Olho tremendo por aí? Além de estresse, veja o que mais explica o sintoma

Meme e até filtro em aplicativo de rede social, o tremor nos olhos tem se tornado queixa comum. Involuntário, o espasmo consiste em contrações do músculo orbicular localizado ao redor dos olhos e é conhecido tecnicamente como mioquimia palpebral.

"É um sinal de estresse e cansaço físico e mental, que ocorre quando a pessoa está sobrecarregada no trabalho ou passando por um momento de vida delicado", afirma Midori H.Osaki, oftalmologista, presidente da SBCPO (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular) e professora afiliada do departamento de oftalmologia da Unifesp.

Falta de sono e ansiedade também são causas, assim como excesso de álcool e tabagismo. Além disso, segundo Claudio Lottenberg, oftalmologista e presidente do conselho do Hospital Israelita Albert Einstein, o consumo excessivo de cafeína, seja no café, chá, refrigerante ou bebida energética, pode estimular os músculos e desencadear o tremor.

Confira algumas explicações sobre as principais dúvidas relativas aos tremores que surgem inesperadamente e podem durar de segundos a horas e, ocasionalmente, dias ou semanas.

1. Rara relação com o sistema nervoso

"Muito raramente, espasmos oculares podem ser um sinal de certos distúrbios do sistema nervoso. Quando isso ocorre, o tremor da pálpebra quase sempre é acompanhado por outros sinais e sintomas neurológicos", esclarece Lottenberg.

2. O incômodo costuma afetar apenas um dos olhos ou pode ocorrer nos dois?

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O problema afeta sempre uma das pálpebras, geralmente a superior, mas pode ocorrer também na inferior. Segundo os especialistas, são raros os episódios simultâneos na superior e na inferior e do mesmo lado.

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3. Óculos desatualizados

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"Se a pessoa tiver vício de refração, isto é, o grau de óculos não está correto, pode-se intensificar o problema, daí a importância de ir ao médico oftalmologista para uma consulta", afirma Keila Monteiro de Carvalho, oftalmologista, professora titular de oftalmologia da Unicamp, coordenadora do serviço de estrabismo, oftalmologia pediátrica e visão subnormal do HC-FCM (Hospital das Clínicas da Faculdade de Ciências Médicas) da Unicamp.

Recomenda-se estar com os exames oculares em dia, principalmente as pessoas que usam o computador o dia todo. "A correção da refração (grau dos óculos) é essencial e evita muitos problemas relacionados ao cansaço ocular", aconselha.

4. Excesso de telas

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Cada vez mais, as pessoas passam horas seguidas na frente de um computador, tablet ou celular, daí, nas palavras de Lottenberg, a exposição excessiva à luz das telas digitais provoca fadiga visual e muscular, devido a redução da taxa de piscadas, que leva aos espasmos.

O uso constante exacerba o quadro de olho seco, que é uma condição associada à mioquimia palpebral —e aumenta a frequência dos episódios.

"A falta de lubrificação nos olhos causa, além de irritação, espasmos nas pálpebras", afirma Lottenberg.

5. É possível distinguir o distúrbio de outros problemas?

De acordo com os especialistas, a maioria dos casos de mioquimia palpebral é benigna e não está associada a disfunções graves.

No entanto, Lottenberg lista algumas patologias que podem originar o tremor: esclerose múltipla, enfermidade crônica do sistema nervoso central que pode afetar os nervos que controlam os músculos das pálpebras, doença de Parkinson, síndrome de Tourette e distonia.

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6. Se persistir por semanas, pode estar relacionado a outros problemas de saúde?

Os casos de tremor nas pálpebras são esporádicos e passageiros. Sendo assim, é aconselhável investigar se persistirem por meses ou aparecerem em outras áreas da face.

Pode ser também efeito colateral de medicamentos, como o uso de topiramato para tratamento de enxaqueca. "A mioquimia cessa com a suspensão do medicamento", afirma a oftalmologista da SBCPO.

7. Compressas quentes podem ajudar a conter o incômodo?

Não, o ideal são compressas geladas. No entanto, os especialistas afirmam que a solução definitiva é tratar a origem do problema.

De acordo com Osaki, o tratamento consiste em atenuar a carga de estresse, diminuir a ingesta de produtos à base de cafeína, tentar ter um sono mais regular, reduzir o uso de telas (fazer pausas durante o uso) e usar colírios lubrificantes oculares.

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8. O botox pode ser usado para tratamento?

Sim, em casos persistentes, pode-se considerar o tratamento com aplicação de botox (toxina botulínica) no músculo responsável pela mioquimia palpebral e que favorece o desconforto significativo.

"A toxina botulínica é injetada diretamente nos músculos das pálpebras, atuando como um bloqueador neuromuscular para controlar os espasmos musculares", descreve Lottenberg.

9. O tremor está relacionado ao blefarospasmo?

A oftalmologista da SBCPO explica que diferentemente da mioquimia palpebral que é unilateral, o blefarospasmo essencial é uma doença que acomete ambos os olhos e é caracterizada por contrações involuntárias dos músculos das pálpebras e da região da glabela —região compreendida entre as duas sobrancelhas.

10. Há relação com o espasmo hemifacial?

Sem causa definida, o espasmo hemifacial consiste em contrações musculares involuntárias de uma metade do rosto. No início, pode apresentar-se como mioquimia palpebral, segundo Osaki.

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Dicas para aliviar ou prevenir o aparecimento dos tremores nas pálpebras

Para amenizar o desconforto, é aconselhável fazer pausas se passar longos períodos olhando para telas ou executando tarefas que exijam foco intenso.

Tirar os olhos das telas dos dispositivos a cada 30 minutos e descansar de 2 a 3 minutos.

Usar colírios lubrificantes: olhos ressecados contribuem para os tremores palpebrais.

Restringir ou evitar o consumo de bebidas com cafeína (café, chocolate, bebidas energéticas, chá mate, chá verde, refrigerantes a base de cola e guaraná) e álcool.

Descansar adequadamente.

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Evitar o uso do celular antes de dormir, pois pode prejudicar a qualidade do sono.

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