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Para que servem os 5 remédios que venderam mais de R$ 1 bilhão em um ano?

Remédio para tratar diabetes muito usado por quem quer emagrecer, o Ozempic foi o medicamento campeão de vendas no Brasil entre julho de 2022 e junho de 2023 Imagem: iStock

Marcello De Vico

Colaboração para VivaBem

20/09/2023 04h04

O mercado farmacêutico vive em constante expansão. Segundo dados da Interfarma, o setor teve alta de 62% nos últimos 5 anos, saltando de R$ 90,5 bilhões em vendas para R$ 146,7 bilhões.

Acompanhando esse crescimento, o número de medicamentos que no período de um ano venderam mais de R$ 1 bilhão no Brasil subiu de dois para cinco.

Ozempic e tadalafila já haviam conquistado o status de 'bilionários' entre julho de 2021 a junho de 2022. Agora, os dois ganharam a companhia da sinvastatina, do Torsilax e do Aradois. De julho de 2022 a junho de 2023, cada um desses medicamentos vendeu 1 bilhão ou mais, segundo levantamento do Close-Up International, instituto que faz auditoria do receituário apresentado em farmácias brasileiras.

Para que servem esses remédios e por que eles vendem tanto? Explicamos a seguir —e, lembre-se, nenhum medicamento deve ser consumido sem prescrição médica e orientação de um farmacêutico.

1. Ozempic - R$ 3,17 bilhões

Imagem: Divulgação

Campeão de venda no Brasil, o remédio é indicado para tratar diabetes tipo 2. Porém, o Ozempic virou aqui e em boa parte do mundo por gerar uma perda de peso rápida. Graças a esse efeito colateral, começou a ser usado de forma off label (fora da recomendação de uso da bula) para tratar obesidade.

Injetável, o Ozempic tem como princípio ativo a semaglutida. A substância "simula" no organismo a ação do GLP-1, hormônio natural que inibe a fome e regula o nível de açúcar no sangue (glicemia).

Esse ano, o remédio chegou a ficar em falta nas farmácias de alguns países, incluindo o Brasil e os EUA.

O grande interesse pelo remédio foi impulsionado por celebridades —como a cantora Jojo Todynho e o dono do Twitter Elon Musk—, influenciadores digitais e pessoas não tão conhecidas que compartilharam seus resultados de emagrecimento após tomar o Ozempic.

Quanto custa? O preço das canetas de Ozempic varia entre R$ 994,03 a R$ 1.308,32.

2. Tadalafila - R$ 1,66 bilhão

Imagem: iStock

A tadalafila age aumentando o fluxo de sangue no pênis e foi o primeiro medicamento de uso oral indicado para disfunção erétil, cujo efeito pode durar até 36 horas.

Trata-se de um remédio que é classificado como inibidor reversível, potente e seletivo da fosfodiesterase 5 (PDE5). Dadas as suas características, a substância só deve ser utilizada sob prescrição médica.

Concorrente do Viagra, o Cialis é a marca de referência da tadalafila, mas você pode encontrar diversas versões genéricas desse medicamento. Ele está disponível em comprimidos revestidos de 5 mg e 20 mg.

Quanto custa? Por ter versões genéricas de diversos fabricantes, com diferentes números de comprimidos por embalagem, os preços da tadalafila variam muito. É possível encontrar o medicamento com preços a partir de cerca de R$ 6 até quase R$ 400.

3. Sinvastatina - R$ 1,09 bilhão

A sinvastatina é um medicamento da classe das estatinas, remédios usados para diminuir o colesterol Imagem: iStock

A sinvastatina faz parte da classe das estatinas, grupo de medicamentos usados para reduzir o LDL (colesterol ruim). Para isso, a substância inibe a produção de uma enzima fabricada no fígado, a HMG-CoA redutase.

O medicamento também tem o efeito pequeno de reduzir o triglicérides e aumentar o HDL, que é o colesterol bom.

O uso da sinvastatina reduz o risco de formação de placas de gorduras nos vasos sanguíneos, que podem gerar complicações cardiovasculares com infarto, AVC e tromboses.

Quanto custa? O preço varia de cerca de R$ 6 a quase R$ 160, pois o medicamento tem versões genéricas e de referência de muitos fabricantes, com diferentes dosagens e número de compridos por embalagem.

4. Torsilax - R$ 1,04 bilhão

Imagem: Reprodução

O Torsilax é indicado para tratar reumatismo, grupo de doenças que pode afetar os músculos, os ossos e as articulações.

Para isso, o medicamento tem em sua composição substâncias com ação relaxante muscular (carisoprodol), anti-inflamatória (diclofenaco sódico) e analgésica (paracetamol). A combinação reduz a dor, o inchaço, a inflamação e sintomas como a febre e o calor no local afetado.

"Por se tratar de um conjunto de analgésicos, há de se tomar cuidado com o uso do medicamento", alerta Alfredo Salim Helito, médico da família do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

O especialista reforça que o uso sem orientação desse e de outros remédios pode causar problemas nos rins, no fígado e no estômago. Veja 8 motivos para evitar a automedicação.

Quanto custa? De cerca de R$ 6 (12 comprimidos) até cerca de R$ 320 (200 comprimidos).

5. Aradois - R$ 1 bilhão

O Aradois tem como princípio ativo a losartana, substância que ajuda a controlar a pressão arterial Imagem: iStock

O Aradois tem a losartana como princípio ativo e é um medicamento usado para controlar a hipertensão arterial —a popular pressão alta.

O remédio age dilatando os vasos sanguíneos, para ajudar o coração a bombear o sangue para todo o corpo com mais facilidade. Essa ação ajuda a reduzir a pressão arterial e a melhorar o funcionamento do coração em muitos pacientes com insuficiência cardíaca.

"Dos medicamentos para hipertensão, é um dos que tem menos efeitos colaterais, menos hipotensão postural e menos alteração da função erétil. Usado com orientação médica, não causa grandes eventos adversos", pontua Helito.

Quanto custa? De cerca de R$ 43 (25 mg com 30 comprimidos) a quase R$ 300 (100 mg com 60 comprimidos).

*Os valores foram consultados em pesquisas na internet e na tabela da CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) de abril. Os preços podem variar conforme alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de cada estado, da farmácia revendedora, da quantidade de medicamento por embalagem e, no caso de genéricos, do fabricante.

Por que esses 5 remédios vendem tanto?

O grande consumo pode ser explicado pela alta demanda, segurança, eficácia e baixo custo de aquisição. Com exceção do Ozempic, os outros medicamentos reúnem todos esses requisitos Auney Rodrigues Alencar, Presidente da AFFEC (Associação das Farmácias de Farmacêuticos do Ceará)

Fontes: Alfredo Salim Helito, médico da família do Hospital Sírio-Libanês; Helio Osmo, presidente da SBMF (Associação Brasileira de Medicina Farmacêutica); e Auney Rodrigues Alencar, Presidente da AFFEC (Associação das Farmácias de Farmacêuticos do Ceará).

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