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Remédios para alergia: o que funciona para cada tipo de problema?

Imagem: Getty Images

Diana Cortez

Colaboração para VivaBem

15/08/2023 04h00Atualizada em 26/10/2023 21h38

A alergia é uma reposta imunológica exagerada do corpo a substâncias consideradas "estranhas" (os alérgenos), que podem ser pólen, ácaros, pelos de animais, certos alimentos, medicamentos, produtos químicos, entre outros. Para combater, existem remédios que atuam contra a alergia.

Existem quatro mecanismos de alergia:

  • Tipo 1: mais comum, causada pela formação de anticorpos IgE, que gera a produção de histamina. Para confirmar esse tipo de alergia, vale fazer o prick teste, método que provoca o contato da pele com a substância suspeita por alguns minutos, a fim de observar se há reações alérgicas imediatas (vermelhidão, inchaço ou coceira), que confirmem o quadro.
  • Tipo 2 e tipo 3: envolvem reações a medicamentos, principalmente, analgésicos, anti-inflamatórios e os antibióticos da classe dos beta-lactâmicos (penicilinas, cefalosporinas, carbapenemas e monobactamas), levando à produção exacerbada de anticorpos IgG, geralmente, com manifestações também tardias.
  • Tipo 4: também é frequente. No entanto, é um quadro mediado pelas células tipo T (um tipo de linfócito do sistema de defesa) que apresenta sintomas mais tardios. São aqueles casos em que aparecem uma urticária ou uma dermatite de contato cerca de dois dias depois do contato com o alérgeno, que pode ser algum metal, maquiagem ou cosmético, por exemplo.

Remédios para combater alergia

O tratamento da alergia vai depender do mecanismo envolvido e do órgão atingido pelos sintomas, por este motivo não é recomendado que o paciente use medicamentos por conta própria. Deve-se procurar um médico alergista para avaliar e orientar.

Mas independentemente do tipo da alergia, a primeira abordagem é fazer o controle ambiental para o paciente evitar uma nova exposição ao alérgeno. Portanto, se a alergia for alimentar, ele será orientado pelo médico a não consumir os alimentos que causam o quadro.

Caso o alérgeno seja o ácaro, deverá adotar medidas que facilitem a limpeza do ambiente e evitam o acúmulo de pó, como eliminar tapetes, carpetes, cortinas, livros em prateleiras abertas, brinquedos de pelúcia etc.

A seguir entenda como são tratados os quadros alérgicos mais comuns:

Rinite alérgica

Para tratar as crises, que se apresentam principalmente com coceira e espirros, o médico indica o uso de anti-histamínicos por cinco a 10 dias a cada 24 horas, para reduzir os níveis de histamina, causadora dessas reações.

Atualmente, são priorizados os medicamentos que pertencem à segunda geração dessa classe, uma vez que eles não têm os indesejáveis efeitos colaterais de sedação e sonolência como os antigos.

Vários fármacos atuam com essa função, são eles:

  • fexofenadina (Allegra®, Desrinite®, Allexofedrin®), bilastina (Alektos®), loratadina (Claritin®, Lorasliv®, Histadin®, Loratamed®, Neo Loratadin®, Alergaliv®), cetirizina (Zyrtec®, Reactine®) e rupatadina (Rupafin®) e ebastina (Ebastel®).

Ainda existem duas derivações com uma potência cinco vezes maior: a desloratadina (Esalerg®, LEG®) e a levocetirizina (Zyxem®, Zina®, Rizi®).

Em geral, o paciente que desenvolve o quadro de rinite alérgica também apresenta obstrução nasal, e o médico pode orientar o uso de anti-histamínicos associados a pseudoefedrina na mesma composição para promover uma ação descongestionante. Alguns remédios que trazem a combinação são Histadin D®, Loremix D®, Claritin-D®, Allegra D® e Allexofedrin D®.

"Os descongestionantes nasais devem ser evitados, pois, além de levar o paciente a desenvolver uma dependência psicológica, podem gerar efeitos sistêmicos no ritmo cardíaco. Por isso, também não podem ser usados por gestantes nem por crianças menores de dois anos", comenta Clóvis Eduardo Santos Galvão, médico alergista e imunologista pela USP (Universidade de São Paulo) e diretor da Clínica Croce.

Já o tratamento a longo prazo de controle da alergia, que leva cerca de um ano, envolve os corticoides tópicos nasais, usados para controlar o processo inflamatório local, que incluem substâncias como:

  • mometasona (Nasonex®, Monax®, Momate®, Ventus®, Amome®), budesonida (Busonid Nasal®, Noex®, Inalide®, Vannair®, Alenia®), fluticasona (Avamys®, Plurair®, Flixonase®) e beclometazona (Beclosol®, Clenil®, Fostair®)

A preferência pelo corticoide nasal se dá uma vez que esse tipo de apresentação não traz tanto efeito colateral como os de uso oral, diminuindo consideravelmente os riscos de ganho de peso, osteopenia, osteoporose, pressão alta e diabetes.

Asma alérgica

Para tratar as crises, recomenda-se o uso de broncodilatadores de ação curta. No Brasil, o salbutamol (Aerolin®, Aerogold®, Aerodini®) é o fármaco disponível para compra nas farmácias. A substância geralmente é usada no formato spray e inalada pela boca para alcançar os brônquios, promovendo o relaxamento de suas estruturas para facilitar a passagem do ar.

Esses medicamentos podem ser associados aos corticoides de uso oral por cinco a sete dias, como a prednisona (Meticorten®, Corticoten®, Ciclorten®), a prednisolona (Predsim®, Prelone®, Preni®) e a dexametasona (Decadron®), que atuam com o objetivo de desinflamar.

O médico também pode orientar o paciente a fazer um tratamento de longo prazo, sendo indicados para os quadros de asma leve os corticoides inalados pela boca —mometasona (Oximax®), budesonida (Busonid Caps®), fluticasona (Relvar®, Flixotide Diskus®), beclometazona (Fostair®, Clenil Jet®).

Já nos casos moderados a graves, são usados medicamentos que associam o corticoide com broncodilatador de longa ação, como o salmeterol (Serevent Diskus®) ou formoterol (Foradil®, Foraseq®, Symbicort®).

Alergia ocular

O quadro de conjuntivite alérgica costuma aparecer junto com os sintomas de rinite e, geralmente, apresenta melhora com o uso dos anti-histamínicos citados anteriormente. No entanto, casos mais graves, que apresentam secreção ocular, podem exigir o uso de um colírio antialérgico com estabilizador de membrana, como a alopatadina (Patanol®), a alcaftadina (Lastacaft®) e o cetotifeno (Octifen®).

O médico também vai avaliar se é o caso de indicar colírios anti-inflamatórios não hormonais —trometamol cetorolaco (Toragesic Ofta®), nafazolina (Cristalin®, Clanistil®, Claril®)—, aqueles com corticoide —loteprednol (Loteprol®, Zylet®, Alrex®), dexametasona (Tobracort®, Maxidex®), fluormetolona (Flutinol®), prednisolona (Ster®, Oftpred®, Pred-Fort Allergan®)—, ou ainda imunossupressores —ciclosporina (Sandimmun Neoral®, Restasis Allergan®).

Anafilaxia

Trata-se de uma reação alérgica grave que pode envolver broncoespasmo, falta de ar, com possível edema de glote, redução da pressão arterial, entre outros processos que colocam a vida do paciente em risco.

Por se tratar de uma emergência médica, a pessoa deve ser imediatamente levada ao hospital para receber uma dose de adrenalina intramuscular, aplicada por uma espécie de caneta na chegada ao hospital.

O Brasil não tem registro de comercialização para esse tipo de medicação em farmácia. Por isso, o acesso fica restrito aos hospitais e pessoas que conseguem adquiri-la por meio de empresas e entidades que atuam com a importação de medicamentos de alta complexidade.

Além da aplicação da adrenalina, o médico avaliará o uso de corticoide injetável, para uma ação mais rápida, ou os comprimidos já citados, que levam cerca de 40 minutos para agir.

Urticárias alérgicas e dermatites de contato

Enquanto a primeira costuma a ter manifestação mais imediata, como no caso de uma picada de inseto, a segunda apresenta sinais mais tardios, que costumam aparecer em cerca de dois dias devido ao contato com metais, algumas substâncias presentes em cosméticos e maquiagens.

Mas, em ambos os casos, além de evitar um novo contato com o alérgeno, é orientado o uso dos mesmos anti-histamínicos de uso oral indicados para os quadros de rinite alérgica, com o objetivo de aliviar a coceira.

Já os corticoides em creme são indicados para desinflamar o local de forma rápida e eficaz, pela ação de substâncias como a betametasona (Betnovate-N®, Candigran®), mometasona (Topison®, Topliv®, Resgat®, Dermotil®), dexametasona (Dexason®, Baycuten-N®, Cortitop®), e hidrocortisona (Cortigen®, Cortisonal®).

Nos quadros intensos e extensos, o médico pode prescrever o uso desses medicamentos também por via oral.

Fontes: Clóvis Eduardo Santos Galvão, médico alergista e imunologista pela USP (Universidade de São Paulo) e diretor da Clínica Croce; Maria Inês Perelló Lopes Ferreira, coordenadora do Departamento Científico de Alergia a Medicamentos da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia); e Mateus Rios, médico alergologista e imunologista clínico do Hospital das Clínicas da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que dizia o texto, a urticária alégica raramente tem sintomas tardios, na maioria das vezes é imediata. A informação foi corrigida.

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