Cuidado: calorão afeta mais drasticamente saúde de crianças e idosos
Boa parte do Brasil está sob uma onda de calor com temperaturas próximas a 40ºC — algumas cidades até ultrapassam a marca. Um alerta vermelho de grande perigo foi emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia devido ao fenômeno. Os efeitos dessa quentura são diversos para todos, mas atenção especial deve ser dada às crianças e idosos.
Manter uma boa hidratação e evitar exposições solares em horários com forte incidência de luz solar são recomendações para evitar, dentre outras consequências, queimaduras solares e insolação em caso de crianças, e até hipertermia nos idosos. A ajuda médica deve ser procurada se surgirem sinais de desconforto nesse período.
"Muitas vezes os pais se preocupam com a queimadura solar na pele, mas se esquecem da insolação e da desidratação. Só o filtro solar não é suficiente. As crianças ficam entretidas brincando em praias, piscinas e parques, e esquecem de tomar água e sofrem de insolação", explica a VivaBem Camila Vital Cardoso, pediatra do Hospital Universitário de Brasília.
Ela diz que neste período de calor mais intenso é comum a ida de crianças a pronto-socorros no final do dia. As queixas vão desde enjoo, vômito, fraqueza até respiração e batimentos cardíacos acelerados, febre, dor de cabeça. Casos mais graves podem evoluir com confusão mental e perda da consciência.
Camila chama atenção para a insolação: "É uma condição potencialmente grave e [surge] na exposição solar ou calor intenso quando ocorre uma falha no mecanismo de resfriamento do corpo, a transpiração/sudorese não é suficiente para reduzir a temperatura corporal".
Protetor solar adequado. A profissional salienta a importância de serem usados protetores solares recomendados para cada faixa etária, mantendo a consulta e acompanhamento com o pediatra de forma regular.
Neste forte calor, algumas crianças merecem atenção especial: os recém nascidos e prematuros por não estarem com controle da temperatura corporal totalmente amadurecidos; crianças que têm doenças preexistentes como cardiopatia, doença renal e fazem uso de medicação principalmente diurético; além de pacientes neurodivergentes ou que por alguma razão tenha dificuldade em comunicar-se, por não ingerirem líquidos em quantidades suficientes.
Veja os principais cuidados que os pais e cuidadores devem ter com as crianças nesse período:
Evitar exposições entre 10 e 16 horas
Manter as crianças hidratadas, oferecer muito líquido, hidratar a pele, usar soro fisiológico nasal e colírios lubrificantes.
Usar roupas claras, leves e confortáveis, com tecidos respiráveis.
O uso de blusas com fotoproteção, bonés e chapéus como mecanismo de barreira.
Uso de filtro solar apropriado para idade com fator de proteção maior que 30.
Manter se em locais frescos que tenham ventiladores e ar condicionado, sombra e ambientes arejados.
Atividades e brincadeiras aquáticas (em horários que não sejam de pico) além de banho e compressas frias são boas alternativas nesse período.
Evitar a prática de atividades físicas intensas em locais com sol e calor intenso.
A atenção aos idosos
Terceira idade. Se os cuidados com o corpo e a pele precisam ser redobrados com as crianças — e todos adultos — no calor, o mesmo é necessário com os idosos, que normalmente têm a saúde mais frágil e tendem a sofrer com desidratação e hipertermia — aumento da temperatura corporal devido ao calor. Essa condição pode gerar uma rápida desestabilização do quadro geral de saúde.
Devido ao próprio metabolismo, os idosos tendem a sentir menos sede, mas isso não significa que eles devam beber pouca água. Pelo contrário, beber bastante água é a principal dica para amenizar a sensação térmica e manter o bom funcionamento de todos os órgãos.
Muitos idosos também urinam com frequência, o que contribui para a rápida desidratação. Medicamentos para controle da pressão arterial, por exemplo, contribuem para uma perda efetiva de líquido no organismo, já que são diuréticos.
Além disso, eles também costumam apresentar mais dificuldade em manter o controle da temperatura corporal. Especialistas dizem que geralmente os idosos sentem mais frio e se agasalham mais, mesmo em altas temperaturas, o que acaba contribuindo para que suem mais e eliminem água e sais minerais, abrindo caminho para a desidratação.
Atenção a qualquer sintoma para evitar a evolução de quadros mais graves: dor de cabeça, boca seca e amarga, olhos lacrimejantes podem ser indicativos de problema. Já em níveis críticos, a desidratação pode levar ao comprometimento das funções renais, gerando desequilíbrio de eletrólitos, como sódio e potássio, e diminuição de nível de consciência.
Para não esquecer, por exemplo, de tomar remédios, já existe no mercado alguns aplicativos que oferecem interface simples e permitem tanto que o usuário registre o volume de água ingerido, como programe alarmes para lembrá-lo em intervalos programados. Eles podem ser uma boa opção para saber se o mínimo de água por dia está sendo ingerido.
O recomendado é que sejam ingeridos, em média, dois litros de líquido por dia, cerca de 30 ml por quilo para uma pessoa que pesa 70 kg. Também podem ser consumidos sucos, água de coco, chás e frutas.
Veja algumas dicas que podem ajudar nos cuidados com esse grupo de pessoas nesses dias mais quentes — incluindo no verão:
Siga uma dieta leve e balanceada, evitando alimentos pesados que dificultem a digestão;
Use roupas adequadas para altas temperaturas;
Mantenha ambientes arejados para prevenir a hipertermia;
Use protetor solar e evite exposição ao sol por tempo prolongado;
Tenha cautela nas atividades físicas, avaliando sempre os limites do corpo e priorizando os horários em que a temperatura esteja mais amena.
Fontes: Camila Vital Cardoso, pediatra do Hospital Universitário de Brasília e do canal digital Vida de Crianças.
Ana Catarina Quadrante, geriatra e coordenadora médica da clínica Cora Residencial Sênior, especializada na promoção de saúde, bem-estar e qualidade de vida de idosos.
*Com informações de matéria de VivaBem publicada em 05/12/2020
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