Será que seus hormônios sexuais estão em baixa? Reconheça sinais comuns
Qual é a hora certa de começar a reposição hormonal? A terapia traz benefícios para a saúde? E quais são seus riscos? No penúltimo episódio da sétima temporada do Conexão VivaBem, o endocrinologista Wilmar Accursio tira dúvidas sobre o assunto.
Quais são os principais hormônios sexuais para homens e mulheres e para quê eles servem?
Nos homens, o principal hormônio sexual é a testosterona. Já no caso das mulheres, além da testosterona, também estão envolvidos o estrógeno e a progesterona.
É importante dizer que esses hormônios não têm somente uma função sexual. Eles também estão relacionados a outros benefícios, como o aumento da energia, disposição, cognição, capacidade mental e até podem reduzir o risco de depressão. "É uma libido geral, não é só libido sexual", explica o especialista.
Quais são os sintomas que mulheres e homens apresentam quando precisam de reposição hormonal?
Na mulher, a queda dos hormônios testosterona, estrógeno e progesterona acontece durante a perimenopausa (a fase de transição para a menopausa) e na menopausa.
Os sintomas incluem:
- Irregularidades no ciclo menstrual, como a menstruação mais espaçada;
- Problemas na vida sexual, já que a vagina não fica mais tão lubrificada quanto antes.
- Famosos fogachos (calorões).
Já nos homens, os sintomas são mais genéricos. Isso porque eles não param de produzir hormônios sexuais, só diminuem a produção.
Os sinais costumam aparecer a partir dos 50 anos e incluem:
- Menos energia
- Cansaço
- Piora do sono
- Diminuição da libido
Quais são as principais causas da testosterona baixa em homens?
A andropausa é um processo natural caracterizado pela queda da testosterona, mas também existem alguns fatores que podem levar à diminuição da produção desse hormônio. Os principais são a obesidade e o estresse.
A boa notícia é que, se o paciente emagrecer e o estresse for controlado, o hormônio pode voltar a subir.
Homens com testosterona normal querem aumentar a dose por questões sexuais. O hormônio pode realmente ajudar nesses casos?
Accursio conta que 90% dos homens que entram em consultório estão com nível normal de testosterona, mas querem aumentar o hormônio por questões sexuais. O médico, porém, explica que a reposição de testosterona só é indicada para quem tem deficiência.
Além disso, a reposição somente serve para melhorar os sintomas que foram causados pela sua falta. "Ou seja, se o indivíduo tem testosterona normal, mas tem dificuldade sexual, não é a testosterona que vai corrigir isso. O problema está sendo causado por alguma outra questão que ele tem, que pode ser psicológico, vascular ou neurológico", diz Accursio.
"Hoje em dia criou-se um mito, todo mundo quer tomar testosterona porque parece que vai virar super homem e super mulher, mas não é bem assim".
Mulher deve repor testosterona?
O tema é controverso. As sociedades médicas não recomendam a reposição de testosterona em mulheres, mas Accursio discorda.
Segundo o especialista, durante a vida fértil da mulher, principalmente quando ainda existe a possibilidade de procriar, ela produz uma quantidade muito maior de testosterona do que estrógeno, o que justificaria a lógica de repor o hormônio na menopausa.
"Na minha opinião, e isso é extremamente controverso, a mulher que precisa deve usar a testosterona na menopausa. Melhora em muito qualidade de vida das pacientes, desde a libido, energia, tudo".
No entanto, o médico pondera que a reposição antes da menopausa não é necessária. "Antes da menopausa é turbinar, não é necessidade. É uma questão do médico e da paciente quererem incorrer os riscos dos efeitos colaterais".
Quais são os efeitos colaterais?
O homem praticamente não sofre efeito colateral quando a reposição de testosterona é feita na quantidade adequada. Já na mulher, os efeitos colaterais desse hormônio podem incluir acne, pele oleosa e queda de cabelo.
Quais são os perigos de repor hormônio para quem não precisa e em quantidades inadequadas?
A hora certa de começar a reposição hormonal é quando o hormônio está em falta, diz o endocrinologista.
"Quando o paciente realmente faz reposição do que está faltando, ele terá mais de 90% de benefícios e um risco muito pequeno, que é o caso da menopausa na mulher e da andropausa no homem", explica o médico.
Accursio afirma, no entanto, que o grande problema hoje em dia é que, por uma questão comercial, estão sendo prescritos hormônios para pacientes sem necessidade, uma prática que se assemelha ao dopping.
Uma reposição hormonal inadequada traz vários riscos para a saúde tanto dos homens quanto das mulheres, incluindo aumento do colesterol ruim e de doenças cardíacas. O uso excessivo de hormônios e por longos períodos de tempo também pode causar hipertrofia cardíaca, condição conhecida como "coração aumentado".
Qual a relação entre reposição hormonal e câncer de mama?
Um dos maiores medos das mulheres em relação à reposição hormonal é o risco do câncer de mama, o que Accursio considera uma verdade relativa, dado o número baixo de casos.
O médico também explica que, se uma mulher fizer a reposição e for diagnosticada com a doença precocemente, poderá começar o tratamento cedo e provavelmente será curada.
Accursio destaca que a principal causa de câncer de mama é o envelhecimento, e não a reposição hormonal. Na avalição do endocrinologista, ao não fazer a reposição quando necessário, a pessoa perde proteção cardíaca, neurológica, óssea, muscular e qualidade de vida.
"Tem muito mais benefícios do que problemas usando na dose certa, tanto para homens quanto mulheres. Os problemas são os excessos", comenta.
A reposição hormonal é, de maneira geral, contraindicada para mulheres que tenham ou já tiveram alguns tipos de câncer que dependam do estrogênio para sua evolução, como de mama ou de endométrio, ou tenham histórico de câncer de mama na família. Os riscos e benefícios de fazer a terapia nesses casos devem ser discutidos individualmente com o médico.
Como funciona a reposição em homens trans?
Não é feita uma reposição, mas a aplicação de altas dosagens de hormônios para uma mulher ficar com a aparência de um homem e o contrário, de acordo com o endocrinologista.
"Uma pessoa que se considerava totalmente inadaptada ao corpo que tem, sofria o tempo todo por causa disso e tinha dificuldades sociais, você dá um hormônio em quantidade maior para fazer com que ela fique melhor psicologicamente, eu acho que é válido", opina o médico.
Accursio acrescenta, no entanto, que ainda não se sabe as consequências desse procedimento no futuro. "Se daqui a 20 anos a gente descobrir que o preço foi muito alto, vamos começar a falar para esse paciente, 'o preço é esse, vamos pagar ou não?' Mas hoje não temos a noção exata do que pode acontecer".
O que é remodulação hormonal?
Você já ouviu falar da remodulação hormonal com bioidênticos que alguns famosos, como Tatá Werneck e o Bruno Gagliasso, fizeram?
Segundo Accursio, esse termo não existe na prática médica e foi criado para vender fantasia e fazer marketing. O que existe é a reposição hormonal.
Um outro ponto é sobre o uso dos hormônios bioidênticos, que nada mais são do que os hormônios iguais aos que produzimos. Por exemplo, a insulina, o hormônio de tireoide, os hormônios usados na reposição hormonal feminina são todos bioindênticos.
"A ciência conseguiu fazer hormônio igual ao que temos, só que para dourar a pílula e cobrar a mais acabam fazendo uma mágica em torno do bioidêntico", comenta o especialista.
"Quem faz o marketing em cima desse nome fala que só a farmácia de manipulação e geralmente a que ele indica é que faz o bioidêntico, o que não é verdade", acrescenta Accursio.
O grande perigo disso é a confusão que pode gerar nas pessoas. "Você vê frequentemente paciente falando, com o bioidêntico não vou ter câncer de mama, não vou ter câncer de próstata. E isso não é verdade, ele é igual ao outro".
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