Bocejo é sinal de sono? É 'transmissível'? O que sabemos e o que é mistério

As pessoas bocejam quando estão cansadas, mas também quando acordam após uma noite de sono. Bocejamos quando estamos entediados, quando estamos ansiosos, famintos ou prestes a iniciar uma nova atividade. A ação é contagiosa — é comum começarmos no momento em que vemos alguém próximo bocejando.

Há muitos fatores que podem disparar o mecanismo. Pessoas que mergulham, por exemplo, tendem a bocejar antes de pular na água. Policiais dizem que o fazem antes do início de uma situação difícil.

Até ler sobre o bocejo faz as pessoas bocejarem. Você, provavelmente, está abrindo a boca agora.

Por que bocejamos?

A razão fisiológica desse recurso, contudo, segue sendo um mistério. Também não foi observado nenhum efeito desse ato — é possível que não exista nenhum, apesar das especulações.

Até 30 anos atrás, cientistas justificavam o bocejo como uma maneira de o corpo absorver uma grande quantidade de ar para aumentar os níveis de oxigênio no sangue em resposta a uma possível privação deste. Entretanto, a hipótese de oxigenação foi descartada após ter sido refutada por uma série de experimentos realizados em 1987.

Uma teoria corrente diz que o bocejo é uma estratégia de resfriamento do cérebro cuja função é promover estímulo e alerta.

O que acontece durante um bocejo

Bocejar consiste em uma profunda inalação de ar acompanhada de um intenso alongamento da mandíbula que é seguido de uma curta expiração e rápido fechamento do maxilar.

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Esse comportamento aumenta o fluxo do sangue para o crânio, o que pode proporcionar vários efeitos —entre eles o resfriamento do cérebro.

Quando a temperatura do corpo está mais alta, nos sentimos sonolentos e cansados.

À noite, por outro lado, o bocejo pode ser uma tentativa do corpo de se manter em alerta.

O sono também causa uma redução abrupta da temperatura do cérebro e do corpo —portanto, também é possível que bocejemos simplesmente para facilitar a transição do estado de alerta para o de repouso.

Alerta coordenado

Uma coisa é certa: quando uma pessoa boceja, ela pode levar um grupo inteiro a começar também. Acredita-se que pessoas mais empáticas são mais facilmente influenciadas pelo bocejo dos outros.

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Estudos de imagens cerebrais mostraram que, quando seres humanos veem outros indivíduos bocejando, as áreas do cérebro conhecidas por estar ligadas às funções sociais são ativadas. Até cachorros bocejam quando veem seus donos, ou mesmo estranhos, abrindo a boca. Além disso, o bocejo contagioso também já foi observado em outros animais.

A disseminação do ato de bocejar poderia servir para promover um modo de alerta coordenado entre membros de um grupo, sincronizando o estado mental deles e os protegendo de ameaças externas mais rapidamente.

Fontes: Adrian Guggisberg, professor de neurociência clínica na Universidade de Genebra, e Andrew Gallup, professor-assistente de psicologia no Instituto Politécnico da Universidade Estadual de Nova York.

*Com informações do The New York Times em conteúdo publicado em 28/02/2019.

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