De onde vem esse bronze? Existe motivo para cor de pele de fisiculturistas

A brasileira Francielle Mattos, 37, bicampeã da categoria Wellness do Mr Olympia (a Copa do Mundo de fisiculturismo), ganhou fama como a "Ferrari humana". Além dos músculos, um detalhe chamou a atenção: o bronzeado.

Segundo as regras dos concursos de fisiculturismo, os atletas devem ter um bronzeado natural e saudável. O objetivo seria evitar o efeito alaranjado —mas muitas vezes isso é o que acontece com alguns participantes.

Por que os atletas precisam desse bronze todo?

Destaque no palco. O objetivo desse bronzeado é destacar os músculos quando eles estiverem em cima do palco. Quando o fisiculturista está competindo, já cumpriu tudo o que tinha de ter feito e a única coisa que pode fazer para destacar mais o corpo é caprichar na pintura corporal e nas poses. Se ele falhar na hora de exibir a musculatura, pode até perder para um atleta pior.

Bronze sem manchas. Além de terem aulas de poses, existe toda uma rotina para alcançar uma boa pintura no dia da competição. Quanto mais escura e bronzeada a pele estiver, mais aparente estará a musculatura. Se a pele estiver manchada, isso pode prejudicar o atleta e fazer com que ele perca pontos.

E como eles conseguem essa cor?

Estratégias específicas. Enquanto alguns optam por fazer bronzeamento artificial com esteticista, a grande maioria é adepta da pintura corporal para obter a cor ideal.

Tinta varia de acordo com o tom natural de pele da pessoa. O tom da tinta é padronizado e vai reagir de acordo com o tom de pele da pessoa. Se ela for uma pessoa muito branca, mas tiver um tom de pele amarelado, vai ficar de um jeito. Se for para um tom mais avermelhado, o resultado será outro.

Há também quem "inventa moda" quando o assunto é pintura: usa corante para bolo, mistura tinta com pó de café, batom. Os resultados, porém, não ficam perfeitos e podem prejudicar o atleta no dia.

Esfoliação e lençol manchado

Ajuda necessária. Um dos maiores problemas para os fisiculturistas é que o processo de pintura começa um dia antes da competição e precisa ser repetido várias vezes ao dia. Antes de passar a tinta, é preciso esfoliar a pele para deixar a superfície limpa. Também é preciso recorrer a alguém com experiência em pintura, pois não dá para pintar as costas sozinho.

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Itens indispensáveis. A pintura pode ser feita com pincel ou rolinho, enquanto o acabamento é feito com esponja. Depois de passada a tinta, é preciso secar com secador e esperar um pouco, pois ficam várias manchas, e aí tem de ir acertando a pintura. A tinta, porém, sai com facilidade. Então, é preciso deixar reservado até um lençol para o dia da competição.

Fisiculturista exibe músculos no evento multiesportivo Arnold
Fisiculturista exibe músculos no evento multiesportivo Arnold Imagem: Adriano Ishibashi/iFrame

No dia da competição, os participantes tem à disposição um espaço reservado para a pintura. Já no fim do campeonato, o drama é outro: voltar à cor natural. Algumas tintas saem no banho, mas outras demoram cerca de uma semana para sair. Então, é quando os atletas recorrem à esfoliação e até ao uso de água oxigenada.

Substância na tinta é a mesma de autobronzeadores

Substância aprovada. O DHA (dihidroxiacetona), substância presente nas tintas usadas pelos competidores, não faz mal para a saúde e está presente em concentrações menores em autobronzeadores de marcas famosas. Ela não é uma substância cancerígena e é aprovada por órgãos de saúde.

Quais são os riscos? O perigo da pintura, assim como das tintas de hena, é o aparecimento de alergias, como dermatite de contato. Dependendo da frequência da pintura, a tinta pode aumentar a oleosidade da pele por obstruir os poros —o que favorece o aparecimento de espinhas, acnes e cravos, principalmente no peito, nas costas e no rosto.

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*Com reportagem publicada em 20/09/2017

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