Atriz Léa Garcia morre aos 90 anos de infarto; é mais comum em idosos?

Uma das primeiras atrizes negras da televisão brasileira, a carioca Léa Garcia morreu hoje aos 90 anos. À Globo, o filho de Léa afirmou que a mãe sofreu um infarto. Ela chegou a ser encaminhada para o Hospital Arcanjo São Miguel, em Gramado, onde seria homenageada com o Troféu Oscarito nesta terça-feira (15) durante a 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado.

O infarto é mais frequente na população idosa, embora casos do problema em pessoas abaixo dos 40 anos estejam crescendo em ritmo alarmante, segundo dados da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia).

O problema acontece quando uma artéria que leva sangue ao coração é obstruída de forma súbita e intensa. Ele ocorre principalmente devido ao acúmulo de gordura nas artérias responsáveis por irrigar o órgão (quadro conhecido como aterosclerose), o que pode provocar danos ao músculo cardíaco ou levar à morte.

Quais fatores aumentam o risco de infarto em idosos?

Os principais fatores de risco para o infarto, independentemente da idade, são o tabagismo, o sedentarismo, a má alimentação, o colesterol alto e o estresse em excesso.

Segundo Edmo Atique Gabriel, cardiologista e colunista de VivaBem, porém, há pelo menos três situações que aumentam a prevalência e o risco de morte pelo problema na terceira idade:

Propensão maior para ter acúmulo de gordura (aterosclerose) nas artérias do coração. "Como a pessoa viveu mais, a tendência natural é que ela tenha se alimentado de forma irregular por mais tempo e mais vezes, ou seja, é maior a possibilidade de ela ter gordura acumulada nas artérias", diz o médico.

Presença de calcificação nas artérias. As artérias também envelhecem. Com a idade avançada, o sal do cálcio presente em suas paredes tendem a precipitar (calcificação), o que deixa as estruturas "mais endurecidas", segundo Edmo Atique Gabriel. "Uma pessoa de 90 anos tem um nível de endurecimento das artérias maior em relação às pessoas de 50 a 60 anos, e isso afeta o fluxo sanguíneo."

Artérias ficam com calibres reduzidos. "Considerando a idade da Léa Garcia, a tendência também é que as artérias já estejam com o calibre reduzido, ou seja, mais tortuosas, o que dificulta o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco".

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No caso da atriz, o médico também lembra que a exposição ao frio intenso pode aumentar o risco de sofrer um infarto, devido à redução do fluxo sanguíneo das artérias do coração.

Idosos têm proteção natural ao infarto?

Segundo Edmo Atique Gabriel, idosos têm uma espécie de "adaptação natural" ao infarto.

Trata-se da chamada circulação colateral: à medida em que envelhecemos, nosso músculo cardíaco desenvolve uma rede de vasos para compensar as "veias" obstruídas por placas de gordura e, assim, garantir que o sangue sempre chegue ao coração, o que poderia reduzir o risco de morrer após um infarto.

"É um desenvolvimento natural do coração ao longo da vida e que ocorre com mais frequência após os 60 anos de idade, o que pode fazer com que a pessoa realmente tenha uma resistência um pouco maior à ocorrência de um dois ou três infartos ao longo desse período de idade mais avançada", explica o médico.

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No entanto, em grande parte das vezes, o que determina as sequelas de um infarto ou se ele será fatal não é idade e, sim, a agilidade nos primeiros socorros e o tempo para o restabelecimento do fluxo de sangue ao coração, alerta Gabriel.

"Tudo vai depender do tamanho e da extensão do infarto. Se ele tiver atingido uma área muito grande do coração, que acomete o músculo cardíaco numa porcentagem muito elevada, mesmo com essa circulação colateral adaptativa o coração pode não suportar e a pessoa morrer".

Quais são os sintomas do infarto em idosos?

Dor forte do lado do lado esquerdo do peito é um sintoma típico do infarto, mas, em idosos, também é comum sentir dor de estômago e náuseas de forma isolada, assim como suor e calafrios durante vários dias.

"A presença de sintomas isolados e atípicos na pessoa idosa pode denotar, entre outras coisas, um infarto do coração, por isso é muito importante a vigilância por parte da família e dos médicos", alerta o cardiologista.

Como prevenir o infarto?

Fazer chek-up cardiológico duas vezes por ano;

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Prática regular de atividade física;

Alimentação saudável;

Não fumar;

Controlar fatores de risco, como colesterol elevado, diabetes e hipertensão arterial (pressão alta).

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