Precisa mesmo tirar gordura da picanha, como Maíra Cardi fez?

Na semana passada, repercutiu um vídeo em que Maíra Cardi aparece tirando a gordura do bife de picanha de Thiago Nigro, seu atual namorado.

"Vai sobrar o que você pode comer para ficar com esse corpo gostoso, maravilhoso", explicou a influenciadora fitness na gravação. "Vai sobrar nada. Tá tirando parte da carninha também, amor", rebateu o empresário.

Mas comer a gordura da carne faz mal?

De acordo com especialistas ouvidos pelo VivaBem, comer essa gordura de vez em quando não é um problema para quem mantém hábitos saudáveis, como prática regular de atividades físicas, consumir muitas verduras, frutas e legumes e evitar doces e produtos ultraprocessados.

O culpado pelo colesterol alto e outros problemas relacionados à gordura saturada não é o consumo normal de carne no dia a dia, e sim o excesso de gordura e de alimentos pouco saudáveis na dieta, além de outros hábitos ruins.

Segundo Durval Ribas Filho, médico nutrólogo, endocrinologista e presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), toda gordura de origem animal vem acompanhada de proteína, que é importante para a reparação e a construção de nossos tecidos. As gorduras também contribuem para a absorção de vitaminas lipossolúveis (vitaminas A, D, E e K) e para a produção hormonal.

No entanto, o consumo exagerado está ligado a alterações do colesterol LDL (o "ruim"), o que favorece o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, aterosclerose (inflamação com formação de placas de gordura na parede das artérias) e aumento da pressão arterial, além de ganho de peso.

A recomendação de ingestão diária de gordura saturada é 10% do valor energético ingerido. Em uma dieta de 2.000 calorias/dia, por exemplo, devemos consumir, no máximo, 200 calorias dessa fonte de energia. "O que faz mal é o excesso", diz o médico.

Vale lembrar que não é apenas a gordura animal que é saturada. Produtos industrializados, como biscoitos, bolos, sorvetes, massas, molhos e embutidos, também são ricos nesse tipo de gordura. Portanto, é preciso se atentar aos rótulos.

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Para Isolda Vasconcelos, nutricionista especializada em obesidade e emagrecimento pelo Hospital Albert Einstein, outro problema na gordura da picanha é que, para que ela fique saborosa, a gordura precisa ser bem tostada, precisando ser exposta a uma temperatura muito alta. "Isso faz com que se forme uma substância chamada acroleína, que é cancerígena", alerta. Mas se for consumida sem tostar demais, não há problemas.

Tipos de gordura encontradas na carne

Gordura saturada: está relacionada ao colesterol LDL, que em excesso no sangue favorece o entupimento das veias e artérias, o que pode causar infarto, AVC, trombose. Como mostrado, a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que o consumo de gorduras saturadas não ultrapasse 10% do total de calorias diárias. Um bife de filé-mignon (100 g) tem cerca de 4,5 g de gordura saturada..

Gordura insaturada: existem dois tipos dela: a monoinsaturada e a poli-insaturada. Ambas ajudam a aumentar o "bom" colesterol (HDL), que reduz o risco de doenças cardiovasculares. As gorduras, em geral, devem compor 30% do nosso consumo diário de calorias, o que, numa dieta de 2.000 kcal equivaleria a 600 kcal. Dessas, 20% deveriam ser mono e, principalmente, poli-insaturadas. Além da carne, esse tipo de gordura está presente no azeite, em castanhas, sementes etc.

Gordura trans: também chamada de gordura hidrogenada, é a mais nociva à saúde. Está presente principalmente em alimentos industrializados, como biscoitos e salgadinhos —neles, é usada uma gordura vegetal que passa por um processo químico de biohidrogenação. A carne também tem gordura trans —o CLA (ácido linoléico conjugado)—, mas ela é formada naturalmente pela ação de bactérias presentes no animal e não faz mal. Pelo contrário, é benéfica. Além de modular nossa imunidade, o CLA reduz o risco de câncer, de obesidade e do acúmulo de placas de gordura nos vasos sanguíneos.

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Fontes: Durval Ribas Filho, médico nutrólogo, endocrinologista e presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia); Francyne Silva Fernandez, nutricionista do CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim"; Isolda Vasconcelos, nutricionista especializada em obesidade e emagrecimento pelo Hospital Albert Einstein; Marcella Garcez, nutróloga, mestre em ciências da saúde pela Escola de Medicina da PUCPR e representante da Associação Brasileira de Nutrologia no Paraná.

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