Fixação de fratura: entenda procedimento feito em Kayky Brito após acidente

O boletim médico do Hospital Copa D'Or informou nesta segunda (4) que Kayky Brito passou por uma fixação de fraturas na pelve e no braço direito. O ator sofreu politraumatismo e traumatismo cranioencefálico após ser atropelado na madrugada de sábado.

O que é fixação de fraturas?

Basicamente, é a correção de um osso quebrado. A fixação pode ser feita com fixador externo em situações mais graves ou interno em casos mais leves.

Na urgência de uma pessoa com politraumatismo, quadro considerado grave, geralmente o fixador externo é usado primeiro. Pode ser aplicado em fraturas expostas ou não.

  • A estratégia é mais prática no caso de paciente em UTI, acamado por muito tempo.
  • É feita em cerca de 20 minutos, ante duas horas de uma cirurgia.
  • Evita riscos maiores de uma cirurgia aberta para alguém que já está em estado grave.
  • Permite que outros tratamentos sejam realizados, como fisioterapia, e a pessoa mantenha certa mobilidade, de estender e dobrar o membro.

Além disso, o fixador externo permite melhor controle da lesão. "A gente não costuma deixar um paciente politraumatizado com gesso porque não conseguimos ter parâmetro de quanto isso está incomodando", destaca Caio Zamboni, especialista em trauma ortopédico e membro da Sociedade Brasileira do Trauma Ortopédico.

"Depois, se pensa num tratamento definitivo, porque o ideal nas fraturas é fazer fixação interna. A externa é algo mais provisório", explica Fabio Peluzo, ortopedista do Hospital Ortopédico AACD.

O procedimento interno é feito após a pessoa apresentar melhora no quadro clínico. O mais importante num primeiro momento é reparar a fratura o mais rápido possível para que o osso se consolide sem desvios.

Tipos de fixação de fratura

Há dois grandes grupos, explica Zamboni:

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  • Nas fraturas diafisárias (que acontecem ao longo de um osso longo, como da coxa) - o princípio é manter o alinhamento, comprimento e a rotação do membro para um tratamento funcional mais próximo do normal possível.

  • Nas fraturas articulares - são tratadas de forma mais anatômica, em que todos os pedaços, cartilagens e ligamentos precisam ser preservados ou reconstruídos para ter função de mobilidade normal depois.

Além disso, a fixação pode ser com talas (metálicas, engessadas, tipoia, órtese) ou com os fixadores externos (de vários modelos) e internos (placa e parafuso ou haste intramedular).

Fraturas graves

Zamboni explica que as lesões do anel pélvico (na região do quadril) podem levar à muita perda de sangue, quadro potencialmente fatal.

Por isso, elas são prioridade no atendimento de pacientes graves que precisam de fixação de fraturas.

As fraturas dos ossos longos, como de perna e braço, também merecem atenção especial, porque podem ter sangramento em grande volume.

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Além de reparar os ossos, a cirurgia de fixação tem o objetivo de controlar o trauma grave e evitar um cenário pior.

Em quanto tempo o osso se regenera?

Segundo Peluzo, numa média de seis a oito semanas, dependendo do local da fratura. O tempo pode variar dependendo do estado nutricional do paciente.

"Crianças consolidam mais rápido, pessoas com osteoporose podem dar um pouco mais de trabalho. Depende se foi feita compressão no local da fratura, se teve lesão de músculo em volta", indica Zamboni.

ABCDE do trauma

O politraumatismo é quando pelo menos duas áreas diferentes do corpo sofrem lesões graves ao mesmo tempo.

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Essas lesões podem ser queimaduras, fraturas, hemorragias ou dano neurológico, como o traumatismo craniano sofrido pelo ator. Politraumas podem ser classificados como leves, moderados e graves.

O atendimento de uma pessoa que sofre politraumatismo segue uma ordem de atendimento inicial classificada como XABCDE. Cada letra remete a um sistema do corpo ou condição que deve ser avaliada de forma esquematizada para maior eficiência.

"Esse é um ponto importante porque uma das coisas que a gente tem que priorizar é salvar a vida do paciente. Depois a gente vai para o tratamento efetivamente das fraturas", diz Zamboni.

A sequência é:

  • X: conter hemorragia externa grave, se for o caso
  • A (do inglês airways): vias aéreas e proteção da coluna cervical
  • B (do inglês breathing): respiração
  • C: circulação sanguínea, com pesquisa por hemorragias
  • D (do inglês disability): nível de consciência
  • E: exposição e extensão das lesões, controlando o ambiente

Referências:

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Rodrigues MS, Santana LF, Galvão IM. Utilização do ABCDE no atendimento do traumatizado. Rev Med (São Paulo). 2017 out.-dez.;96(4):278-80

Paccola CA. Fraturas expostas. Rev Bras Ortop. 2001;36(8):

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