar estragos, ainda mais para idosos que não possuem sensibilidade nos pés, como quem tem neuropatia diabética —quando o diabetes não controlado afeta os nervos periféricos. Nesse caso, é melhor usar itens de plástico, ou metal.

Fontes: Christiane Machado, geriatra do Hospital São Rafael, em Salvador (BA); Natan Cheter, geriatra membro da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia); e Paulo Camiz, geriatra e professor de clínica geral do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).