Maurício Kubrusly: Entenda a demência, doença que acometeu jornalista

O renomado jornalista Maurício Kubrusly, de 77 anos, recebeu o diagnóstico de demência frontotemporal (DFT). A revelação sobre sua condição de saúde, que o afastou dos holofotes, foi feita pelo programa "Fantástico" da TV Globo, onde ele dedicou décadas de sua carreira. Recentemente, outro caso notório de DFT foi observado no ator Bruce Willis.

A DFT é uma condição que guarda semelhanças com o Alzheimer, porém se diferencia por características distintas, como afasia e modificações comportamentais. Essa forma de demência pode se manifestar a partir dos 45 anos e, até o momento, não possui cura conhecida, sendo tratável apenas em relação aos sintomas.

Diferentemente do Alzheimer, a DFT não impacta predominantemente a memória, mas, sim, ocasiona primordialmente mudanças no comportamento, como uma alteração na personalidade da pessoa afetada.

A idade também desempenha um papel diferenciador, visto que a DFT atinge uma parcela da população extremamente ativa, geralmente entre os 45 e 65 anos, enquanto o risco de desenvolver Alzheimer aumenta a partir dos 65 anos.

Quanto às causas, a origem da DFT pode ser genética, embora não seja uma regra que alguém desenvolverá a doença caso um parente a possua. O que se sabe é que no cérebro ocorre um acúmulo anormal de três proteínas - TAU (a mais abundante), FUS e TDP-43 - que se tornam tóxicas para os neurônios, levando à atrofia e aos sintomas da doença.

O diagnóstico é baseado em avaliação clínica com suporte de exames de imagem, porém, devido à semelhança dos sintomas com algumas doenças psiquiátricas, como depressão e transtorno bipolar, pode ocorrer diagnóstico tardio ou mesmo equivocado.

Quanto à terapia, não há um medicamento específico para tratar a DFT, e a cura não está disponível. O tratamento visa amenizar os sintomas manifestados.

A expectativa de vida após o diagnóstico varia consideravelmente, com uma média de oito a dez anos. Entretanto, se a demência estiver associada à Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), a sobrevida é reduzida para três a cinco anos.

Compreendendo a Demência Frontotemporal

A DFT é um conjunto de doenças neurodegenerativas e progressivas que afetam o cérebro. Todos os três tipos da doença (descritos abaixo) compartilham um comum denominador: a atrofia das regiões frontais e temporais do cérebro.

É possível que um tipo predominante evolua para outro durante o curso da doença. Por exemplo, um paciente pode inicialmente apresentar mudanças comportamentais e, em seguida, manifestar dificuldades na fala, ou vice-versa.

Variante Comportamental

Normalmente, as primeiras mudanças estão relacionadas às emoções e ao comportamento. O paciente perde a capacidade de filtrar suas ações, comportando-se de maneira inadequada e constrangedora. Além disso, exibe atitudes irresponsáveis, tornando-se indiferente aos outros e incapaz de compreender o ponto de vista alheio.

Variante Semântica da Afasia Progressiva Primária

Nesse caso, o paciente perde a capacidade de compreender palavras e nomes de objetos. Pode esquecer, por exemplo, o significado de uma vassoura ou de um martelo. A pessoa gradualmente perde a capacidade de falar, substituindo palavras e proferindo frases sem sentido.

Variante Não Fluente (ou Agramática) da Afasia Progressiva Primária

A pessoa enfrenta dificuldades ao expressar-se através da linguagem. Embora possa compreender o que é dito, sua fala se torna "travada". Em estágios avançados, a comunicação se torna tão desafiadora que o paciente pode ficar mudo.