Não é só dormir! Há 7 tipos de descanso; conheça-os e relaxe da forma certa
Colaboração para o VivaBem
12/09/2023 04h00
Uma teoria que tem ficado popular nas redes sociais é de que é possível dividir o descanso em sete tipos: físico, mental, emocional, espiritual, sensorial, criativo, social. Apesar de não ter uma validação cientifica, ou seja, estudos que comprovem que há diferença entre eles, essa tipificação faz com que seja mais fácil para qualquer pessoa identificar de onde vem o cansaço e ter planos de ação para levar o descanso a sério.
Os sete tipos de descanso é uma teoria que foi criada por Saundra Dalton-Smith, autora do livro Sacred Rest, que ainda não tem tradução para o português.
Samantha Sato, coordenadora de psicologia da clínica eCare e neuropsicóloga especialista pela Faculdade de Medicina da USP, aponta que a teoria é positiva, considerando que muitas pessoas têm dificuldade de entender o que é o cansaço e o que é descanso.
Muitas pessoas acreditam que para descansar basta dormir, contudo há outras formas de se livrar da fadiga. Todos nós temos reservas de energia diferentes, para coisas diferentes, assim é importante identificar onde estamos gastando mais nossa energia, ou seja, onde estamos mais cansados, para que possamos ajustar nossos hábitos de forma mais saudável, respeitando também nossos limites individuais. Samantha Sato, neuropsicóloga
A seguir, veja quais são os tipos e como praticar cada um.
Descanso físico
Dormir é a principal forma que conhecemos para descansar, mas o descanso físico não se baseia apenas em dormir, mas também em saber relaxar o corpo.
Estácio Amaral, psiquiatra e professor da Universidade Federal da Paraíba, aponta que esse tipo de descanso pode ser divido em duas partes: o passivo, que é o momento do sono, e o ativo, com o qual é possível encontrar uma atividade que busca esse descanso.
"Ioga, massagem, alongamento e relaxamento são formas de descansar o corpo, mas a questão é reconhecê-las como uma forma de aliviar o cansaço, e não mais uma atividade dentro da rotina, como uma responsabilidade", diz Amaral.
Descanso mental
Estamos o tempo todo sendo bombardeados por informações, estimulando o cérebro constantemente. Muitas vezes, a pessoa nem sequer sabe de onde vem o seu cansaço ou sua ansiedade, por conta da atividade cerebral.
Por esse motivo, é importante priorizar as pequenas pausas de atividade no dia. Apenas 10 minutos a cada hora de atividade já é o suficiente. Uma forma de descansar a mente é investir em exercícios de respiração ou meditação que ajudam a aliviar a sensação de fadiga.
Descanso emocional
O descanso emocional é proporcionado pela expressão dos sentimentos, livremente. Um exercício de entender que não deve haver preocupação com o outro, nem de ser julgado ou de agradar todo mundo. E que a longo prazo traz benefícios para a saúde mental e o modo de se comportar diante de situações e pessoas. A terapia pode ser a maior aliada para elaborar emoções e sentimentos, mudando padrões e comportamentos. Leituras e podcasts que falam sobre como viver melhor consigo mesmo podem trazer benefícios.
Beatriz Mota, psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental, explica que o descanso emocional nem sempre é conhecido. Por esse motivo, é preciso fazer uma avaliação. "A pergunta norteadora para entender como fazer este descanso é: como eu estou hoje e o que eu preciso para ter um dia bom. Se há algum sentimento de tristeza, angustias, ansiedade, pensar o que é possível fazer com esse sentimento naquele momento."
Descanso espiritual
Espiritualidade é diferente de religiosidade. Para a psicologia, nenhuma pessoa precisa ter uma religião para experimentar a espiritualidade, embora a religião seja sim um meio de expressão e alternativa importante para atribuir sentido às experiências de sofrimento, bem como objetivos de vida e existência.
Uma conexão com a natureza, por exemplo, já é a aplicação de espiritualidade.
A espiritualidade é importante para buscar o sentido nas coisas, nas pessoas e na vida. Quando achamos sentido, há um fechamento e entendimento das situações e menor desgaste físico e mental. Samantha Sato, neuropsicóloga
Descanso social
Criar uma rede de apoio e dedicar tempo para estar com essas pessoas reduz a quantidade do hormônio do estresse (cortisol), além de estimular a produção de todos os hormônios ligados à felicidade.
[O descanso social] é buscar estar junto de boas companhias que tragam leveza e paz, ao invés de problemas e uma relação 'pesada'. Uma boa dica é estar presencialmente com seus amigos, mas, se não for possível, que seja de forma virtual ou através de uma ligação telefônica, mensagens ou usando chamadas de vídeo. Estácio Amaral, psiquiatra e professor
Descanso sensorial
Celular, luz da tela do computador, buzina, obra do vizinho, mais de cinco reuniões ao dia. Estamos sobrecarregados de estímulos, que podem contribuir para o estresse. Similar ao descanso mental, o sensorial é o momento de fazer pausas e tentar ficar em silêncio.
"Temos tantos ruídos e barulhos ao nosso redor, que nos esquecemos como é bom apreciar o som do silêncio ou simplesmente a sensação de fechar os olhos por alguns segundos ou desfocar o olhar para longe e buscar ouvir sua própria respiração", diz Sato.
Descanso criativo
A recomendação dos especialistas é dar novas perspectivas e alimentar o lado criativo com coisas que o inspiram. Prestar mais atenção ao momento que se vive ajuda nas funções cognitivas, na memória e com certeza na criatividade.
Mota explica que tirar um tempo para observar o mundo, a natureza ou até mesmo onde você passa entre o local de trabalho e sua casa.
"O descanso do dia a dia não precisa seguir um calendário. Se eu sou uma artista e preciso de descanso criativo, por exemplo, eu preciso entender o que há na minha rotina que vai atender essa necessidade de ter um descanso criativo e que ele influencie positivamente", diz a psicóloga.