Acorda enjoada e não está grávida? Veja possíveis explicações

1. Flutuações hormonais

Ao longo do ciclo menstrual, as flutuações hormonais podem influenciar o surgimento de enjoos matinais. "Os níveis hormonais sofrem flutuações significativas, principalmente o estrogênio e a progesterona. Isso pode afetar o sistema gastrointestinal e o centro de controle do vômito no cérebro", fala Maria Carolina Dalboni, ginecologista e obstetra.

Segundo ela, na fase inicial do ciclo, os níveis de estrogênio aumentam gradualmente e podem afetar os receptores de serotonina no cérebro, que desempenham um papel no controle do vômito e do enjoo. "Além disso, os níveis de estrogênio podem influenciar a motilidade gastrointestinal (contração do músculo), o que pode contribuir para a sensação de enjoo", diz.

Já na segunda metade do ciclo, os níveis de progesterona aumentam, causando relaxamento nos músculos do trato gastrointestinal, o que pode levar a uma lentidão no sistema digestivo e contribuir para náuseas.

2. Distúrbios do sono

Fatores como insônia e apneia podem perturbar o ciclo circadiano, relógio biológico interno que regula os padrões de sono-vigília, a liberação de hormônios e outros processos biológicos, potencialmente levando a enjoos matinais. "A falta de sono adequado pode afetar o equilíbrio dos neurotransmissores no cérebro, contribuindo para a sensação de náusea", diz o ginecologista e obstetra Domingos Mantelli.

Nesses casos, também pode haver desregulação de hormônios como cortisol e melatonina, que desempenham papéis importantes no sono, no metabolismo e na regulação do humor. "A falta de sono adequado também pode levar a um aumento nos níveis de estresse e ansiedade, que por sua vez podem desencadear sintomas de náusea. O estresse crônico afeta o sistema digestivo e pode causar desconforto abdominal e náuseas, além de refluxo gastroesofágico", fala Dalboni.

A falta de sono também pode influenciar a regulação dos níveis de açúcar no sangue, levando a episódios de hipoglicemia, o que pode desencadear sintomas como náuseas.

3. Alimentação desequilibrada

A alimentação também pode causar enjoos matinais, sobretudo em pessoas que costumam comer muito tarde da noite ou que ingerem alimentos pesados antes de dormir, como frituras, gorduras ou com muitos líquidos. "Tudo isso pode levar ao refluxo, porque você vai comer e, na sequência, vai colocar o seu corpo em decúbito [deitado]. Então, essa alimentação vai ficar muito tempo retida no estômago, podendo causar o refluxo", diz a nutróloga Liliane Oppermann.

O conteúdo ácido do refluxo pode causar enjoo e sensação desse estômago cheio. "O ideal é, nas duas horas que antecedem o horário que você vai deitar, não comer nada, mas, se for comer, comer algo mais leve", diz a nutróloga. Ela recomenda saladas e proteínas magras nesse momento, evitando ingerir muitos líquidos e bebidas alcoólicas. "O álcool é uma substância que precisa de um metabolismo hepático, e essa sobrecarga hepática também pode gerar o enjoo de manhã", completa.

4. Desidratação

A desidratação também pode contribuir para náuseas matinais, embora possa não ser a causa principal.

Quando você acorda de manhã após um período prolongado de sono sem ingestão de líquidos, seu corpo pode estar desidratado, o que pode levar a sensações de náusea e desconforto.

Não é recomendado ingerir grandes quantidades de água logo antes de dormir, mas sim ter uma hidratação equilibrada ao longo de todo o dia para evitar essa situação.

5. Ansiedade

A ansiedade pode afetar o sistema digestivo e levar a sensações de desconforto no estômago, náuseas e até mesmo vômitos. Isso porque ela desencadeia uma resposta metabólica sistêmica e uma sensação de luta ou fuga no corpo que afetam o funcionamento normal do sistema gastrointestinal.

"Além disso, a ansiedade crônica pode levar a hábitos alimentares irregulares, desequilíbrios hormonais e alterações no padrão de sono, todos os quais podem contribuir para sintomas de enjoo matinal", diz Dalboni. O estresse e a ansiedade também podem afetar o sistema nervoso, levando a sintomas gastrointestinais, como refluxo, incluindo náuseas ao acordar.

6. Infecções

Gripes, que causam congestão nasal, podem estimular o reflexo do vômito e resultar em náuseas matinais. Quando há uma infecção no organismo, o corpo luta para se livrar dela. "E é natural que, nessa tentativa do corpo de colocar algo para fora, haja enjoo, náusea e até uma vontade de vomitar", detalha a nutróloga.

Ainda vale destacar que infecções prejudicam o sono, sendo esse também um fator para a predisposição de enjoos matinais. "A pessoa respira mal e, muitas vezes, uma respiração bucal resseca a boca e a garganta, alterando o nível de acidez do corpo", diz Oppermann.

"Resfriados comuns geralmente não causam enjoo matinal como sintoma predominante, mas a congestão nasal e a dor de garganta causados por resfriado podem dar a sensação de enjoo, além de estado febril, que pode causar náuseas", completa Dalboni.

7. Efeitos colaterais de medicamentos

Existe uma lista ampla de remédios que podem causar enjoo matinal e esse é um dos efeitos colaterais mais comuns causados por medicamentos. Se você estiver tomando algum remédio regularmente e sentir que ele pode estar causando tais sintomas, marque uma consulta médica para tirar suas dúvidas e, se possível, trocar a medicação.

Náusea matinal na gravidez: o que causa?

De acordo com Domingos Mantelli, as náuseas matinais durante a gravidez são em grande parte atribuídas às flutuações hormonais, principalmente ao aumento dos hormônios hCG e progesterona.

"No entanto, a causa exata não é totalmente compreendida e outros fatores, como alterações no sistema gastrointestinal e sensibilidade a odores, também podem desempenhar um papel", diz. Segundo ele, se a gestante estiver em uso de progesterona em casos em que haja maior risco de perda gestacional, isso também pode aumentar os enjoos.

Fontes: Domingos Mantelli, graduado em medicina pela faculdade de medicina da Universidade de Santo Amaro, pós-graduação em ultrassonografia ginecológica e obstétrica pelo Instituto Fetus de ultrassonografia, pós-graduação em adequação nutricional e manutenção da homeostase - prevenção e tratamento de doenças relacionadas à Idade pela Universidade de Maringá, pós-graduação em ciências da longevidade pelo grupo longevidade saudável Ítalo Rachid; Liliane Oppermann, nutróloga com título de especialista há 15 anos pela Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), pós-graduada em prática ortomolecular e medicina integrativa pela Fapes, em medicina estética, em gastronomia funcional pela Famesp; Maria Carolina Dalboni L. Amaral, ginecologista, obstetra especializada em suplementação hormonal, especialista em saúde da mulher, é fundadora do podcast "Na Cama com Carol", em que aborda temas sobre saúde feminina, sexualidade e a rotina da mulher.